Modernização da Linha do Douro entre Caíde e Marco vai já para a terceira empreitada

Problemas financeiros dos empreiteiros e projectos mal planeados por parte da Infra-estruturas de Portugal explicam atraso de quatro anos na modernização de um troço de 16 quilómetros.

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As obras deveriam ter ficado concluídas em finais de 2016

As obras de modernização da via-férrea entre Caíde e Marco de Canaveses, que visam colocar aquela cidade na rede suburbana do Grande Porto, estão novamente paradas devido à incapacidade do empreiteiro em concluir os trabalhos.

Estes tinham sido iniciadas pelo consórcio espanhol Isolux-Corsán que, em Novembro de 2016, se revelaria incapaz de os prosseguir devido a problemas financeiros. A Infra-estruturas de Portugal autorizou então a celebração de um contrato de cessão de posição contratual para o subempreiteiro, de modo a assegurar a continuação da empreitada, mas, um ano depois, as obras voltaram a parar, também devido a dificuldades financeiras da empresa que as executava.

Segundo fonte oficial das Infra-estruturas de Portugal, os trabalhos de construção civil das estações e catenária na via estão praticamente concluídos. Mas há agora dois imbróglios por resolver que não estavam devidamente acautelados no projecto inicial e que se vão traduzir em trabalhos a mais. Esses trabalhos estão a ser alvo de um novo projecto, resultado da reformulação do anterior, que vão dar origem ao “relançamento de uma empreitada com carácter urgente para concluir os trabalhos em falta”, de acordo com a mesma fonte.

E que trabalhos são esses? Um deles tem a ver com o rebaixamento da via dentro dos túneis, por forma a permitir a instalação da catenária. A empresa diz que “durante a execução dos trabalhos de reforço estrutural dos túneis, que têm já cerca de 150 anos, se apurou que as quantidades previstas em projecto eram manifestamente insuficientes, pelo que se tornou necessário aumentar significativamente os trabalhos a realizar pelo consórcio”. Por outro lado, diz a Infra-estruturas de Portugal, “durante o rebaixamento de via, que o projecto previa que pudesse ser realizado através da redução da altura de balastro, concluiu-se que seria necessário proceder ao rebaixamento da cota da plataforma dos túneis numa extensão muito significativa”. Isto é: não basta reduzir a quantidade de brita sob os carris dentro dos túneis; vai ser necessário escavar a própria rocha para os aprofundar, o que encarece e atrasa a obra.

O segundo problema é que a gestora de infra-estruturas ferroviárias acordou tarde para o estado em que se encontra a plataforma (carris, travessas e balastro) desta linha, que precisam de ser renovados. O projecto inicial previa apenas electrificar e instalar sinalização electrónica, mas a empresa descobriu agora que a infra-estrutura está demasiado degradada e precisa de ser substituída.

Assim, a modernização do troço vai incluir agora uma renovação integral da via, mas que não contempla quaisquer aumentos de velocidade para os comboios. Apenas impede que estes não tenham que circular mais devagar devido ao mau estado da via-férrea. Neste troço, as velocidades permitidas são, desde há mais de meio século, entre os 80 e os 90 km/hora e assim se vão manter. O encurtamento dos tempos de viagem entre o Porto e a Régua ficam assim comprometidos no futuro.

Segundo a Infra-estruturas de Portugal, os projectos dos túneis e da renovação da via estarão concluídos em Outubro. O PÚBLICO perguntou quando se prevê o recomeço das obras e a sua conclusão, mas não obteve resposta. A modernização deste troço tem vindo a ser anunciada desde 2013 e deveria ter ficado concluída em finais de 2016.

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