PS de Aldoar indisponível para fazer campanha para as autárquicas no Porto

Militantes sentem-se “marginalizados” relativamente ao processo eleitoral e não deixam críticas à concelhia e à distrital.

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Manuel Pizarro escolheu Nuno Fonseca para Aldoar-Foz-Nevogilde Nelson Garrido

A escolha do candidato do PS à União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde inquinou as relações entre as estruturas dirigentes do partido e a secção de Aldoar, que se queixa de não ter sido envolvida no processo. E há militantes que já anunciaram que não estão disponíveis para fazer campanha nem para a junta, cujo candidato é Nuno Fonseca, nem para a câmara municipal.

Há pouco mais de uma semana, os militantes daquela secção reuniram-se, em assembleia extraordinária, para discutir o processo autárquico e acusaram o presidente da distrital, Manuel Pizarro, e o líder da concelhia, Tiago Barbosa Ribeiro, de os terem “marginalizado” relativamente ao processo autárquico em Aldoar.

Na reunião, o secretário-coordenador da secção, Vitor Arcos, que já foi presidente da Junta de Freguesia de Aldoar, revelou que “há muito que a secção deixou de ser convocada para as reuniões do partido” e Valdemar Luís, um outro militante, comunicou não estar disponível para participar na campanha autárquica. Ao longo da noite, houve mais vozes a dizer que não pretendem juntar-se ao partido para fazer campanha.

Em declarações ao PÚBLICO, Vitor Arcos, lamenta que “ao fim de 42 anos de militância socialista o partido ignore aqueles que estiveram sempre ao lado do PS”. “Eu vou estar fora do processo autárquico”, assume, declarando que “neste processo faltou respeito”. Quiseram impor-nos um candidato, sem primeiro saber o que é que nós pensávamos e isso é algo que fere os princípios que nos levaram a aderir ao PS”, afirmou Vitor Arcos, que foi eleito para a assembleia de freguesia mas, por discordar das orientações do partido, acabou por renunciar no ano passado ao seu lugar. “Pediam-me para não fazer oposição às políticas do executivo para não comprometer a coligação entre o PS e Rui Moreira”, denuncia o ex-presidente da junta.

Contacto pelo PÚBLICO, o presidente da distrital do PS, Manuel Pizarro, que é também candidato à Câmara do Porto, tem uma posição diferente e garante que a escolha recaiu em Nuno Fonseca porque a “secção e Aldoar não se mostrou disponível para apresentar um nome”. Sublinha que no plenário de militantes que o PS convocou para a passada segunda-feira, “eles disseram que não tinham ninguém para candidatar e sugeriram até que fosse a secção da Foz do Douro a indicar o candidato pelo PS à União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde”.

“O candidato à junta foi escolhido de forma consensual por todos os que quiseram participar nessa escolha e a secção de Aldoar não quis indicar nenhum candidato, sugerindo que fosse a secção da Foz do Douro a fazê-lo e foi isso que aconteceu”, acrescenta, notando que o plenário de segunda-feira foi para discutir o processo autárquico”. Manuel Pizarro reconhece que durante o “plenário ouviram-se críticas em relação ao processo autárquico seguido. Mas ninguém se opôs ao candidato”, insiste. A reunião de militantes realizou-se um dia depois de Nuno Fonseca, já na qualidade de candidato á freguesia, ter subido ao palco, no Mosteiro de São Bento da Vitória, na sessão de apresentação da candidatura de Manuel Pizarro ao Porto.

O presidente da distrital do PS-Porto desmente que a secção de Aldoar tenha deixado de ser convocada para as reuniões do partido, declarando que “mesmo depois da secção se ter demitido [na sequência de um despejo judicial], continuou a ser convocada”. Isto porque, explica, a “direcção nacional do PS não aceitou a demissão uma vez que ela foi comunicadas por mail sem que constassem as respectivas assinaturas dos militantes" envolvidos.

A menos de três meses das autárquicas, o PS tenta recompor-se do trambolhão que sofreu quando, no início de Maio, o independente Rui Moreira anunciou que prescindia do apoio do PS nas eleições de Outubro. Os socialistas não estavam preparados para disputar sozinhos as eleições locais no Porto e, de repente, foi preciso preparar a máquina partidária e por em marcha uma candidatura própria e uma campanha eleitoral que vai exigir muita mobilização do partido que, durante quatro anos, esteve incondicionalmente ao lado do independente Rui Moreira.

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