É preciso proteger o espólio da antiga sede do Diário de Notícias, diz movimento

O movimento cívico espera que a Direcção-Geral de Património e Cultura exerça a suas competências na protecção do património da antiga sede do jornal.

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Miguel Manso

O movimento cívico Fórum Cidadania Lx foi esta quarta-feira ouvido na Assembleia da República, onde chamou a atenção dos deputados para necessidade de preservação do edifício e do espólio do Diário de Notícias, que mudou de instalações recentemente.

O movimento foi chamado à Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, depois de ter dado conta do "risco de perda do valioso espólio" e de possíveis alterações ao edifício, na Avenida da Liberdade, em Lisboa, uma vez que este foi vendido e a redacção do Diário de Notícias (DN) mudou de instalações, tal como as redacções do Jornal de Notícias e do Dinheiro Vivo.

"Solicitámos a atenção da comissão para o facto de estar em perigo o edifício e o espólio do Diário de Notícias", disse à Lusa Paulo Ferrero, um dos representantes do Fórum Cidadania LX.

O movimento cívico espera que "a Assembleia da República, por via da comissão, aprove uma resolução para que a DGPC [Direcção-Geral de Património e Cultura] exerça a suas competências" na protecção "da fachada, dos painéis do Almada Negreiros, da caixa do elevador, da porta giratória, dos frisos, que proteja o que ainda há".

O edifício do DN, no número 266 da Avenida de Liberdade, foi classificado como Imóvel de Interesse Público e é Prémio Valmor.

Na opinião do representante, o espólio do jornal constitui "a situação mais complicada".

"Não queremos que se nacionalize ou que se exproprie o espólio. Queremos que seja feito um inventário, uma catalogação do espólio", vincou Paulo Ferrero, acrescentando que o "conjunto não se pode partir aos bocadinhos e esta é mais uma ajuda a que não desapareça".

"Achamos que, apesar de ser privado, o espólio com uma série infindável de fotos, documentos e desenhos, é valioso e de interesse público e deve ser classificado como um todo", salientou.

Paulo Ferrero apontou também que "já se foram perdendo espólios valiosíssimos, como o do jornal O Século", uma vez que "os desenhos e papéis vão parar a alfarrabistas, as máquinas são desmontadas e vão para a sucata".

"Se não fizerem nada agora quanto ao espólio do DN, mais vale não fazerem nada, é o fim", advogou.

Além do parlamento, o Fórum Cidadania Lx encaminhou as suas preocupações para o Arquivo Nacional da Torre do Tombo, a Assembleia Municipal de Lisboa, a Câmara de Lisboa, o Ministério da Cultura e para o gabinete do primeiro-ministro. Porém, o movimento não entrou em contacto com a direcção do DN.

"Já apelámos a quem devíamos apelar, às entidades oficiais, se disserem que o espólio é privado e nada se pode fazer, ficamos por aqui, mas tínhamos esperança que fosse feita alguma coisa", referiu Paulo Ferrero.

Num esclarecimento enviado à agência Lusa, a Câmara Municipal de Lisboa (CML) dá conta de que deu entrada um Pedido de Informação Prévia relativo a este edifício, "apresentado por um promitente-comprador português".

A CML apontou que "o processo está em apreciação nos serviços", e que "existem condicionantes patrimoniais a respeitar, quer arquitectónicas, quer decorativas".

O município informou também que o projecto se refere "à adaptação do edifício terciário a habitacional", tendo obtido "parecer favorável condicionado por parte da DGPC".

"O projecto apresentado mantém a fachada e o letreiro original. O interior é adaptado ao uso habitacional, salvaguardando toda a matéria de valor patrimonial", acrescentou.

A Lusa questionou a DGPC sobre este assunto, mas não obteve ainda uma resposta.

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