Porto e Gaia na rota das novas linhas do metro
Ministro do Ambiente só anuncia futuros investimentos na rede a 7 de Fevereiro mas estudo aponta para ligações nos dois concelhos mais populosos.
Os cerca de 280 milhões de euros disponíveis para investimento na rede do metro do Porto vão ser alocados para a extensão da linha D (Amarela) de Santo Ovídio a Vila D’Este, com passagem pelo Hospital de Gaia, e para a construção de uma ligação entre as estações de São Bento e Casa da Música, servindo o Hospital de Santo António. A decisão já está tomada, mas só será revelada a 7 de Fevereiro pelo ministro do Ambiente, que tutela os transportes.
O ministério tem-se escusado a comentar as várias notícias que têm sido publicadas sobre o futuro do metro, mas esta segunda-feira, após a divulgação de uma nova proposta de traçado para uma segunda ligação a Gondomar, o ministro, citado pela Lusa, foi claro, repetindo aliás, o que vem dizendo sobre o assunto. "As razões da evolução da rede do Metro do Porto são claras, objectivas. Naturalmente que tendo [o tema] impacto forte no território tem de ser discutido com as autarquias, mas, com o devido respeito, [as decisões] não partem de vontades, partem de um estudo que foi feito", disse Matos Fernandes aos jornalistas.
O estudo pedido pela administração da Metro do Porto ao Centro de Investigação do Território, Transportes e Ambiente (CITTA) da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto/ Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra analisou as várias linhas que haviam sido propostas aquando da definição da segunda fase da rede, em 2008. O objectivo, agora, era perceber quais das várias soluções da equipa então liderada pelo investigador Paulo Pinho se adequam, no binómio Investimento/procura aos condicionalismos actuais.
O principal condicionamento, neste momento, é o dinheiro disponível. Para já o Governo só tem as verbas do Plano Juncker. E, face às indicações do trabalho do CITTA, perante este constrangimento, a aposta vai recair na extensão da linha de Gaia e na construção de uma parte da designada linha Ocidental – que ligaria a Baixa do Porto a Matosinhos, via Campo Alegre, servindo a zona entre São Bento e a Casa da Música, criando um pequena circular entre a Linha D (Amarela) e o tronco comum das linhas A, B,C e E, que derivam para Matosinhos, Póvoa de Varzim, Maia e Aeroporto.
As duas soluções foram discutidas e consensualizadas com os respectivos municípios há bastante tempo, na busca de ajustes que pudessem torná-las menos dispendiosas. Gaia, por exemplo, tinha apresentado há um ano e meio uma proposta que acabou por não ser exactamente a que o metro tem em ante-projecto, mas viu resolvidos, na solução que será levada por diante, alguns problemas, como o facto de a solução anterior não prever a efectiva entrada do metro na zona de Vila D’Este, uma cidade dentro da cidade, com os seus 17 mil habitantes.
Pelo que o PÚBLICO conseguiu apurar, as duas obras custam 140 milhões de euros, no Porto, e 120 milhões em Gaia, e, sendo assim, não vão absorver os 280 milhões de euros disponibilizados. Mas, sendo esse o caso, o restante nunca daria para a inclusão de uma terceira linha nesta fase. Embora não faltem candidatos. No fim-de-semana, o Jornal de Notícias divulgou um novo traçado para a segunda linha em Gondomar – ligando o Estádio do Dragão ao centro do concelho, em São Cosme – num investimento de 110 milhões de euros, mais barata do que a proposta anterior, e analisada pelo CITTA, que custava 202 milhões e não ficou no topo das “prioridades”.
O novo desenho foi elaborado pela Tremno, a consultora de Álvaro Costa, também docente da FEUP, a pedido da câmara. E em declarações àquele jornal o autarca Marco Martins insistia nas vantagens da mesma para o sistema, em termos de procura e serviço à área oriental do Porto. O socialista continua também a recordar que Gondomar foi o único dos municípios servidos pelo metro em que este meio de transporte não chega à sede do concelho, uma injustiça que quer ver “corrigida”.
Marco Martins é administrador não executivo da Metro, em representação da Área Metropolitana do Porto (AMP). Mas este cargo não dará qualquer vantagem a Gondomar pois os autarcas da AMP assumiram que aceitariam qualquer decisão da tutela e da empresa que fosse baseada no estudo encomendado ao CITTA e este aponta claramente à extensão para Gaia e à linha São Bento-Casa da Música, pelos factores já explicados.
Curiosamente, na reunião ordinária desta próxima sexta-feira, que antecede a visita do ministro ao Porto de 7 de Fevereiro, o metro não está na agenda do Conselho Metropolitano do Porto. Após a renúncia de Hermínio Loureiro à liderança da Câmara de Oliveira de Azeméis – e aos cargos políticos que ocupava por inerência dessa função - os autarcas vão eleger um novo presidente, Emídio Sousa, da Feira. Em todo o caso, a Área Metropolitana, enquanto accionista minoritário da Metro, deverá proximamente tomar uma posição sobre este investimento, depois de tanto exigir que ele fosse realizado e das críticas feitas aos Governos anteriores pela paralização dos planos de expansão da rede.