A Companhia de Teatro de Almada (CTA) repõe, a partir de sábado, na sala principal do Teatro Municipal Joaquim Benite, a peça Nao d'amores, um texto inédito de Gil Vicente, estreado em Julho, na 33.ª edição do Festival de Almada.

Co-produzido pela companhia residente em Segóvia, Nao d'Amores, dirigida por Ana Zamora, é uma tragicomédia, escrita em 1527 para celebrar o regresso a Lisboa dos reis portugueses D. João III e da sua jovem mulher Catarina da Áustria, após uma ausência de quase dois anos devido a uma epidemia de peste, e foi representada no mesmo ano e uma única vez, no Paço da Ribeira, segundo a encenadora.

Na peça, cuja acção decorre numa nau (a "nao" de amores), cruzam-se personagens, todas de carácter alegórico, a própria cidade de Lisboa, o Amor, que conduz o barco, um Frade doido, um Pastor castelhano, um Negro, um Velho apaixonado e dois Fidalgos portugueses.

Para a encenadora espanhola, que assina o projecto, baptizar o seu grupo com o nome de uma peça de Gil Vicente constituiu uma "declaração de princípios e, ao mesmo tempo, uma metáfora em redor daquilo que se supõe que seja o devir apaixonado de uma companhia teatral", conforme se lê na apresentação da obra.

Na 33.ª edição de Almada, que decorreu este ano de 4 a 18 de Julho, a peça teve duas representações. No palco da sala principal do Teatro Municipal Joaquim Benite, a peça vai estar em cena até 13 de Novembro, de quarta-feira a sábado, às 21h, e aos domingos, às 16h.

Interpretada por Catarina Melo, Estêvão Antunes, Filipa Meneses, Luís Lima Barreto, Moisés Maroto, Sergio Adillo e Sílvio Vieira, Nao d'Amores tem cenografia de Richard Cenier e figurinos de Deborah Macías. A coreografia é de Javier García Ávilae, e os arranjos e direção musical são de Alicia Lázaro.

No dia 29, às 18h00, no foyer do Teatro Municipal Joaquim Benite estará a equipa responsável pelo espectáculo, incluindo a encenadora, para mais uma edição de conversas com o público.