Oposição critica falta de manutenção dos equipamentos em Lisboa

A derrocada na Graça, o buraco na Avenida de Ceuta e agora o viaduto de Alcântara. A oposição camarária não tem dúvidas em dizer que o executivo prefere as obras que dão visibilidade em prejuízo das obras necessárias.

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LUSA/NUNO FOX

Os vereadores do PSD e do PCP na Câmara Municipal de Lisboa afirmaram nesta quarta-feira que o desvio num pilar do viaduto de Alcântara é responsabilidade da maioria socialista, porque resulta "da falta de investimento na manutenção da cidade". Já o CDS tem dúvidas sobre a explicação avançada pelo vereador do Urbanismo sobre um acidente com um camião durante a noite, o que terá provocado danos na estrutura.

"Estou muito preocupado com o que começa a estar visível na cidade relativamente às consequências da falta de investimento na sua manutenção", disse o vereador António Prôa (PSD), em declarações à agência Lusa.

Para o autarca, "continua por fazer a obra mais importante para a segurança da cidade e dos lisboetas, que é o plano de drenagem, e que está adiado há mais de 10 anos por esta maioria". "O actual executivo não quis investir porque prefere investir na obra que é mais visível e torna a cidade mais bonita", criticou.

António Prôa questionou também "qual tem sido o trabalho de verificação e inspecção das condições de segurança das infra-estruturas de Lisboa", uma vez que, "aparentemente, não tem sido feito o suficiente".

"Se houvesse esse investimento, não acontecia o que aconteceu na avenida de Ceuta, na Damasceno Monteiro, e isso deixa-nos a pensar qual será a próxima infra-estrutura da cidade a colapsar", observou.

O social-democrata criticou também a actuação do presidente da Câmara, Fernando Medina, "que mais uma vez não deu a cara".

Opinião semelhante tem o vereador comunista Carlos Moura, que considerou que "parecem multiplicar-se na cidade as situações em que faltou o cuidado e a observação do que poderia levantar risco".

Para o PCP, a câmara "está a fazer muitas obras que eram necessárias, sim, mas que eram maioritariamente visíveis. As que não são tão visíveis ficaram para trás e estão a dar problemas".

Dando o exemplo de situações ocorridas nos últimos tempos (como o abatimento do piso na Avenida de Ceuta ou o muro que colapsou na Graça e afectou vários prédios na rua Damasceno Monteiro), Carlos Moura apontou que estas ocorrências "deveriam estar bastante bem monitorizadas por se saber que tinham riscos associados e, de certa forma, foram descuradas".

Dúvidas do CDS

Por seu lado, o CDS-PP  "estranha" que a informação de que tenha havido um acidente com um pesado no viaduto de Alcântara tenha surgido depois da primeira declaração do município sobre o desvio num dos pilares.

"Fiquei com dúvidas quando ouvi às 09h00 uma declaração e às 11h00 outra", afirmou João Gonçalves Pereira aos jornalistas, esclarecendo assim a sua visita ao local, que teve como objectivo avaliar a situação com os seus próprios olhos.

João Gonçalves observou que as primeiras declarações prestadas no local pelo vereador da Protecção Civil, Carlos Castro, "não falavam em acidente nenhum", considerando ser "estranho que o vereador não tivesse essa informação".

"Do que pude constatar não há indícios de grandes batidas" no pilar, observou Gonçalves Pereira, acrescentando não querer "fazer um juízo de valor sobre esta matéria", mas sim "ser factual".

O vereador centrista espera que esta situação seja discutida na quinta-feira, na reunião privada do executivo municipal, e que o presidente da Câmara Municipal de maioria socialista, Fernando Medina, forneça "todos os elementos, designadamente em relação ao acidente".

"O que tenho que exigir é que haja segurança e que as pessoas possam estar tranquilas", defendeu, acrescentando que, nesse sentido, "é importante que os elementos sejam fornecidos", nomeadamente "o relatório da polícia que deve existir relativamente ao alegado acidente do camião", assim como a "avaliação que os próprios técnicos estão a fazer no local" e o relatório da inspecção.

Questionado sobre se está na hora de o município pensar numa nova ligação nesta zona, Gonçalves Pereira lembrou que "este viaduto já leva alguns anos e era provisório".

Um desvio num dos pilares do viaduto de Alcântara (que passa por cima das avenidas Brasília e da Índia, entre a Avenida de Ceuta e as Docas) provocou o corte do trânsito naquela zona esta manhã, e levou à paragem da circulação dos comboios, entretanto retomada.

Esta estrutura, que nasceu como uma solução provisória, foi reabilitada em 2005, quando Pedro Santana Lopes era presidente da Câmara Municipal.

Orçadas em 1,5 milhões de euros, as obras incluíram a colocação de piso antiderrapante, o reforço das estruturas com chapas metálicas e beneficiação geral do viaduto.

Na altura, o estudo urbanístico Alcântara XXI, realizado pela Câmara de Lisboa e pelo Governo, previa a construção de uma rotunda e de um túnel rodoviário entre a Avenida de Ceuta e a Avenida Brasília.

O vereador do PCP salientou que este projecto "nunca avançou", uma vez que "a Refer não tem interesse e a Câmara não se tem imposto".

"Quando temos uma Câmara que não se impõe e as empresas não querem fazer, as situações vão-se arrastando e acabam por cair em alguma incúria", defendeu.

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