Edifício do antigo Ritz Clube (Lisboa) à venda por três milhões de euros

Edifício da Tuna Comercial de Lisboa, na Rua da Glória, passou a ser o Ritz Club nos anos 30 do século passado. Foi incontornável na boémia lisboeta ao longo de quase toda a sua vida.

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Pedro Maia

O edifício da antiga sala de espectáculos Ritz Clube, em Lisboa, está à venda por três milhões de euros, de acordo com o anúncio publicado no site de uma empresa de mediação imobiliária.

“Edifício de referência, à Avenida da Liberdade”, é o título do anúncio de venda do antigo Ritz Clube, situado na Rua da Glória, junto à Praça da Alegria, e que fechou definitivamente em Maio de 2013. O edifício, de três pisos, está à venda por três milhões de euros, sendo este valor “negociável”.

O anúncio adianta tratar-se de uma “antiga sala de espectáculos desde 1908, com capacidade para 400 pessoas”, uma “bonita fachada” e a “possibilidade de conversão para habitação/turismo”.

Os responsáveis pelo Ritz Clube anunciaram em Maio de 2013 que a sala encerrava "para obras", sem especificar os motivos.

A sala de espectáculos tinha reaberto portas em Maio de 2012, depois de ter estado fechada durante 12 anos e de ter sido alvo de uma "reabilitação total".

O edifício, classificado como de interesse municipal, acolheu ao longo de 2013 dezenas de concertos e festas, o que terá motivado várias queixas de vizinhos.

A história dos clubes nocturnos de Lisboa dá conta de que já nos anos 20 o número 57 da Rua da Glória era local de culto para os noctívagos. "Foi poiso de artistas, prostitutas, nobres e fadistas. Foi palco de vaudeville e striptease. Dali partiam os soldados para o Ultramar. Ali chegavam os marujos de além-mar", refere um trabalho de Raquel Moleiro publicado no Expresso em 2004.

Na década de 20 do século passado, o Ritz Club foi O Treze da Glória, depois o Cabaré Montanha e Dancing Concha.

O artigo do Expresso conta que o Ritz era um cabaré popular que se gabava de ser o mais barato de Lisboa. Estava sempre em festa: "No palco, a Grande Orquestra Ritz – bateria ao centro, metais alinhados em primeiro plano, ao estilo big band americana – tocava música de baile, tangos, boleros (...).

Décadas depois, nos anos 80, quando o cantor Vitorino, o seu irmão Janita, Maria do Céu Guerra e outros sócios ficam à frente da casa, o Ritz torna-se palco de eventos culturais. É nesta fase que aqui são lançadas bandas como os Da Weasel ou os Blasted Mechanism. Também havia representações teatrais.

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