Durante seis semanas, para praticar remo na Doca de Santo Amaro levava-se o barco às costas

Pontão de acesso às embarcações de remo está danificado desde 10 de Fevereiro. Só esta semana foi encontrada solução que permita retomar os treinos de 350 praticantes.

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STEFANO RELLANDINI/Reuters

O mau tempo do início do mês de Fevereiro danificou o pontão da Doca de Santo Amaro, em Alcântara, Lisboa, dedicado à prática de remo, e desde então o acesso das embarcações ao rio é “feito com muitas dificuldades”. A denúncia é das secções de remos da Associação Naval de Lisboa (ANL) e Clube Ferroviário de Portugal (CFP) que afirmam que as três regatas agendadas para o mês de Abril “correm o risco de não se realizar”.

No dia 10 de Fevereiro, a Administração do Porto de Lisboa (APL) vedou o acesso ao pontão por considerar que este não reunia condições de segurança para ser utilizado. Desde então, a APL disponibilizou aos praticantes uma passagem até ao rio pelos pontões de Náutica de Recreio da Doca de Santo Amaro, “através de um acesso exclusivo para os operadores de Marítimo-Turística”, explicou Ricardo Medeiros, vogal do conselho da APL, ao PÚBLICO.

Um acesso “feito para pessoas, não para barcos”, “muito estreito” para transportar as embarcações, contrapôs Mário Melo, director do Centro Náutico do Clube Ferroviário de Portugal. “Apenas os atletas mais experientes conseguem carregar os barcos numa passerelle com menos de um metro de largura”, disse ao PÚBLICO.

O relato de Carlos Afonso, presidente da secção de remo da Associação Naval de Lisboa, é semelhante: “Só alguns praticantes é que puderam ir à água e fizeram-no por formas inarráveis. Com acessos improvisados e perigosos, com o barco às costas. Coisas que os miúdos não podem fazer”. Nestes dois clubes, foram afectados ao todo 350 atletas. Os mais novos ou menos experientes estiveram seis semanas sem praticar.

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Praticantes a carregar um barco Yolle de quatro Francisco Mendes / Associação Naval de Lisboa

Na semana passada, “na perspectiva de minimizar os impactos nas actividades desenvolvidas”, a APL reuniu com os dois clubes. A solução encontrada passa por relocalizar “diversas embarcações que desenvolvem actividade marítimo-turística”, disponibilizando um pontão em exclusivo para os praticantes de remo, referiu Ricardo Medeiros. Esta solução não é imediata, uma vez que a APL está a adaptar este pontão ao embarque dos barcos de remo.

O Porto de Lisboa garantiu que “tudo fez e fará para que as actividades possam decorrer com o mínimo de transtorno, incluindo o desfile de encerramento das comemorações dos 160 anos da Associação Naval de Lisboa”, no dia 30 de Abril, com a presença do Presidente da República.

Durante estas seis semanas, foi cancelada uma regata, organizada pelo Clube Naval de Lisboa, dada a impossibilidade dos atletas dos dois clubes de Alcântara entrarem no rio. A ANL e o CFP afirmam agora que as próximas três regatas — dia 1, 8 e 22 de Abril — estão “severamente comprometidas”.

Relativamente à demora na obra, a administração do Porto refere que, pertencendo ao sector empresarial do Estado, está obrigada a fazer concurso público, com os respectivos prazos legais, para fazer as reparações. Para Carlos Afonso, “a questão aqui é que o desporto é sempre o parente pobre no que toca às actividades de água”, disse, referindo-se ao “privilégio” dado às embarcações comerciais e ao turismo de cruzeiros.     

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