Nas duas margens do Mondego, os trabalhos estão por arrancar

As cheias devastaram os estabelecimentos do Parque Verde e causaram danos no Mosteiro de Santa Clara-a-Velha. Obras no monumento arrancam no Verão.

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ADRIANO MIRANDA / PUBLICO

Os estabelecimentos do Parque Verde e o Mosteiro de Santa Clara-a-Velha mantêm presentes as sequelas das cheias de há um ano. Por duas vezes, em Janeiro e Fevereiro de 2016, as águas invadiram os edifícios, dando origem às imagens que ilustraram as notícias sobre as ocorrências.

Com tutelas diferentes, a recuperação, tanto do mosteiro como dos estabelecimentos, está ainda por iniciar. A Direcção Regional da Cultura do Centro (DRCC), responsável pelo monumento, apresentou durante a semana um plano para restaurar o mosteiro. A intervenção, que incluiu a conclusão da cerca medieval, arranca no início do Verão e deverá custar meio milhão de euros, um valor que já conta o apoio de fundos comunitários.

Sobre o mosteiro onde habitaram clarissas subsiste porém uma questão por resolver: a eventual responsabilidade da EDP nas cheias de 11 de Janeiro. A directora da DRCC, Celeste Amaro, voltou a colocar o ónus na energética que detém a concessão da barragem da Aguieira, a montante de Coimbra, pelas “descargas abruptas” nos dias que antecederam a inundação.

A responsável afirma que a DRCC enviou ao Ministério da Cultura (MC) um relatório que aponta para gestão da barragem da Aguieira como factor decisivo e que agora cabe à tutela tratar da questão. O PÚBLICO tentou perceber junto do MC em que ponto se encontra o processo e se a empresa foi contactada, mas sem sucesso.

A EDP diz desconhecer o relatório e reafirma que a exploração do sistema de barragens de Aguieira, Raiva e Fronhas é feita em “articulação com as autoridades”. A empresa recorda que o mosteiro voltou a ser inundado em Fevereiro, “não tendo sido realizados descarregamentos pela barragem da Aguieira”.

Em relação ao Parque Verde, o futuro é mais incerto. Depois de retirar o alvará aos empresários que geriam o complexo, o presidente da câmara, Manuel Machado, revelou que a autarquia estava em contacto com o gabinete do arquitecto Camilo Cortesão, autor do projecto do Parque Verde, para arranjar uma solução técnica para lidar com as constantes inundações.

Uma ideia avançada por Machado, em Junho, fazia menção à construção de um segundo piso. Ao PÚBLICO, o arquitecto Camilo Cortesão confirma o “contacto informal” da câmara para resolver o problema no projecto da autoria do seu gabinete e que um contacto por parte da autarquia deverá ser formalizado em breve.

A Câmara Municipal de Coimbra diz apenas que “está a decorrer o processo” e que, quando estiver pronto, dará conhecimento. No entanto não refere prazos, nem diz se a abertura de novo processo de concurso para exploração dos espaços de restauração depende das obras a realizar.

Numa das reuniões do executivo em que o assunto foi discutido, o vereador eleito pelo movimento Cidadãos por Coimbra, José Augusto Ferreira da Silva, disse que o facto de a câmara estar a estudar a intervenção naquele espaço “acabava por ser um reconhecimento” que os equipamentos do Parque Verde não tinha condições para funcionar normalmente quando as águas subiam.

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