Os "irredutíveis do Campo Grande" conseguiram salvar 20 das 28 árvores a abater

O cordão humano que se formou em frente da Câmara de Lisboa surtiu efeito: os manifestantes foram ouvidos pelo vereador do Urbanismo e conseguiram chegar a um acordo que salvará quase a totalidade as árvores que iam ser derrubadas.

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A manifestação em forma de cordão humano, promovida por residentes do Campo Grande, Fórum Cidadania LX e a Plataforma em Defesa das Árvores em frente das instalações da autarquia nesta zona, alcançou parte do que pretendia: impedir o abate de 28 árvores. Agora, só vão ser cortadas três e transplantadas cinco.

Segundo Duarte Raposo Magalhães, um dos organizadores, mais de 50 pessoas juntaram-se na zona de Entrecampos durante perto de três horas – entre as 8h e 10h45 – para impedir o derrube das árvores no espaço que virá a ser um parque de estacionamento.

O morador contou que, quando os primeiros residentes chegaram ao local, já lá se encontravam membros de várias associações, entre elas o Fórum Cidadania LX, a Plataforma de Defesa das Árvores “e muitas organizações adjuntas delas, até uma ligada à preservação do Jardim Botânico de Lisboa”. As associações faziam-se acompanhar por um cartaz com a legenda “Esta árvore é para abater”, que colocaram em frente de vários troncos. Os moradores, que foram chegando entretanto, também trouxeram os seus. “Os nossos diziam ‘Não ao abate das árvores’, num fundo do mesmo tom de verde da câmara, e assinámos ‘Os irredutíveis do Campo Grande’. Sabe, como os irredutíveis gauleses do Astérix e Obélix, que eram irredutíveis contra os romanos? Nós somos irredutíveis pelas árvores.”

Perto das 9h30h da manhã, as associações e os manifestantes solicitaram uma reunião com o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado. “Quando entrámos na câmara, não estava ninguém para nos atender, mas dissemos que não iríamos desistir. Nem dez minutos depois, o vereador já nos podia receber.”

Manuel Salgado disse à agência Lusa que o projecto de remodelação da área vai ser revisto. “Com essa revisão, reduziu-se drasticamente o número de árvores a abater e a transplantar. Eram 28 no total e ficaram três árvores para abater e cinco para serem transplantadas.” Quanto ao desejo expresso pelos manifestantes de que as árvores transplantadas ficassem naquela zona da cidade, o vereador admitiu que iria "ponderar essa hipótese".

Contudo, Duarte Raposo Magalhães não acredita que as árvores fiquem no local de origem: “Se os senhores estão a pensar plantar mais uma data de árvores [no jardim], porque é que aquelas que estão a pensar transplantar não as transplantam para aqui? Não precisamos de raminhos e pauzinhos, precisamos de árvores adultas, que façam as funções necessárias: drenagem das águas, filtragem das poeiras, oxigenação do ar, etc. Mas o vereador não aceitou.” Assim como não aceitou outra das reivindicações dos manifestantes: “O senhor vereador disse que se poupavam as árvores, mas não o jardim. Mas nós não queremos um parque de estacionamento em que os carros fiquem metidos pelo meio das árvores. Queremos um jardim como deve ser.”

Texto editado por Ana Fernandes

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