Câmara quer um novo pólo cultural nas Janelas Verdes

Ideias não faltam para ampliar o Museu de Arte Antiga quando houver dinheiro. A câmara vai avançar com um plano para enquadrar as mudanças na zona das Janelas Verdes.

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Carlos Lopes

Ainda não há projectos, ainda não há dinheiro, nem sequer decisões sobre o futuro do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), na Rua das Janelas Verdes. A hipótese de ele vir a ter a entrada principal na Av. 24 de Julho é classificada como “forte” pelos técnicos responsáveis pelo planeamento na Câmara de Lisboa, mas o vereador de quem dependem, Manuel Salgado, já foi mais longe: essa é “uma intenção” do secretário de Estado da Cultura, que pretende lançar um concurso internacional de ideias para a concretizar, afirmou o vereador numa reunião pública do executivo municipal, no final de Setembro.

Independentemente da duração do mandato do membro do Governo que assim pensa, a perspectiva de ampliar o museu e de o ligar à 24 de Julho, demolindo necessariamente as construções ali existentes, é consensual. Na apresentação pública das linhas que deverão guiar a elaboração do futuro Plano de Pormenor de Reabilitação das Janelas Verdes, realizada nesta terça-feira no auditório do museu, dois dos responsáveis pelo planeamento da cidade, Paulo Pais e Eduardo Campelo, afirmaram que essa era uma “hipótese forte”.

O presidente da Junta de Freguesia da Estrela, Luis Newton, e o director do museu, António Filipe Pimentel,  bem como as duas dezenas de moradores presentes na sessão, nem sequer puseram a hipótese de uma qualquer outra solução. Falta é saber como é que será alcançado o objectivo de ampliar o museu e de garantir as acessibilidades necessárias à sua nova dimensão e lugar na cidade — criando simultaneamente condições para ele se tornar a âncora de um importante pólo cultural no percurso entre o centro histórico e a zona monumental de Belém.

Propostas não têm faltado, nomeadamente para assegurar uma ligação pedonal, por cima da 24 de Julho e da linha férrea, entre a actual entrada do MNAA e a Avenida de Brasília, que passa do lado do rio a uma cota muito inferior. E para a amplição do complexo museológico também há muitos estudos feitos. “A administração central é que terá agora que avançar com um projecto concreto”, disse António Filipe Pimentel.

Foi para enquadrar e garantir a viabilidade dessa e de outras intervenções com os mesmos objectivos de requalificação da zona que a câmara decidiu avançar com o plano de pormenor que agora começará a ser desenvolvido. Por enquanto, frisaram os responsáveis camarários, a única coisa que existe são os termos de referência do plano, já aprovados pela câmara, mas que constituem apenas uma “bússola” para o trabalho a realizar. 

Em concreto tudo está por definir, mas as balizas da futura transformação da zona, terão de ser reguladas pelo plano no quadro dos objectivos agora fixados e em articulação com os projecto camarário de reconfiguração da  24 de Julho, com mais espaço para peões e menos automóveis. Para já, a câmara apenas decidiu adoptar um conjunto de medidas preventivas que impedem, nos próximos dois anos, quaisquer construções, ou alterações ainda não autorizadas nos prédios existentes, numa extensão de cerca de 330 metros ao longo da 24 de Julho, desde a Travessa José António Pereira até à escadarias de acesso ao MNAA. Isto para não prejudicar, ou tornar mais cara, a disponibilização dos espaços necessários à concretização do plano.

Mais ousada parece ser a ideia proposta por Luis Newton e que, segundo afirmou, “tem lançado algum pânico” na câmara. Defendendo com entusiasmo a ampliação do museu e as linhas mestras do plano, o autarca propõe que a oportunidade seja aproveitada para reduzir também a circulação na Rua das Janelas Verdes, dando mais espaço aos peões, e integrando a rua no ambiente e na vivência da “velha Lapa”.

 

 

 

 

 

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