Empresas dizem que Coimbra não tem políticas de atracção de investimento

Associação Empresarial da Região de Coimbra aponta necessidade de incentivos ao investimento. Autarquia rebate críticas.

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Coimbra é “a única capital de distrito onde desapareceram mais empresas do que as que foram criadas” nos últimos quatro anos PAULO RICCA / PUBLICO

Para a Associação Empresarial da Região de Coimbra (NERC), Coimbra não consegue atrair investidores. “Não há um planeamento integrado e não se vêem claramente políticas de atracção de investimento nacional e estrangeiro para a região”, considera Horácio Pina Prata.

O presidente da NERC falava ao PÚBLICO à margem da conferência de imprensa em que foi apresentado um inquérito às empresas da associação. Pina Prata diz que é preciso mais apoio à criação de empresas em Coimbra, que diz ser “a única capital de distrito onde desapareceram mais empresas do que as que foram criadas” nos últimos quatro anos.

O presidente da NERC fala da necessidade de “qualificar as estruturas existentes de atracção de investimento e criar políticas de promoção”.  

O inquérito identifica ainda dificuldades no acesso a financiamento comunitário, além de que 43% dos empresários consideram que não têm informação suficiente e clara sobre os apoios comunitários. Uma das vertentes fundamentais é no critério de acesso aos fundos: “os fundos estão mais direccionados aos grandes players e empresas empregadoras e não para as pequenas e microempresas”, refere o responsável.

Soma-se a “demora na análise das candidaturas”, um processo que decorre entre 8 a 10 meses e que, segundo o responsável, “desvirtua completamente” a intervenção empresarial. “O mercado é tão volátil que, em 10 meses, muda completamente”, afirma Pina Prata, que já foi vereador eleito pelo PSD quando Carlos Encarnação liderava a câmara de Coimbra e depois candidato independente à presidência do município. 

A informação foi recolhida a partir das respostas dos cerca de 300 associados da NERC e é relativa aos últimos quatro anos. A associação empresarial é composta, na sua maioria, por micro e pequenas empresas de sectores como o comércio, serviços e turismo.

É com base nos indicadores resultantes do inquérito que a NERC criou um observatório com o nome “Coimbra@22”. Ao longo de 66 dias a associação vai colocar 22 questões à “Câmara Municipal de Coimbra, à sociedade civil e a todos os partidos”, afirma Pina Prata, sobre as quais quer “respostas concretas”

As perguntas abordam assuntos “fundamentais” como investimento local, infra-estruturas, a situação “crítica” do iParque — o parque de ciência e tecnologia de Coimbra — e a “falta de um gabinete de apoio ao investidor” a funcionar na autarquia, que a NERC vê como “importante para estimular a iniciativa”.

No entanto, o presidente da autarquia, Manuel Machado, recusa as acusações do responsável da NERC. Questionado pela agência Lusa, o autarca diz que o município tem um gabinete de apoio ao investidor, sublinhando que as “políticas públicas” da câmara passam por essa estrutura e que estas estão consagradas em instrumentos como o Plano Director Municipal e outros regulamentos.

Sobre a situação do iParque, Machado refere que os accionistas estão à procura da “solução adequada” para manter a empresa Coimbra Inovação Parque, cuja participação maioritária pertence à câmara, “em plena rentabilização”.

O autarca afirma ainda que o iParque regista “uma ocupação significativa de empresas a laborar e a produzir” e adianta que a sede da empresa deve ser inaugurada em Abril.      

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