Convento de S. Paulo de Alferrara reabre após 50 anos de abandono

Enquadramento paisagístico ímpar, em plena Quinta de S. Paulo, na Arrábida é mais-valia principal do monumento do século XIV que foi resgatado da ruína.

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Antes das obras

O Convento de S. Paulo de Alferrara, monumento construído em 1383, situado na Quinta de S. Paulo, na Serra da Arrábida, no limite entre os concelhos de Palmela e Setúbal, já pode ser visitado após a conclusão da segunda fase de reabilitação que assegurou a consolidação parcial da estrutura.

O edifício histórico, que integra o património da antiga Quinta de S. Paulo, que é hoje propriedade da Associação de Municípios da Região de Setúbal (AMRS), fica agora disponível para visitas da comunidade, sujeitas a marcação, após 50 anos de “abandono violento”, como disse Vítor Mestre, arquitecto responsável pela intervenção.

A inauguração da reabilitação parcial do convento teve lugar na quinta-feira, ao final do dia, numa cerimónia que juntou algumas dezenas de pessoas e que incluiu uma visita pela área já restaurada, que inclui o claustro, a nave da igreja e o antigo refeitório e respectiva cozinha. No refeitório nasceu uma grande sala de reuniões, com uma soberba vista sobre a encosta da serra.

A obra, no valor de 400 mil euros, teve um prazo de execução de seis meses, e, segundo o presidente da AMRS “cada cêntimo investido valeu a pena”.

A reabertura foi um dia considerado histórico por diversos responsáveis presentes, a começar pela secretária-geral da AMRS, Fátima Mourinho, que recordou o início de um longo processo, iniciado em 1986 com a compra da quinta, pela associação de municípios, à Câmara Municipal de Setúbal.

Fátima Mourinho, emocionada, lembrou ainda que o antigo convento foi recebido pela AMRS “sem espólio, sem azulejos e em estado iminente de ruína”.

Hoje o edifício está parcialmente recuperado – a igreja, e várias salas em redor dos claustros – num “caminho que vai prosseguir com a recuperação total do Convento de S. Paulo”, afirmou a secretária-geral dos municípios.

O presidente do conselho directivo da AMRS acrescentou que a reabilitação não está “nem a meio caminho”, mas assegurou que o processo já é “imparável”.

“Estamos próximos das eleições, outros dirigentes virão para a AMRS, mas creio que já ninguém vai parar este processo, porque é o caminho certo”, disse Rui Garcia.

O autarca explicou que a associação recusa uma utilização “mercantilista” do espaço agora reabilitado, optando por reservar o convento para reuniões e iniciativas promovidas pelos municípios da região, compatibilizando este uso com as visitas da comunidade que serão possíveis a partir de agora.

O convento fica em território ainda de Palmela, pelo que o vereador Luís Calha, em representação da Câmara de Palmela, disse tratar-se de um dia “especial para a região e para o concelho”. Luís Calha sublinhou que “através da reabilitação valoriza-se a história e a identidade” local e regional e defendeu que “só devolvendo o património à população é possível construir o futuro”. O autarca palmelense terminou dizendo que esta reabilitação do património é “um exemplo para o país”.

A inauguração contou com as presenças do vereador Manuel Pisco, da Câmara de Setúbal e do antigo presidente da AMRS, Alfredo Monteiro, que dirigia a associação na altura em que foi tomada a decisão de reabilitar o convento.

Na mesma quinta, em S. Paulo, existe um segundo convento, também propriedade da associação de municípios. O Convento dos Capuchos, formalmente designado, como Convento de Nossa Senhora da Conceição dos Frades Franciscanos Capuchos de Alferrara, construído em 1578 e reconstruído em finais do século XVII, está num estado de degradação bastante mais acentuado do que estava o Convento de S. Paulo.

A AMRS não tem ainda plano para a eventual recuperação deste segundo convento, que está praticamente em ruínas.

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