Pilaretes da EMEL no Bairro Alto causam danos em veículos

Versão de uma das moradoras afectadas contradiz versão da empresa municipal. EMEL garante os incidentes com carros são provocados pela passagem em simultâneo de motociclos ou por “falta de atenção e cautela dos condutores".

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João Henriques
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A 20 de Dezembro, Cláudia Pereira ia a sair de carro do Bairro Alto, onde mora, pela Travessa da Cara, em Lisboa. Passou o cartão de residente no leitor da Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento (EMEL) junto aos pilaretes de acesso ao bairro histórico. Recebeu luz verde para passar e avançou. Não sem antes o pilarete se ter levantado e danificar o carter do veículo.

“Passou-se o mesmo com outro condutor a 29 de Dezembro. Este tipo de incidentes tem acontecido recorrentemente com outros moradores”, adiantou Cláudia Pereira, de 38 anos. Também em Alfama, há relatos semelhantes. A moradora acusa a empresa municipal de ter instalado um sistema “arbitrário”, que “não funciona”, e de não responder de forma “rápida e eficaz” perante estes episódios.

A EMEL confirmou os dois incidentes, mas as causas apontadas diferem da versão da moradora. Fonte da empresa garante que ambos os incidentes foram provocados “por um motociclo que accionou o sensor quando a viatura iniciava a marcha”. A empresa esclareceu que  o sistema “reage a massas metálicas em movimento”, o que faz com que o sensor receba a indicação de que o carro já passou o pórtico quando um motociclo “aproveita o momento para passar em simultâneo”.

“Posso garantir que não passou ninguém no dia 29 quando vi o carro à minha frente ser atingido pelo pilarete”, garante Cláudia. A condutora diz não se recordar, no entanto, se algum veículo passou à sua frente quando se deu o incidente com o seu carro, a 20 de Dezembro. “A justificação da EMEL é frívola porque não justifica o que aconteceu”, acrescentou.

A moradora expôs, após o incidente, a situação à EMEL, tendo recebido uma resposta três semanas depois, a 10 de Janeiro. Cláudia afirma ter feito “dezenas de contactos por email, por telefone e no balcão” e nunca ter sido informada das causas do incidente. Fonte da EMEL justifica o atraso na resposta pela necessidade de cumprir uma “série de etapas obrigatórias, que podem parecer mais demoradas do que seria desejável.”

A mesma fonte explicou que a empresa assume a responsabilidade dos danos sempre que as causas não são atribuídas a “nenhuma anomalia do sistema, nem à utilização incorrecta do condutor”. Apesar de ser apresentado como um caso de “interferência de terceiros”, nestes dois casos a seguradora da empresa recusou o pagamento dos danos. A empresa municipal aprovou, por isso, uma proposta para que “os lesados sejam devidamente ressarcidos em situações similares” pela própria EMEL.

Cláudia tem agora que apresentar a factura do arranjo do seu veículo e esperar pelo reembolso da empresa municipal, situação que considera “muito injusta”: “Eu tenho que pedir dinheiro emprestado para pagar na oficina e só depois posso apresentar a factura e ser reembolsada”. A seguradora avaliou os danos no veículo em cerca de mil euros.

“O sistema é arbitrário”

A EMEL salienta a necessidade de “sensibilizar os condutores de motociclos, bicicletas e outros de dimensões suficientemente reduzidas” para que não passem ao mesmo tempo que os automóveis, “ultrapassando-os e provocando a antecipação da subida do pilarete retráctil.”

Cláudia Pereira recusa a versão da empresa municipal: “O sistema é arbitrário. Por vezes o pilarete baixa sem se apresentar o cartão, e a viaturas com ou sem dístico, residentes ou não, e noutras situações exige o cartão.” A moradora defende que o sistema não funciona de forma igual nos vários locais que possuem este sistema de controlo de entradas e saídas de automóveis dos bairros históricos de Lisboa.

A EMEL contrapõe afirmando que o sistema apenas pode ser controlado remotamente pela equipa operacional. “Numa fase anterior de funcionamento do sistema era possível aos residentes solicitarem um meio de activação remoto para abrirem o 'pilarete' aos seus visitantes. Hoje não existe essa possibilidade”, garante fonte da empresa. Apenas a subida do pilarete é automática após a passagem do veículo “e não tem controlo remoto.”

Segundo a empresa municipal, estes dois casos são, no entanto, uma excepção. A maior parte dos incidentes na entrada ou saída dos bairros históricos são provocados pela “falta de atenção e cautela por parte dos condutores, que muitas vezes se esquecem da existência dos pilares e não param no sinal de STOP”, referiu a empresa, acrescentando que é através das câmaras de vigilância existentes nestes locais que são averiguadas as causas dos incidentes.

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