Requalificação da barrinha de Esmoriz avança ao fim de décadas de espera

Obra, orçada em quase três milhões de euros, há muito que era ansiada pela população e autarcas locais. Arranca esta sexta-feira e irá prolongar-se ao longo de cerca de 10 meses

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Prevê-se que venham a ser dragados 272 mil metros cúbicos de sedimentos da lagoa Nelson Garrido

Os municípios de Ovar e Espinho estão prestes a vivenciar “a concretização de um sonho, que já se vinha arrastando há décadas”. As palavras são dos próprios presidentes das câmaras municipais daqueles dois concelhos, Salvador Malheiro (Ovar) e Pinto Moreira (Espinho), a propósito do arranque da obra de requalificação da barrinha de Esmoriz/lagoa de Paramos, previsto para esta sexta-feira. A zona lagunar com quase 400 hectares, com uma parte em Ovar (Esmoriz) e outra em Espinho (Paramos), não tem tido uma história feliz, mas, a correr tudo conforme previsto, no Verão de 2017, deverá tornar-se numa zona lúdica e ambiental de excelência.

A empreitada que agora avançará no terreno, e cujo processo está a cargo do programa Polis Litoral Ria de Aveiro, foi adjudicada por 2,749 milhões de euros (mais IVA). Segundo anunciou a Polis Litoral Ria de Aveiro, a intervenção compreenderá “trabalhos de dragagem, consolidação dunar e reabilitação das estruturas de defesa costeira, requalificação das margens e implementação de percursos pedonais e cicláveis”. Prevê-se que venham a ser dragados 272 mil metros cúbicos de sedimentos da lagoa - material que será, depois, depositado na costa destes dois municípios – entre outras intervenções de reabilitação e requalificação do espaço.

“Acredito muito no projecto que está desenhado e não tenho dúvidas de que, após a obra, iremos ter ali uma importante zona de lazer e de turismo da natureza, com passadiços e postos de observação de aves”, destaca Salvador Malheiro. Sendo natural de Esmoriz, o autarca sabe bem a que se referem todos aqueles que vinham reclamando a necessidade de a barrinha recuperar o brilho de outros tempos, mais concretamente das décadas de 60 e 70 do século passado. “Era ali que tomávamos banho quando éramos miúdos. Aquela zona era fantástica”, recorda o presidente da autarquia ovarense. O que mudou? “A poluição levou a que a barrinha deixasse de ser a zona ex-libris que era”, explica.

A despoluição da área lagunar foi um processo que fez parte das intenções de vários governos. Em Novembro de 2003, recebeu o rótulo de área crítica de recuperação ambiental depois de uma reunião do conselho de ministros e o interesse público das intervenções para eliminar a poluição foi prontamente declarado. “Foi feito um esforço enorme por todos os municípios vizinhos e conseguimos reduzir, em muito, as fontes poluidoras”, congratula-se Salvador Malheiro.

Resolvido o problema da poluição, a palavra de ordem passou a ser, depois, a “requalificação”. A missão passou para a alçada da Polis Litoral Ria de Aveiro em 2008, que assumiu a “elaboração de vários estudos e um procedimento de Avaliação de Impacte Ambiental ao projecto”, especificou a empresa, em comunicado. Um processo que está, assim, prestes a passar das palavras aos actos. “Apetece-me dizer até que enfim!”, declara o presidente da câmara municipal de Espinho, sem deixar de lembrar que o acto público agendado para as 10h00 desta sexta-feira - e que contará com a presença do ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes - “é o corolário de uma batalha que tem décadas e que envolveu não só vários autarcas, mas também movimentos cívicos”.

Também Pinto Moreira se mostra agradado com o projecto desenhado para aquela área lagunar. “Vai tornar aquele espaço num local lúdico aprazível, que terá uma componente  turística que será naturalmente explorada”, argumenta o autarca, ao mesmo tempo que notava que, no seu concelho, já foi feita uma ciclovia de ligação e circundante à lagoa. “O nosso trabalho já foi feito a pensar neste projecto”, sublinha.

Não obstante a requalificação da barrinha de Esmoriz/lagoa de Paramos merecer, da parte de Pinto Moreira, uma reacção de congratulação, há um factor que preocupa o edil de Espinho. “Preocupa-me que não haja, da parte do Governo, um plano para manutenção das obras de defesa da costa que vão sendo feitas e sendo, tanto Ovar como Espinho, áreas tão sensíveis às invasões do mar, temo que também esta obra que agora vai iniciar possa vir a ser prejudicada com a invasão do mar”, alerta Pinto Moreira. Uma preocupação que, certamente, terá oportunidade de transmitir, de viva voz, ao titular da pasta do ambiente, no âmbito da deslocação de João Pedro Matos Fernandes à barrinha de Esmoriz/lagoa de Paramos.

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