Comboios da Metro do Porto vão finalmente à “revisão da meia vida”

Contrato de manutenção de 10,6 milhões assinado com a EMEF vai voltar a pôr nos carris veículos que estavam parados.

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A viatura atravessou toda a extensão do tabuleiro que se destina à circulação do metro Adriano Miranda

A EMEF anunciou este quarta-feira que assinou com a Metro do Porto um contrato de 10,6 milhões de euros para fazer a manutenção especializada de 35 veículos (com a possibilidade de extensão a mais cinco) da frota daquela empresa.

O objectivo é fazer a denominada “revisão da meia vida” daqueles comboios que entraram ao serviço em 2002, aquando da inauguração do Metro do Porto, e que completaram (ou estão em vias de completar) 960 mil quilómetros percorridos. A partir deste limite, os veículos têm de ser encostados porque, mesmo que estejam tecnicamente em condições de circular, a regulamentação do Instituto da Mobilidade e dos Transportes obriga a que estes só retomem o serviço depois de uma revisão profunda. Este contrato vai evitar assim a situação de quase ruptura que se vivia na empresa, que já em Dezembro passado tinha sete composições paradas por esse motivo.

A falta de disponibilidade do material tem levado a que alguns serviços que eram feitos por duas composições passassem a usar só uma, bem como a supressões pontuais de comboios devido a pequenas avarias sem que haja no imediato outros veículos para os substituir. 

A solução destes problemas, porém, não é para já. A EMEF assinou o contrato, mas há ainda que aguardar o visto do Tribunal de Contas que poderá demorar entre duas a quatro semanas. Depois disso haverá ainda que esperar mais cinco semanas para se iniciarem os trabalhos. O contrato prevê que os 35 veículos sejam intervencionados durante 36 meses.

Pior, porém, é a falta de pessoal para esse efeito. A EMEF só está dimensionada para fazer a manutenção regular dos veículos da Metro do Porto e necessita de contratar mais de 20 trabalhadores para proceder à revisão de meia vida. Só que, enquanto empresa pública (é detida a 100% pela CP), está impedida de o fazer pela lei do Orçamento de Estado. Por isso, a menos que haja uma autorização do governo para admitir pessoal, o projecto poderá atrasar-se por falta de mão-de-obra.

A execução dos trabalhos de manutenção da meia vida será realizada em Guifões (Porto), nas oficinas da EMEF. Na prática os veículos da Metro do Porto sofrerão uma intervenção idêntica à que a EMEF vai fazer com os comboios Alfa Pendular. Os veículos serão integralmente desmontados e depois reconstruídos com as mesmas peças e componentes ou com outras que seja necessário substituir.

A operação da Metro do Porto está a ser feita pela Barraqueiro, em prorrogações de contratos de três meses enquanto não se decide quem é o novo operador. Num concurso público realizado pelo anterior governo ganharam os catalães do consórcio TCCMP, mas não chegaram a assinar o contrato. Seguiu-se a adjudicação, por ajuste directo, à multinacional Transdev, mas o actual governo já anunciou que iria fazer reverter essa decisão.

Presa a estes processos está a EMEF que tem vindo a fazer a manutenção regular dos comboios também em contratos sucessivos de três meses. 

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