Manhãs felizes em inglês animaram a linha de Cascais

Cinco finalistas da licenciatura em Gestão do Lazer e Animação Turística proporcionaram uma manhã diferente nos comboios da linha Cascais - Cais do Sodré, esta segunda-feira, com a ajuda de muitos “colegas e amigos”.

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Margarida Bastos
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São sete horas da manhã em ponto. O comboio urbano parte dentro de quatro minutos da Estação de Cascais. As seis equipas, organizadas pelo grupo de trabalho do projecto final de curso, estão prontas para entrar em acção. Música, dança e desfiles de moda são as surpresas preparadas para os passageiros desta linha ferroviária até às 10 da manhã. São quase 50 voluntários que se juntam para que o Happy Mornings (Manhãs Felizes) passe do plano do imaginário para o real. “Estamos há mais de seis meses a preparar este projecto. O nosso grupo acha que as viagens de comboio são tristes e monótonas e ainda mais a uma segunda-feira de manhã, por isso  decidimos avançar”, explica Rita Santos Silva, uma aluna da Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril.

Entramos no quarto comboio que parte para o Cais do Sodré. Joana e Mónica preparam-se para desfilar enquanto Raphael e João põem às costas as pesadas mochilas com sumos, vales de entradas grátis no ginásio e cartões com frases motivadoras para oferecer a cada passageiro. “Somos explorados ao máximo”, brinca Raphael Gomes, voluntário do projecto e aluno da mesma faculdade. Não falta boa disposição matinal a estes colegas que rapidamente começam a distribuir “bons dias” sorridentes a quem abordam. Mariana também veio para organizar a equipa e tirar fotografias. Todos estão identificados dos pés à cabeça com as palavras Happy Mornings.

Quem vai atento à leitura é interrompido pelos dois rapazes que oferecem o que trazem. E quem não estava a ler põe os óculos para ver melhor o que é oferecido. Já estamos em São Pedro do Estoril. As mochilas ainda pesam. São interpeladas pessoas de todas as idades e as reacções vão variando. Os mais desconfiados não aceitam, mas João e Raphael insistem: “Tem a certeza?”. Também há que aceite com reticência e estranheza. Mas os que mais alegram as equipas são aqueles que aceitam as ofertas com um “obrigado” satisfeito e entusiasmado.

O comboio está cheio. Em Algés, os sumos para distribuir já são poucos. A chegada ao Cais do Sodré acontece à hora prevista e todos correm para equipa que aqui se encontra para os receber e reabastecer antes que o comboio regresse a Cascais. Alessandra, outra das alunas organizadoras, enquanto enche as mochilas e confere a hora da partida deste grupo, pergunta “Acham que estamos a cumprir o nosso objectivo?”. A resposta é unânime. Um grande “sim” ouve-se em uníssono dos cinco voluntários.

Voltamos a entrar noutro comboio com o sentido oposto. A performance agora é a música. Cláudia Santos tem 22 anos e nunca tinha “actuado” para tanta gente. Conseguem-se ver headphones a saírem dos ouvidos para escutar a aluna que canta pela linha de Cascais em português. “Estamos a promover a cultura portuguesa e até é mais fácil, desta forma, que todos me percebam e se envolvam. Além de que a música na nossa língua tem muito que se lhe diga”, afirma com um sorriso. Quando acaba o tema dos Deolinda, é ovacionada pela “plateia” que a observou atentamente entre paragens.

É hora de ir ver quem dança no comboio seguinte. O relógio marca 9h21 na estação de Alcântara. Lá está Bernardo dos “Desbloqueados”, um grupo que dança que costuma “atrair muito público” na Praça do Comércio, em Lisboa, como explica o aluno Nuno Oliveira, que o acompanha. Assim que carrega no play, pede espaço para pôr em prática o seu talento e ao som da música “Ninguém foge”, ninguém o pára até o som acabar e a energia contagia a carruagem.  

Um projecto de cinco alunos, passou a ser de 50 e contou com o apoio de nove empresas. O espírito de união ficou marcado durante as três horas de diversão, cultura e entretenimento, em que todos deram “o seu máximo em prol uns dos outros”, comenta o aluno João Cabral. São 9h48 na estação do Cais do Sodré. É o último comboio do evento. É tempo de regressar ao ponto de partida para todo se reunirem e trocarem impressões. Continuar a implementar este projecto pelos comboios de Portugal não é um objectivo do grupo. “O evento tem pernas para andar, mas se começasse a ser um hábito deixava de ter este impacto”, explica Francisco Amorim, aluno e organizador. “O grupo para o ano vai-se separar, porque nem todos ficam por cá”. São sinais dos tempos. “Eu, por exemplo, vou para fora”, acrescenta. 

Texto editado por Ana Fernandes     

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