Mais mobilidade em Lisboa

É preciso mudar o padrão de mobilidade centrado no transporte motorizado individual, já que esta é, cada vez mais, uma opção insustentável.

O planeamento da mobilidade é hoje um dos maiores desafios às políticas ambientais e urbanas. A evolução das sociedades criou novas formas de vida, mas também diversos problemas, de que a poluição sonora e atmosférica são bons exemplos.

Nas últimas décadas, as cidades transformaram-se e a mobilidade dos cidadãos também mudou, tornando-se mais exigente e mais complexa, como o demonstra a cidade de Lisboa. Diariamente, entre quem vive em Lisboa e quem se desloca de outros concelhos para vir trabalhar, mais de 600 mil automobilistas disputam cerca de 200 mil lugares de estacionamento na cidade. Esta realidade coloca desde logo o desafio de tornar Lisboa uma cidade mais moderna, mais acessível e mais sustentável, assegurando o necessário equilíbrio económico e social e apostando no desenvolvimento de novas soluções, de forma continuada e numa perspetiva de longo prazo.

Por estas razões, é imprescindível criar alternativas para as pessoas e disponibilizar-lhes novas ferramentas e soluções. Hoje, a mobilidade ciclável é mais um meio ao serviço de quem visita, reside ou trabalha em Lisboa, à semelhança de outras cidades europeias. Com a criação da rede Gira. Bicicletas de Lisboa, que vai possibilitar um acesso generalizado da população a bicicletas urbanas, de uso partilhado, cria-se mais uma alternativa, que pode ser um complemento ao transporte público e que poderá alterar a forma como muitos lisboetas se deslocam no interior da cidade. Esta rede será constituída por 1410 bicicletas, convencionais e eletricamente assistidas, que estarão disponíveis em 140 estações espalhadas pela cidade para quem quiser pedalar pelo meio ambiente, pela qualidade de vida, pela consciência solidária e pela mobilidade em Lisboa.

Desde há muito que a bicicleta é uma forma de lazer, de bem-estar, de divertimento, mas está a tornar-se, cada vez mais, num instrumento de mobilidade.

Todos temos a ganhar com isso, em especial os próprios utilizadores, que ganham um estilo de vida mais saudável, aproveitando as condições que a cidade oferece. Mas também os próprios automobilistas e todos os que na cidade circulam, pois por cada 1000 pessoas que troquem o carro pela bicicleta são menos 5 km de fila que teremos todos os dias no trânsito.

É preciso mudar o padrão de mobilidade centrado no transporte motorizado individual, já que esta é, cada vez mais, uma opção insustentável.

O autor escreve segundo o novo Acordo Ortográfico

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