PS acusa Câmara de Beja de dar a Serralves o que não dá às associações locais

Vereador socialista critica protocolo com a fundação, no valor de 100 mil euros, valor idêntico ao que recebem todas as 34 colectividades desportivas do concelho de Beja.

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Câmara de Beja defende as vantagens do protocolo com a Fundação de Serralves Miguel Manso

O vereador do PS Rui Marreiros acusa a Câmara de Beja de querer pagar à Fundação de Serralves cem mil euros para a realização de uma exposição no concelho, quando o movimento associativo local, no desporto e na cultura, se debate com dificuldades  

“Algo vai mal em Beja” observa Rui Marreiros, argumentando que valor que vai ser pago à Fundação de Serralves “é praticamente idêntico ao total do apoio dado pelo executivo CDU ao Programa de Apoio ao Movimento Associativo na área do Desporto”. Durante 2016, a Câmara de Beja distribuiu por 34 clubes do concelho cerca de 115 mil euros, compara o autarca socialista.

O autarca refere que a maioria da CDU alega como justificação para o contrato que pretende celebrar com a Fundação de Serralves a necessidade de “aproximar a arte das populações de todo o país e contribuir para a criação de uma dinâmica cultural descentralizada”. Mas, critica, a intenção de atribuir cem mil euros “de mão beijada” em troca de uma exposição anual ou de outra iniciativa de Serralves no espaço da autarquia “é uma afronta clara” a todas as organizações sem fins lucrativos e demais agentes culturais e desportivos” da cidade e do concelho de Beja.

A autarquia ao pretender oferecer um tal montante à Fundação de Serralves, “está a preterir clubes, associações e demais agentes culturais e desportivos locais”, salienta Rui Marreiros, assumindo que “falta dinheiro em muitos destes agentes culturais e desportivos que servem Beja e os seus munícipes. E dá exemplos: colectividades que pagam do seu bolso, equipamentos de apoio à actividade desportiva em várias modalidades amadoras, instrumentos musicais, pequenas reparações em instalações, deslocações, apoio para a realização de exposições ou outras iniciativas de artistas locais. 

O executivo da CDU explicou em comunicado que o “acordo de incidência cultural com a Fundação de Serralves é muito mais do que se insinua e integra uma perspectiva de promoção de exposições e iniciativas de elevada qualidade em Beja”. A Câmara de Beja argumenta, ainda, que os seus opositores comparam questões que “nada têm a ver umas com as outras”, e garante que o movimento associativo, desportivo e cultural e artístico “merece grande atenção e estão a consolidar-se linhas de apoio e de trabalho em conjunto com um maior envolvimento de todos”. O mesmo “não aconteceu no anterior mandato”, de maioria socialista, insiste o município.

O PS viu chumbada na câmara a sua proposta de canalização para “actividades semelhantes, mas dinamizada por agentes locais”, dos cem mil euros que se destinam a Serralves - instituição cujo valor não pretendem pôr em causa, frisa o vereador socialista. Agora, esperam que na Assembleia Municipal de Beja seja possível demover a CDU, que tem a maioria absoluta de votos, de levar esta decisão até ao fim.

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