Chovem críticas à degradação da Quinta Municipal de Subserra

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Palácio da quinta seiscentista com sinais inequívocos de degradação Nuno Ferreira Santos

Os problemas de degradação e de falta de utilização de algumas áreas da Quinta Municipal de Subserra, no concelho de Vila Franca de Xira, estão a gerar fortes críticas da oposição camarária e de um grupo de moradores que já lançou um abaixo-assinado, contestando a hipotética entrega de alguns espaços à exploração privada e reclamando mais investimentos na recuperação do complexo. O executivo camarário rebate as críticas, sublinha que tem um plano de reabilitação e dinamização das três quintas do município e garante que, só nos últimos dois anos, já investiu mais de 250 mil euros na Quinta de Subserra. Acrescenta que tem um projecto para vocacionar parte do complexo para a agricultura biológica.

O grupo Amigos de São João dos Montes (freguesia com características rurais onde se situa a Quinta de Subserra, que pertenceu aos condes e aos marqueses com o mesmo nome e foi adquirida pelo município em 1980) sustenta que o palácio com origens no século XVII poderá estar "em vias de destruição". O movimento de moradores salienta que circulam rumores de que a câmara "se prepara para entregar a quinta e o palácio, cada vez mais danificados, à gestão privada" e que, "preocupados com a sua degradação galopante", resolveram lançar um abaixo-assinado.

"Nos últimos anos, e apesar de obras pontuais, a quinta tem-se degradado a olhos vistos. Há azulejos importantíssimos muito danificados. O próprio palácio tem fracturas impressionantes no seu interior. A piscina que ali funcionava, a única na freguesia, foi abandonada", criticam os autores do documento, acusando o executivo camarário socialista de abrir mão do enquadramento paisagístico da quinta, autorizando urbanizações em áreas próximas.

Também a organização local da CDU tomou posição sobre o assunto, em recente visita à quinta. O candidato comunista à Junta de São João dos Montes apontou outros problemas como o mau estado dos muros envolventes, do fontanário, da gruta e do polidesportivo. A CDU defendeu, então, a criação de hortas pedagógicas, a realização de acções de formação na área da agricultura biológica, a fixação de enólogos para produção de vinhos de qualidade e a criação de uma marca para comercialização dos produtos da quinta. Sugere, também, a criação de uma pousada e a reabilitação e reabertura da piscina.

Já na última reunião camarária o munícipe Rui Coelho, com formação em Arqueologia, criticou o estado de degradação, questionando onde foi gasto o dinheiro investido e referindo que os moradores de Subserra se queixam do corte da água da fonte natural. Apontou também alegadas falhas na recuperação de azulejos centenários ali existentes.

Câmara diz-se atenta

Fernando Paulo Ferreira, vereador com responsabilidades na gestão das quintas municipais, explicou que a Quinta de Subserra "tem uma grande instabilidade geológica em toda a encosta", problema que "obrigou" o executivo a tomar algumas decisões para conseguir estabilizar os terrenos e fazer obras de recuperação estrutural da maior parte dos muros, que se estendem por centenas de metros. "Esta recuperação ainda não está completa, há uma parte que ainda tem que ser intervencionada para garantir a estabilidade e a segurança total do edificado. Nos últimos dois anos investimos mais de 100 mil euros só no reforço dos muros", assegurou, frisando que outra opção foi dar prioridade à recuperação das áreas de habitação. A vivenda existente no complexo da quinta já foi recuperada e seguir-se-ão obras em mais três casas.

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