PSD quer impedir abate de árvores nas obras da Câmara de Lisboa

"Pedimos à câmara para assumir um compromisso perante os cidadãos que intentará de não proceder a mais nenhum abate", explica Alexandra Barreiras Duarte. Foi o caso do Eixo Central que motivou esta iniciativa.

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O tornado provocou a queda de algumas árvores de grande porte Foto: PÚBLICO

O recente abate de árvores na Avenida Fontes Pereira de Melo e a possibilidade de episódios semelhantes virem a ocorrer nas muitas obras que estão em curso na cidade ou que em breve serão iniciadas levaram o PSD a propor à Câmara de Lisboa a adopção de “medidas cautelares e de carácter urgente” que garantam a protecção do arvoredo da cidade. Na prática, o partido quer “impedir que haja mais abates”.

“Pedimos à câmara para assumir um compromisso perante os cidadãos que intentará de não proceder a mais nenhum abate”, resumiu ao PÚBLICO a vereadora Alexandra Barreiras Duarte. A moção na qual está plasmada essa ideia foi aprovada, por unanimidade, na última reunião da câmara.

Para justificar a necessidade dessa moção, a vereadora do PSD lembra que o Regulamento Municipal do Arvoredo de Lisboa ainda não entrou em vigor, apesar de ter sido aprovado pela câmara há mais de seis meses. A sua convicção é que isso se traduz numa “lacuna na salvaguarda do arvoredo municipal”, que é preciso “colmatar”, através da “antecipação da vigência” de alguns dos aspectos do regulamento.

Em relação ao Eixo Central, Alexandra Barreiras Duarte nota que o pouco que a câmara disse sobre o assunto foi que serão abatidas 15 árvores e plantadas mais de 700. A autarca sublinha que não foram divulgadas quais as “razões” que justificaram esse abate. “Supomos que teve a ver com o curso da obra”, diz, sem certezas.

Mas esta questão, frisa com veemência, “não é numérica”. “As árvores têm uma função, que não é só embelezar a cidade, e uma dimensão”, lembra, notando que as “árvores jovens” que forem agora plantadas na cidade “demorarão décadas a atingir a proporção das que forem retiradas”.

Considerando que “o sistema de arvoredo de Lisboa não desempenha neste momento as suas funções”, Alexandra Barreiras Duarte apela a que haja por parte da maioria na câmara “respeito pela árvore, pela sua dimensão, pelos anos que tem, respeito por todo o sistema de arvoredo, como está previsto no regulamento”.

Tendo em conta as empreitadas que irão realizar-se a breve trecho na cidade, como as da Segunda Circular e de Sete Rios, a vereadora sublinha que “há outras opções” para lá do abate, que só deve ocorrer quando houver “razões técnicas” que o determinem. O transplante dos exemplares em causa para outros locais da cidade é, aponta, uma das alternativas. 

“Espero que na próxima obra em que haja uma árvore que de alguma forma esteja a obstaculizar a obra a câmara se lembre que votou esta moção”, conclui a autarca social-democrata.

Nos últimos dias, também o PCP trouxe para a praça pública a questão do abate de árvores na Avenida Fontes Pereira de Melo, artéria abrangida pela obra de requalificação do chamado eixo central de Lisboa. Na câmara, o partido entregou um requerimento ao presidente Fernando Medina no qual pede esclarecimentos sobre o assunto e defende que esse abate, “que se processou durante a noite, careceu das devidas informações no local”, não sendo conhecido qualquer estudo fitossanitário que o justifique.

Já na Assembleia Municipal de Lisboa, a deputada comunista Ana Páscoa apresentou na última terça-feira uma recomendação à autarquia para que “envide esforços para a manutenção das árvores previstas no Projecto de Requalificação do Eixo Central”. Esse ponto foi aprovado por unanimidade enquanto um outro, no qual se pede ao município “que proceda à elaboração do relatório fitossanitário” e que dele dê conhecimento à assembleia municipal, foi aprovado com a abstenção do PS.  

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