No Porto do futuro haverá condomínios sociais para idosos

Rui Moreira considera que população envelhecida e sem recursos deve ter direito a serviços acessíveis aos idosos mais abastados

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O envelhecimento da população exige respostas adaptadas na habitação social, assume Rui Moreira Rui Farinha | NFactos

O Presidente da Câmara do Porto acredita que a cidade terá de pensar na construção de habitação social adaptada para idosos. Neste momento, garante Rui Moreira, é mais fácil encontrar um T4 disponível do que um T1, nos bairros municipais, onde é grande a pressão de pessoas vivendo sozinhas, e a sonhar com uma casa de rés-do-chão.

Convidado para discutir com estudantes de Geografia da Universidade do Porto o que será o Porto do Futuro, o autarca independente, candidato a um segundo mandato, não promete construir bairros de casas térreas para fazer face a esta situação, se continuar no cargo, mas explicou que no seu horizonte está a construção de edifícios de habitação em altura, com bons elevadores e monta-cargas, onde além de habitações à sua medida, idosos que vivam sozinhos tenham acesso a serviços de apoio, como vigilância, enfermagem, espaços de convívio ou lavandarias comuns, tal como acontece no negócio das residências sénior, só acessível a clientes com rendimentos elevados.

O problema da habitação – que ainda esta semana foi tema forte da reunião de Câmara – está já bem presente no debate público, e Moreira não teve dúvidas em coloca-lo entre as prioridades futuras da cidade. A braços com um boom do imobiliário, e com as suas implicações no preço das casas, o autarca voltou a lembrar o fosso entre a oferta limitada de habitação social, que tem um preço médio de 60 euros de renda mensal por fracção, e o mercado de arrendamento livre, no qual, neste momento, é difícil encontrar um T1 por menos de 300 euros mensais. No meio disto, vinca, não há nada acessível para os mais jovens ou famílias de classe média-baixa, e há que encontrar respostas, anuiu.

E, quanto a isto, Moreira não tem dúvidas de que não chega dar incentivos fiscais. O autarca considera que vai ser preciso uma dose grande de investimento público, notou, e algum privado, para garantir que a classe média não seja obrigada a sair do Porto: uma cidade que não tem por onde crescer, como assinalou uma docente na audiência, mas que pode encontrar respostas para a falta de habitação na densificação, em altura, de algumas áreas, assumiu Moreira. Onde for possível, disse, prefere ver torres com espaços verdes em volta, que as pessoas possam usufruir, à total impermeabilização dos solos com edifícios de dois ou três pisos.

O Turismo, tema do presente – cruzando-se com o da habitação – não escapou a esta aula/debate, com Moreira a lembrar o seu impacto positivo na reabilitação urbana e na actividade comercial de rua, mas a dizer também, que faltam instrumentos municipais para regulação do sector. A Câmara do Porto, que tem em vigor, desde Abril, o primeiro regulamento de transporte turístico do país, gostava de ter algum papel no licenciamento do alojamento turístico e, principalmente, da modalidade de alojamento local. Neste caso, assumiu o autarca, a liberalização total da actividade, que facilita a vida dos investidores, abre portas a eventuais exageros de concentração de oferta em áreas mais procuradas, e os poderes públicos, disse, “estão a correr atrás do prejuízo”.

No futuro, Moreira gostaria que a cidade tivesse mão, com os municípios em volta, na regulação da utilização das vias rodoviárias mais importantes. Em articulação com o que vem defendendo a Área Metropolitana do Porto, Moreira considera não fazer sentido que a Circular Externa regional continue a ser portajada, atraindo para a VCI, gratuita, tráfego, muito dele de pesados, que acrescenta poluição a um espaço urbano onde se investem milhões em medidas de minimização de emissões poluentes através, por exemplo, da renovação da frota da STCP. E tendo em conta os compromissos do país na área ambiental, o autarca não tem dúvidas de que, também neste campo, a cidade do futuro vai ter de mudar. 

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