Matosinhos debate a igualdade e a inclusão das populações LGBT

O II Encontro Diálogos sobre a Igualdade e a Inclusão decorre, esta quinta-feira, no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Matosinhos.

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As universidades vão apresentar os últimos estudos sobre o tema Sérgio Azenha

Respeitar a diferença e “nada mais que isso”. É o passo “simples” que tem que ser dado para que as populações LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgénero) deixem de ser discriminadas. Quem o diz é Paula Allen, uma das fundadoras da Associação Plano i (Api), que organiza nesta quinta-feira, em Matosinhos, o II Encontro Diálogos sobre a Igualdade e a Inclusão, com o subtema: Populações LGBT.

Em “pleno século XXI” a população LGBT ainda é discriminada “a todos os níveis”, diz. Discriminação familiar, da comunidade ou no local de trabalho, que nalguns casos acaba por “condicionar a aceitação do próprio”, como refere Paula Allen, que sublinha ainda existir uma “grande pressão” vinda “do outro”, que facilmente deixaria de existir se houvesse “respeito pelo próximo”. Atingido esse nível de respeito todos estes debates e encontros “deixam de fazer sentido”, afirma.

Ainda não chegamos a esse nível, e por isso, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, debate-se a partir das 10h00 a igualdade e a inclusão das populações LGBT. Representados nos 3 painéis do encontro estão a Academia, que apresentará, em primeira mão, os últimos estudos realizadas por várias universidades nacionais que se debruçaram sobre o tópico, ou o movimento associativo representado pela Amplos, Ilga,  Rede ex aequo e a Portugal Gay, que “ainda antes das universidades”, já estudavam o tema, diz a organizadora. Noutro painel, 5 palestrantes vão falar sobre a experiência que têm no terreno em projectos levados a cabo pelas entidades ECOS II, Casa Qui,  Jano Portugal, Associação Tudo Vai Melhorar e pelo Centro Gis da APi, que abriu este ano em Matosinhos, do qual Paula Allen é também coordenadora.

O Centro Gis, que tem este nome em homenagem a Gisberta Salce Junior, transexual assassinada no Porto em 2006 por um grupo de 13 menores institucionalizados, na sequência de uma série de sessões de espancamento que durou dias, serviu de mote para que o encontro organizado pela APi se realizasse este ano em Matosinhos. No ano passado, também com o tema Diálogos sobre a Igualdade e a Inclusão, mas com debate orientado para as minorias étnicas, a educação e para as trabalhadoras do sexo, realizou-se no Espaço M, na zona da Boavista.

Com sede no Grande Porto, a actuar em toda a zona norte, o centro de apoio à comunidade LGBT, o centro começou a dar os primeiros passos em 2016, mas só no inicio de Janeiro é que arrancou efectivamente. Ainda por inaugurar, já funciona num espaço do Edifício Antiga Câmara, na rua Brito Capelo, em Matosinhos, cedido em regime de comodato pela autarquia local. Autarquia que “recebeu de braços abertos” a edição deste ano, diz Paula Allen, por fazer todo o sentido, tendo em conta a abertura do novo espaço no município.

No pouco tempo de actividade que tem, o telefone não tem parado de tocar. Segundo a coordenadora, há muita gente a procurar apoio, mas há também entidades que procuram o centro no sentido de requisitar acções de formação, como é o caso de várias escolas. Nesse sentido, diz não poder estar “ a correr melhor” e congratula o facto de existir cada vez mais agentes da comunidade a procurar mais informação sobre o tema. De resto, dá conta de que das 110 inscrições que existem para o encontro com entrada gratuita, “grande parte é de técnicos de entidades de várias áreas que querem ter mais ferramentas para poder responder às necessidades” desta população.

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