O Edil que já era

Por que razão estaremos nós, cidadãos eleitores, sujeitos aos critérios internos dos partidos políticos?

O actual Edil da Câmara Municipal de Lisboa, que não foi a votos para Presidente, actua como se fosse o Marquês de Pombal, mal-amado dos alfacinhas. Por que razão estaremos nós, cidadãos eleitores, sujeitos aos critérios internos dos partidos políticos?

Mas que norma legal é esta do agora vais tu, agora vou eu, destes senhores todo-poderosos?

Este Presidente substituto iniciou a sua gestão indo ao bolso dos lisboetas, com um aumento de impostos, designados por taxas municipais. Com os milhões arrecadados decidiu pela urgência de obras por toda a cidade tornando Lisboa esburacada, intransitável e irreconhecível.

Julgo que quem o aconselhou nesta azáfama destrutiva tinha premeditado que este Edil já era!

Inundou o centro histórico da cidade com novos hotéis, porta sim, porta sim. Consentiu que os privados invadissem os passeios públicos e, tudo isto, sem qualquer controle do ruído nocturno das novas máquinas hoteleiras, em zonas residenciais. Estas construções, as obras de reabilitação para hotéis de charme e as novas ciclovias coexistiram com o repentino diagnóstico de doenças no arvoredo e com o abate nocturno de muitas árvores do centro histórico.

O actual executivo municipal também considera que é proprietário do subsolo de Lisboa e invadiu-o com parques de estacionamento, como toupeiras em terreno alheio. Num desvario de obras desfigurou as artérias mais emblemáticas da cidade. Substituiu e reduziu a calçada portuguesa e, com isso, contribui para a perda da luminosidade única desta bela Lisboa. Repito, em Lisboa, quem decreta o fim da calçada portuguesa não merece ser Presidente da Câmara.

O grande objectivo desta Câmara Municipal é o de reduzir à força de obras, a circulação de viaturas e o número de automóveis a entrar na cidade. Mas como o actual Edil não tem qualquer poder sobre os transportes públicos citadinos (Carris, Metro, fluvial), aquele objectivo releva da incompetência.

A actual gestão municipal decidiu invadir os bairros, as praças e os jardins mais emblemáticos de Lisboa com festivais de música tunga-tunga, numa animação parola e ruidosa para os residentes no centro da cidade.

Ao fim de um ano de mandato o actual Edil gabou-se de ter implementado (em toda a cidade) a construção de 7 (!) contentores subterrâneos, mais modernos e eficazes na recolha dos resíduos urbanos. De facto, 7 contentores para uma cidade com a dimensão de Lisboa não é grande feito! E este é um dos aspectos da boa gestão de uma cidade: mantê-la limpa, em segurança, sem ruídos nocturnos, com ruas e passeios lavados e em bom estado, com serviços eficazes de recolha de lixo e reabilitada, salvaguardando o seu património edificado.

Lamentavelmente a oposição de esquerda não se manifesta. Que alguém os acorde desta sesta governativa! A direita também não manifesta grandes críticas, estando mansa, desinteressada ou ausente.

E no meio disto tudo estamos nós, residentes citadinos, escassos eleitores (± 400000) e ainda menos votantes (± 200000). E a isto designamos por democracia representativa, que é o nosso credo político-religioso, a tal fé que está colada às ambições e às carreiras destes senhores.

Investigadora aposentada, feminista

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