Pavilhão Rosa Mota vai conseguir ficar totalmente às escuras em 2019

Obra deverá começar em Outubro e vai custar oito milhões de euros ao consórcio Porto Cem Por Cento Porto, que venceu a concurso para a requalificação e exploração do edifício. O interior será completamente novo.

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Vai ser possível vedar a passagem de luz das aberturas na cúpula do edifício Paulo Pimenta

Está a ver as aberturas circulares da cúpula do Pavilhão Rosa Mota, no Porto? Quando o edifício estiver reabilitado – o que está previsto para Maio de 2019 – cada uma dessas pequenas janelas vai estar munida de um mecanismo que permitirá “fechá-las”, impedindo a passagem da luz para o interior. Esta é uma das novidades que o consórcio Porto Cem Por Cento Porto pretende introduzir no futuro Rosa Mota, cuja abertura está prevista para Maio de 2019.

Filipe Azevedo, representante da Lúcios no consórcio que inclui ainda a PEV Entertainment e a Oliveira Santos Consultores, explicou, na manhã desta quarta-feira, que a possibilidade de abrir ou fechar a passagem de luz das pequenas esferas da cúpula em nada interferirá com a imagem exterior do edifício desenhado pelo arquitecto Carlos Loureiro e inaugurado em 1952. E, disse ainda, por se tratar de uma “questão técnica”, o projectista original do edifício também não foi informado desta alteração. “A luz prejudica alguns eventos, por isso tivemos que introduzir este mecanismo. Tínhamos que encontrar uma forma para que, em determinados eventos, as abertura estarem fechadas”, disse o empresário, durante a apresentação do projecto. “Isto também estava previsto no projecto [de reabilitação] do arquitecto Carlos Loureiro [de 2009]”, afirmou ainda o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira.

O futuro Rosa Mota, cuja reabilitação vai custar ao consórcio oito milhões de euros, vai munir o pavilhão de um interior completamente novo. Todas as bancadas serão retiradas, para serem substituídas por novas, distribuídas por quatro anéis e rebatíveis. O piso abaixo do espaço principal verá nascer salas de apoio a congressos, uma área de restauração e outros espaços de apoio, como camarins ou vestiários. Tudo para que o pavilhão, que será totalmente climatizado, possa transformar-se num verdadeiro multiusos.

O consórcio apresentou um conjunto de simulações, demonstrando a versatilidade do espaço, consoante o evento que lá se organize, e a respectiva lotação. Sendo certo que a sala principal terá uma capacidade máxima de cerca de 4730 lugares no caso de acolher um congresso, de 5580 se falarmos de um evento desportivo e de 8660 se o que estiver em causa for um concerto. Mas, tudo isto varia também. A localização do palco, no caso de um concerto, pode fazer variar a lotação (para menos capacidade) e, no caso de congressos, há que ter em conta a existência de três salas de apoio no Piso 0 (abaixo do principal), que oferecem, em conjunto, mais cerca de 1375 lugares.

O projecto está ainda nos serviços da Câmara do Porto, à espera do licenciamento final, e aguarda também pelos necessários pareceres externos, para que a obra possa avançar. Filipe Azevedo explicou que os trabalhos devem começar em Outubro e que, quando estiverem concluídos, o pavilhão estará munido “das mais modernas e recentes tecnologias que existem, a todos os níveis”, incluindo a nível acústico, uma das áreas de resolução “mais complicada”, admitiu. O objectivo, disse, é que o Rosa Mota não seja um espaço de eventos esporádicos. “Queremos dar-lhe a maior vida possível. Gostávamos que o pavilhão tivesse vida todos os dias”, disse.

Também Jorge Silva, da PEV Entertainment, realçou a importância do edifício rodeado pelos jardins do Palácio de Cristal – nos quais o consórcio não irá tocar –, defendendo que ele deverá ser “a sala de referência que o Porto merece e de que Portugal precisa”. “Nas imediações há ruas com muita apetência cultural, como a de Miguel Bombarda ou do Rosário, e que vêm desaguar ao Palácio de Cristal. Queremos que ele seja o ponto de ligação da Baixa portuense”, disse.

Rui Moreira lembrou as “inúmeras vicissitudes” que acompanharam o processo de reabilitação do Pavilhão Rosa Mota, mas garantiu estar satisfeito com o desfecho. “Queríamos um multiusos, que resolvesse um conjunto de deficiências que há na cidade. O Porto é muito atraente para congressos, mas a Alfândega não chega”, disse o autarca, realçando também a capacidade de o Rosa Mota poder transformar-se num “pavilhão desportivo” ou em sala de concertos. As perspectivas para a centralidade pretendida pelo consórcio também são boas, defendeu o presidente da Câmara do Porto, lembrando que está em marcha o processo para instalar “ligações suaves entre este equipamento e a Alfândega” e que a Metro do Porto está a estudar a futura Linha Rosa com “duas estações” nas proximidades do Palácio de Cristal.

A reabilitação do Pavilhão Rosa Mota chegou a ser entregue a Carlos Loureiro, durante os mandatos de Rui Rio, mas a proposta inicial do arquitecto foi mal recebida pela cidade, uma vez que implicava a construção de um novo edifício que iria afectar os jardins e o lago do Palácio de Cristal. O projecto ainda seria refeito, mas a câmara acabaria por abandonar o processo de reabilitação, alegando indisponibilidade financeira.

Rui Moreira acabaria por lançar um concurso público para a requalificação e exploração do pavilhão, que acabou nos tribunais. O consórcio que agora vai requalificar o pavilhão é um dos dois concorrentes que, inicialmente, tinham sido excluídos pelo júri do concurso, sem que este avaliasse sequer as propostas, por considerar que elas não cumpriam os requisitos exigidos no caderno de encargos. 

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