Centro de Alto Rendimento do Pocinho vence Prémio de Arquitectura do Douro

A Adega Alves de Sousa (Santa Marta de Penaguião), do arquitecto Belém Lima, e o Espaço Miguel Torga (Sabrosa), projectado pelo arquitecto Souto Moura, receberam menções honrosas.

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O Centro de Alto Rendimento do Pocinho, projectado pelo arquitecto Álvaro Fernandes Andrade e situado no concelho de Vila Nova de Foz Côa, foi o vencedor do Prémio de Arquitectura do Douro. O galardão foi entregue nesta terça-feira pelo ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, durante uma cerimónia realizada em São João de Tarouca, quando se assinala o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios.

A Adega Alves de Sousa (Santa Marta de Penaguião), do arquitecto Belém Lima, e o Espaço Miguel Torga (Sabrosa), projectado pelo arquitecto Souto Moura, receberam menções honrosas.

Em entrevista à Lusa em 2015, aquando da atribuição do prémio internacional ECOLA ao projecto do Centro de Alto Rendimento, Álvaro Fernandes Andrade lembrou que uma das “dificuldades mais fortes do projecto” se prendeu com o facto de a modalidade ser “dos desportos que tem mais atletas em remo adaptado”, algo que teve de ser tido em conta no processo.

Outra dificuldade relacionou-se com as questões do desenvolvimento sustentável, embora sem classificações: “Se há coisas de que não ando à procura é de rótulos para atribuir à arquitectura, interessa-me que estas componentes possam ser integradas no normal desenvolvimento do projecto arquitectónico”.

“Há ali aquela procura ambígua e ambivalente de que a estrutura formal parece um socalco, mas mostra que é uma nova forma de habitar o Douro”, referiu ainda o professor da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, sobre o rio ao largo do qual o edifício foi construído.

Esta diferente forma de socalco pretende acolher “pés de atletas”, ao contrário dos tradicionais do Douro que servem para plantar "pés de vides", disse o arquitecto.

À edição de 2016/2017 do Prémio de Arquitectura do Douro concorreram 20 intervenções, entre adegas, unidades de alojamento turístico, museus e edifícios de serviços.

O prémio bienal procura distinguir e promover boas práticas de arquitectura realizadas na região após a inscrição do Alto Douro Vinhateiro na Lista do Património Mundial da UNESCO, a 14 de Dezembro de 2001.

Lançado há 10 anos pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, o concurso dirige-se a intervenções de construção, conservação ou reabilitação de edifícios ou conjuntos arquitectónicos, bem como intervenções de desenho urbano em espaço público, feitos depois da classificação.

A última edição deste prémio, correspondente aos anos 2013/2014, foi ganha pelo Museu do Côa, dos arquitectos Camilo Rebelo e Tiago Pimentel.

Uma mais-valia para Foz Côa 

A Câmara de Foz Côa encara com "bastante responsabilidade, naturalidade e exigência" esta distinção. "A partir deste momento, nós sabemos que, para além de termos dois patrimónios da humanidade (Alto Douro Vinhateiro e Gravuras Rupestres), temos também outros prémios que foram distinguidos não só ao nível nacional, como também ao nível do território do Douro", disse aos jornalistas o vice-presidente da autarquia, João Paulo Sousa, depois de ter recebido o galardão das mãos do ministro da Cultura.

Inaugurado a 06 de Julho de 2016, o Centro de Alto Rendimento do Pocinho representou um investimento de sete milhões de euros.

Segundo João Paulo Sousa, o centro "está a ser visitado por imensa gente, não só por atletas de alta competição", estando a ser feita "uma planificação da sua internacionalização" de forma a atrair mais gente ao concelho.

Este projecto surgiu "de uma exigência de equipas que já faziam alta competição", concretamente equipas russas que se deslocavam muitas vezes ao concelho.

"Diziam-nos que era importante construir um empreendimento, porque aquele espelho de água que estava junto à barragem do Pocinho era um dos melhores para a prática do remo e da canoagem", contou.

O autarca referiu que o centro tem três áreas - de treino, de alojamento e de lazer - e "não está única e exclusivamente restrito a toda a prática do desporto".

O seu enquadramento na paisagem do Douro foi uma das preocupações: "é um edifício de cor branca e que acompanha os socalcos, precisamente para não criar uma discrepância em termos de impacto ambiental".

João Paulo Sousa lembrou que, com a navegabilidade do Douro, que leva muitos barcos a passarem na zona do Pocinho, esta é vista como "mais uma obra emblemática do Douro".

Apesar do sucesso deste projecto - que regista maior utilização entre Janeiro e Maio -, o autarca admitiu que há "ainda muito a fazer" para conseguir ultrapassar a interioridade.

"É muito mais fácil estar no Porto ou em Lisboa do que estar naquele interior. Mas vamos lutar, não vamos baixar os braços, e eu acho que com estes prémios vamos conseguir por Foz Côa mais uma vez no mapa", frisou.

O ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, considerou que uma boa arquitectura "é um factor de atracção, de sustentabilidade", sendo importante para toda a actividade da região e o desejado progresso.

"Daí que haver este número de projectos arquitectónicos de grande qualidade em toda esta área mereça a nossa maior atenção", realçou.

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