Comandante da PSP do Porto quer "pelo menos" mais 200 agentes

“Sem efectivos, muitas coisas terão de deixar de ser feitas”, sublinhou o Comandante Metropolitano do Porto, na cerimónia dos 150 anos da PSP.

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O carocha da década de 60 é uma das viaturas em exposição na Avenida dos Aliados. DR
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A exposição celebra os 150 anos da PSP do Porto. DR
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A exposição está na Avenida dos Aliados até esta quarta-feira. DR

 A Polícia de Segurança Pública (PSP) do Porto comemorou, esta terça-feira, 150 anos de existência com uma cerimónia marcada por um "clamor de alerta", nas palavras do comandante metropolitano desta força, que avisou que, se não receber pelo menos 200 elementos em 2018, "muitas coisas terão de deixar de ser feitas"

Era dia de festa, na Avenida dos Aliados uma exposição contava  a história daquela que é a força de segurança mais antiga do país, ouviu-se o hino e não faltaram discursos. Mas foi Miguel Mendes que ganhou o palco ao alertar para o fraco crescimento do número de efectivos da PSP nos últimos 70 anos. “Se em 1948 tínhamos 1322 elementos, o efectivo actual para exactamente as mesmas áreas funcionais de comando e apoio e esquadras é de 1349 elementos”, explicou.

“Estamos em queda acelerada”, sublinhou o dirigente do comando metropolitano do Porto. Desde 2011 que há menos 230 polícias no seu efectivo, não tendo sido retiradas “obrigações, atribuições ou expectativas à população”. Para o comandante, a falta de meios humanos e técnicos dificulta a acção da força de segurança. E deixou um novo alerta: “Se não recebermos pelo menos 200 elementos no próximo ano, muitas coisas terão de deixar de ser feitas."

A disponibilidade de viaturas e outros meios são também um problema, argumentou Miguel Mendes. “É preciso que se saiba que cada vez que temos de levar um preso a Tomar, tiramos um carro patrulha da segurança pública do distrito do Porto. Cada vez que levamos um menor a Castro Marim, ficamos sem esse carro patrulha do distrito do Porto”, exemplificou. Com o aumento das dinâmicas económicas, do turismo e da regulação social, aumentam também “as necessidades da Polícia e as responsabilidades” dos comandantes, serviços e operacionais. “Há muito que deixamos de fazer o queremos. Vamos fazendo tudo o que podemos”, concluiu o comandante da PSP do Porto.

“Temos consciência de que são poucos”

Constança Urbano de Sousa, ministra da Administração Interna, começou por elogiar a eficácia de resposta por parte das forças de segurança e sublinhou a importância de uma “estratégia de parceria e colaboração com instituições que também têm por objectivo intervir junto das comunidades e criar ambientes seguros”. Mas também acrescentou que é necessário “dotar a PSP e as outras forças de segurança em geral de melhores condições” a nível de equipamentos e infra-estruturas e adiantou que já foi autorizado “um concurso plurianual de cerca de 50 milhões de euros, que permitirá entregas programadas e anuais de viaturas”.

Quanto ao efectivo da polícia, a ministra admite ter “consciência de que são poucos”, e que está a trabalhar para reforçar a capacidade da PSP através de novas admissões, realçando que foram promovidos 500 agentes a agentes municipais, 32 comissários à categoria de subintendentes e 11 intendentes à categoria de superintendência. 

A diminuição da criminalidade, realça Constança Urbano de Sousa, “revela sobretudo um grande empenho, uma enorme dedicação e um espírito de missão e profissionalismo desta força de segurança pública”.

Contar 150 anos de história

Apesar dos apelos e promessas, era hora de soprar muitas dezenas de velas. E, até esta quarta-feira, a Avenida dos Aliados é o cenário escolhido para contar os 150 anos de história da PSP através de uma exposição dividida em vários postos, onde quem por lá passar pode, entre outras actividades, perceber como funciona a escola prática de recrutamento para a PSP, passar por um simulador, conhecer o conjunto de armas utilizado e até entrar num camião que transporta consigo os avanços de um século e meio de vivências da força de segurança.

Mais à frente encontra-se um conjunto de viaturas de todos os formatos, tamanhos e que são utilizados pela PSP para os vários tipos de situações. Todas elas fazem parte da história desta estrutura policial, incluindo um carocha da década de 60, que capta a atenção de quem por ali passa. Este carro, explica o comissário Marco Almeida, servia para o patrulhamento, numa altura em que os polícias circulavam maioritariamente a pé. Em situações mais graves e que exigiam uma deslocação mais complexa, o carocha andava pelas estradas. Hoje, volta a estar à vista de todos, desta vez não para andar, mas para ser visto.

Texto editado por Ana Fernandes

 

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