Há quase um mês que um sueco vive no aeroporto de Faro

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Trabalhadores dizem que o homem sueco não é o primeiro a viver no aeroporto de Faro Foto: PÚBLICO

O turista “residente” só deu nas vistas, ao fim de três semanas de estadia, quando precisou de assistência médica, e disse que não tinha dinheiro para se tratar.

Um cidadão sueco, de 59 anos, faz da gare do aeroporto de Faro quarto de hotel há quase um mês. A sua permanência passou despercebida à maior parte dos utentes e funcionários, até ao momento que precisou de assistência médica, devido a uma infecção num pé e declarou, no Hospital de Faro, que não tinha dinheiro para se tratar.

O director do aeroporto, Correia Mendes, disse ao PÚBLICO que a situação foi comunicada “às autoridades”, não adiantando mais pormenores. A meio da manhã, desta sexta-feira, como habitualmente, o homem ocupava uma mesa do canto no Costa Coffee, e dormitava, com o jornal ao lado. A presença de jornalistas fê-lo despertar e abandonar de imediato o local, visivelmente incomodado: “Desapareçam”, declarou. Fez um telefonema, pegou num saco de supermercado e com as coisas pessoais, pegou num carrinho de bagagens, e saiu: “Vou-me embora”, disse, como se fosse apanhar o avião Os empregados do café descrevem-no como sendo uma pessoa discreta. Utiliza os serviços de apoio do aeroporto para fazer a higiene diária, e já “fala um pouco português”.

Carlos Cabeleira, bagageiro, ao aperceber-se do “turista permanente”, ofereceu-se para ser seu “assistente”, porque se apercebeu que “algo de anormal se passava”, quando ele lhe disse que tinha perdido o avião. “Passaram-se os dias e foi ficando”, contou, acrescentando que ele “nada conta sobre a vida pessoal, mas nota-se que precisa de apoio”, adverte.

O problema que teve no pé, diz o bagageiro, levou-o a procurar uma cadeira de rodas, que passou a utilizar dentro da aerogare. O colaborador do aeroporto acrescentou ainda que ele “desenrasca-se na alimentação, procura que lhe dêem comida quase sem pedir – não gosta de dar nas vistas”. No café, os empregados adiantam que o homem costuma tomar café, “e paga, com moedas”. O agente da PSP, de serviço no posto do aeroporto, disse “desconhecer” a situação, acrescentando: “Só o comando é que pode prestar informações”

A representante consular da Suécia, no Algarve, Samdra Pettersson, afirmou: “Tudo nos parece muito estranho, só ontem, 27 dias depois do sucedido, fomos informados pela PSP que um cidadão sueco estava no aeroporto, sem dinheiro, para regressar ao seu país". Por hoje ser dia feriado na Suécia, acrescentou, “tem estado a ser muito difícil os contactos, mas estamos a envidar esforços para que ele regresse amanhã” . Por seu lado, o porta-voz da ANA, Rui Oliveira, justificou: “Nunca pediu nada até ao dia em que solicitou uma ambulância para se deslocar ao hospital. Passou despercebido”

Este cidadão sueco não é único a fazer da gare residência. “Temos ainda um marroquino, com cerca de 40 anos, que já faz parte da casa. É bem conhecido do pessoal”, diz Carlos Cabeleira, precisando que, entretanto, ele aproveitou uma manilha das obras, no exterior, para servir de dormitório. Outra das situações “populares” entre os colaboradores do aeroporto é um “alemão que, no Inverno, anda sempre por aí. Todos o conhecem”.

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