Porto e Gaia na rota das novas linhas do metro

Ministro do Ambiente só anuncia futuros investimentos na rede a 7 de Fevereiro mas estudo aponta para ligações nos dois concelhos mais populosos.

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Depois da extensão a Santo Ovídio, em 2011, o metro deve voltar a ter obras em 2018 Lara Jacinto

Os cerca de 280 milhões de euros disponíveis para investimento na rede do metro do Porto vão ser alocados para a extensão da linha D (Amarela) de Santo Ovídio a Vila D’Este, com passagem pelo Hospital de Gaia, e para a construção de uma ligação entre as estações de São Bento e Casa da Música, servindo o Hospital de Santo António. A decisão já está tomada, mas só será revelada a 7 de Fevereiro pelo ministro do Ambiente, que tutela os transportes.

O ministério tem-se escusado a comentar as várias notícias que têm sido publicadas sobre o futuro do metro, mas esta segunda-feira, após a divulgação de uma nova proposta de traçado para uma segunda ligação a Gondomar, o ministro, citado pela Lusa, foi claro, repetindo aliás, o que vem dizendo sobre o assunto. "As razões da evolução da rede do Metro do Porto são claras, objectivas. Naturalmente que tendo [o tema] impacto forte no território tem de ser discutido com as autarquias, mas, com o devido respeito, [as decisões] não partem de vontades, partem de um estudo que foi feito", disse Matos Fernandes aos jornalistas.

O estudo pedido pela administração da Metro do Porto ao Centro de Investigação do Território, Transportes e Ambiente (CITTA) da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto/ Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra analisou as várias linhas que haviam sido propostas aquando da definição da segunda fase da rede, em 2008. O objectivo, agora, era perceber quais das várias soluções da equipa então liderada pelo investigador Paulo Pinho se adequam, no binómio Investimento/procura aos condicionalismos actuais.

O principal condicionamento, neste momento, é o dinheiro disponível. Para já o Governo só tem as verbas do Plano Juncker. E, face às indicações do trabalho do CITTA, perante este constrangimento, a aposta vai recair na extensão da linha de Gaia e na construção de uma parte da designada linha Ocidental – que ligaria a Baixa do Porto a Matosinhos, via Campo Alegre, servindo a zona entre São Bento e a Casa da Música, criando um pequena circular entre a Linha D (Amarela) e o tronco comum das linhas A, B,C e E, que derivam para Matosinhos, Póvoa de Varzim, Maia e Aeroporto.

As duas soluções foram discutidas e consensualizadas com os respectivos municípios há bastante tempo, na busca de ajustes que pudessem torná-las menos dispendiosas. Gaia, por exemplo, tinha apresentado há um ano e meio uma proposta que acabou por não ser exactamente a que o metro tem em ante-projecto, mas viu resolvidos, na solução que será levada por diante, alguns problemas, como o facto de a solução anterior não prever a efectiva entrada do metro na zona de Vila D’Este, uma cidade dentro da cidade, com os seus 17 mil habitantes.      

Pelo que o PÚBLICO conseguiu apurar, as duas obras custam 140 milhões de euros, no Porto, e 120 milhões em Gaia, e, sendo assim, não vão absorver os 280 milhões de euros disponibilizados. Mas, sendo esse o caso, o restante nunca daria para a inclusão de uma terceira linha nesta fase. Embora não faltem candidatos. No fim-de-semana, o Jornal de Notícias divulgou um novo traçado para a segunda linha em Gondomar – ligando o Estádio do Dragão ao centro do concelho, em São Cosme – num investimento de 110 milhões de euros, mais barata do que a proposta anterior, e analisada pelo CITTA, que custava 202 milhões e não ficou no topo das “prioridades”.

O novo desenho foi elaborado pela Tremno, a consultora de Álvaro Costa, também docente da FEUP, a pedido da câmara. E em declarações àquele jornal o autarca Marco Martins insistia nas vantagens da mesma para o sistema, em termos de procura e serviço à área oriental do Porto. O socialista continua também a recordar que Gondomar foi o único dos municípios servidos pelo metro em que este meio de transporte não chega à sede do concelho, uma injustiça que quer ver “corrigida”.

Marco Martins é administrador não executivo da Metro, em representação da Área Metropolitana do Porto (AMP). Mas este cargo não dará qualquer vantagem a Gondomar pois os autarcas da AMP assumiram que aceitariam qualquer decisão da tutela e da empresa que fosse baseada no estudo encomendado ao CITTA e este aponta claramente à extensão para Gaia e à linha São Bento-Casa da Música, pelos factores já explicados.  

Curiosamente, na reunião ordinária desta próxima sexta-feira, que antecede a visita do ministro ao Porto de 7 de Fevereiro, o metro não está na agenda do Conselho Metropolitano do Porto. Após a renúncia de Hermínio Loureiro à liderança da Câmara de Oliveira de Azeméis – e aos cargos políticos que ocupava por inerência dessa função - os autarcas vão eleger um novo presidente, Emídio Sousa, da Feira. Em todo o caso, a Área Metropolitana, enquanto accionista minoritário da Metro, deverá proximamente tomar uma posição sobre este investimento, depois de tanto exigir que ele fosse realizado e das críticas feitas aos Governos anteriores pela paralização dos planos de expansão da rede. 

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