Pombal contraceptivo combate mortes com gás

Depois do milho contraceptivo dado bico a bico se ter revelado um método ineficaz, é a vez de testar o pombal contraceptivo, já utilizado noutros países. O vice-presidente da Câmara de Lisboa acredita que “este é o projecto em que há mais esperança”

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"Além de ter vantagens higiénicas, também mantém os pombos saudáveis", expica Inês Drummond, presidente da junta de Benfica,
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O milho contraceptivo dado bico a bico foi um método fracassado
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Este projecto foi um vencedor do OP de 2015

Controlar a população de pombos não é uma vontade de agora, mas fazê-lo de uma forma ética e saudável não tem sido uma prática bem-sucedida em Portugal. O momento de mudança chegou e, esta quinta-feira, foi inaugurado, e está já em funcionamento, o primeiro pombal contraceptivo de Lisboa que ficará no Parque Silva Porto, em Benfica.

O processo é simples e não maltrata o pombo: as aves são atraídas para o pombal, porque têm água, sombra e alimento, fazem os ninhos nestas estruturas e depois os ovos, ao segundo ou terceiro dia de postura, são substituídos por ovos de plástico, prevenindo assim mais nascimentos.

Quanto aos ovos postos pelos animais, “serão guardados em frigoríficos ou congeladores e mais tarde eventualmente destruídos. É de salientar que estes ovos com tão pouco tempo ainda não têm embrião”, explica Dina Henriques, voluntária no pombal de Benfica.

A coordenadora dos cinco voluntários do pombal, que vão trabalhar em regime pós-laboral, Joana Antunes, esclareceu o que os leva a colaborarem com este projecto: “O que nos move é o fim do massacre aos pombos e das capturas urbanas com canhões de rede [e gaseados] como faz a Câmara de Lisboa” e acrescenta “é por isso que vamos ser o mais empenhados possível”. 

O vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa concordou com a voluntária: “Sabemos que esse método não é consentâneo com uma cidade moderna, por isso queremos que este projecto seja um sucesso”. E adiantou "Este é o projecto em que há mais esperança para conseguir uma boa relação entre pombos e humanos"

Apesar de ser financiado pela Câmara Municipal de Lisboa e do vice-presidente, Duarte Cordeiro, garantir que “não há limite de orçamento para a implementação deste projectos nas outras freguesias”, é em voluntários e na vontade das juntas que o sistema se sustenta. “É fundamental esse apoio para alargar a rede e acabar com as práticas violentas para os animais”, declara Duarte Cordeiro, que também é responsável pelo pelouro da Higiene Urbana.

O partido Pessoas, Animais, Natureza (PAN) já tinha proposto esta ideia na Assembleia Municipal, em 2015, mas foi depois de ser projecto vencedor do Orçamento Participativo do mesmo ano que a iniciativa ganhou asas. Foi atribuído um orçamento de 20 mil euros para adaptar a infra-estrutura e garantir electricidade e ração durante tempo indeterminado.

Este projecto-piloto em Benfica vai ser estendido a mais sete freguesias até ao final do ano, nomeadamente Alcântara, Alvalade, Arroios, Carnide, Lumiar, Olivais e Penha de França. O papel das autarquias é de suporte, como a vigilância frequente e a segurança.  

O sistema está implementado na Alemanha desde 1997, e hoje em dia já funciona em mais de 70 cidades do país. França também não demorou muito tempo a replicar o projecto: em 1995, foi instalado o primeiro pombal contraceptivo em Chatillon e actualmente já conta com bastantes mais, nomeadamente em Paris. A Holanda, a Bélgica e agora Portugal são mais alguns países que seguiram a tendência.

Texto editado por Ana Fernandes

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