Inatel homenageia “Tarzan da Caparica”, o salva-vidas que os golfinhos ensinaram a nadar

Pioneiro na profissão de nadador-salvador, António Gonçalves Ribeiro ainda hoje é recordado, alerta, no topo da escada de vigia onde, lado a lado com o seu cão, garantiam que todos estavam a salvo.

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Sempre alerta com o seu cão, que fazia a delícia das crianças DR
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No fim da vida, dedicou-se ao artesanato com conchas DR
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Tarzan com a sua mulher Germana DR
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Ainda hoje é tratado carinhosamente pelos banhistas por “Tarzan” e pelos pescadores por “Roaz” (golfinho), pois, segundo o próprio contou em tempos, foram esses animais que o ensinaram a nadar. António Gonçalves Ribeiro nasceu a 7 de Outubro de 1922 e, hoje, 94 anos depois, a Fundação Inatel vai homenagear um homem que dedicou a sua vida a salvar muitas outras no mar.

Embora já tenha morrido há dez anos, a memória da ajuda que prestou no areal da Costa de Caparica mantém-se viva. E todos lembram as suas histórias, como a que contava amiúde sobre o seu imenso à-vontade no mar: “Aprendi com os roazes, pois meti-me dentro de água, vi-os lá com aquele movimento das barbatanas, distraí-me, agarrei-me e um deles levou-me com ele. Quando me larguei, voltei a nadar para terra outra vez. Quer dizer que eles já achavam aquilo engraçado. Iam para comer e então ensinavam-me a nadar.”

Foi como salva-vidas que António ficou célebre, mas não foi nesse posto que a sua relação com o mar teve início. Antes, quando ainda era muito novo, começou a ajudar o pai na arte da pesca, o que o impediu de frequentar a escola. Continuou de forma autónoma nessa actividade até, em 1939, vencer o concurso de banheiros da antiga FNAT (que viria a tornar-se na Inatel) da Costa de Caparica. “Foram vários banheiros a concurso, mas o Tarzan sobressaiu porque era mesmo impressionante”, recorda Paulo Lopes, do gabinete de comunicação da fundação, que vê esta mudança de profissão como uma iniciativa “pioneira”.

“Estamos a falar de alguém que foi pioneiro na sua profissão. Antigamente não existia aquilo que existe agora de cursos de nadador-salvador. Havia uma formação, ministrada pela Marinha, e foi isso que ele fez. E temos muitas fotografias antigas, dos anos 40 e 50, em que se vê que ele tem efectivamente uma camisola do Instituto de Socorro a Náufragos vestida”, acrescenta.

Durante os mais de 40 anos como nadador-salvador, passou as lições dos golfinhos a várias gerações de miúdos e graúdos e salvou de desventuras marítimas mais de 300 pessoas. Era habitual que estivesse no areal acompanhado da mulher, Germana, que, embora não soubesse nadar, o ajudava a montar as barracas e toldos e a vigiar aqueles que se aventuravam na água. Junto deles estava também um pequeno cão, que era a delícia dos mais novos. Em várias fotografias de arquivo, é possível ver “Tarzan” no topo da escada de nadador-salvador, com o cão ao lado em sentinela, ambos alertas a qualquer perigo no mar.

António e Germana estiveram casados cerca de 70 anos. Tiveram dois filhos, Eduardo e Maria Eduarda, e ainda viveram para verem nascer os netos. Germana morreu quatro anos antes de António, em 2002. No fim da vida, depois de se reformar, o eterno “Tarzan” dedicou-se ao artesanato com conchas.

Homenagem no Inatel

Para honrar o percurso e o trabalho de António em prol da segurança em terra e no mar, a Fundação Inatel e a Associação Gandaia decidiram dedicar-lhe uma placa comemorativa, a colocar na unidade hoteleira da instituição na Caparica. “O ‘Tarzan’ representa um dos homens da história da antiga Inatel, pelo que faz todo o sentido recordá-lo desta forma”, explicou Paulo Lopes.

A placa tem 1, 75m, a mesma altura daquele a quem é dedicada, e a parte superior tem a forma do seu busto. “A ideia é que as pessoas que a vão ver possam tirar uma selfie, ou mais fotografias, para ficarem com uma melhor memória do seu contributo cá para a terra.” A cerimónia conta, além da apresentação da placa, com a inauguração de uma exposição fotográfica (patente por vários meses) e a exibição de uma curta-metragem sobre a vida e as marcas que “Tarzan” deixou na população da Costa de Caparica. O evento, de entrada livre e com início às 11h, vai ser dirigido por Júlio Isidro e contará com testemunhos de familiares e conhecidos do nadador-salvador, além de intervenções do Presidente da Fundação Inatel, Francisco Madelino, e da Vice-Presidente, Inês de Medeiros.

Além de recordar a vida e o trabalho de António Gonçalves Ribeiro, o evento serve para apresentar a nova linha editorial e a renovação do jornal Tempo Livre, o principal meio de contacto entre a Inatel e os seus associados. O número mais recente da publicação tem o Tarzan da Caparica como destaque, não fosse ele um ícone da história do grupo hoteleiro e um herói local.

Texto editado por Ana Fernandes

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