Plataforma exige medidas em estrada onde morreram mais de 30 pessoas em 16 anos

Troço da EN 3 entre Azambuja e o Carregado é utilizado por milhares de camiões de grupos de distribuição

Um grupo de cidadãos de Azambuja organizou-se para reclamar medidas de fundo da Infraestruturas de Portugal que reduzam a sinistralidade grave que se verifica no troço da Estrada Nacional 3 (EN 3) que liga esta vila ao Carregado. A “Plataforma EN 3” apresentou publicamente, esta terça-feira, as suas preocupações e objectivos e já lançou uma petição para levar o assunto a discussão em plenário da Assembleia da República. Em poucos dias, a petição reuniu já 561 subscritores, dos 4000 necessários para a discussão em plenário parlamentar.

A Câmara Municipal de Azambuja também já manifestou o seu apoio aos objectivos da “Plataforma EN 3”, que conta entre os seus membros com responsáveis da Associação de Bombeiros Voluntários azambujense. De acordo com esta plataforma, o troço da EN 3 entre Azambuja e o Carregado, com cerca de 10 quilómetros de extensão, “tornou-se numa das estradas de maior movimento e sinistralidade do país”, ao ponto de entre 2000 e 2015 ali se terem verificado, só na parte da estrada situada no concelho de Azambuja (a maior, com cerca de 8 quilómetros), 457 acidentes de que resultaram 30 mortos, 67 feridos graves e 533 feridos ligeiros. Já em 2016, o PÚBLICO sabe que já se verificaram pelo menos mais duas mortes naquela via.

A “Plataforma EN 3” sublinha que este troço entre Azambuja e o nó do Carregado, que dá acesso à Auto-estrada do Norte (A 1), à Ponte da Lezíria e à Auto-Estrada Nº. 10 (Bucelas-Carregado), transformou-se, nas últimas duas décadas, numa das “maiores plataformas logísticas na área do abastecimento”. Ali funcionam grandes centros de distribuição dos sectores alimentar e automóvel e muitas empresas de serviços e logística. Este troço da EN 3 foi beneficiado com algumas rotundas, mas não tem faixas de ultrapassagem e a iluminação é muito deficiente, o que contribui também para o elevado índice de sinistralidade. 

“Tudo isto tem acontecido sem qualquer intervenção da administração central. É tempo de agirmos. É tempo de evitarmos que mais vidas sejam ceifadas”, sustenta a petição, também disponível na Internet, considerando que “é tempo de obrigar o Estado português a concretizar o compromisso assinado entre o primeiro-ministro (então José Sócrates) e o presidente da Câmara de Azambuja na altura da negociação das contrapartidas da Ota”. Nessa altura, há cerca de oito anos, o pacote de compensações pela mudança da localização prevista para o novo aeroporto contemplava um projecto de fundo de requalificação deste troço da EN 3, que nunca avançou. Agora, os membros da “Plataforma EN 3” exigem a execução dessa intervenção “prometida e não cumprida” e prometem fazer chegar essas preocupações aos ministérios, ao primeiro-ministro, aos presidentes da República e da Assembleia da República e aos grupos parlamentares.

Já ontem, a Câmara de Azambuja anunciou que se associa ao movimento cívico “Plataforma EN 3”, porque concorda com este objectivo de tentar “travar a crescente sinistralidade na Estrada Nacional 3 e a trágica perda de vidas humanas que se vem acumulando, exigindo da administração central uma rápida intervenção naquela via, nomeadamente no troço Azambuja/Nó da A 1-Carregado”, acrescenta a autarquia.

Entre os fundadores da “Plataforma EN 3” contam-se Joaquim Ramos (presidente da Câmara quando foi assinado o acordo para o pacote de compensações da Ota com José Sócrates) e André Salema (presidente da direcção dos Bombeiros de Azambuja).

O PÚBLICO procurou obter mais esclarecimentos junto da Infraestruturas de Portugal mas não teve resposta.


 

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