Câmara e Porto Vivo desistem de hotel no morro da Sé

Sociedade de Reabilitação Urbana repensa projecto âncora e admite construir no local habitação, seguindo vontade do actual executivo.

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Na Sé, a SRU mantém a intenção de construir uma residência de estudantes Adriano Miranda
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Já o projecto do hotel deve ser abandonado para dar lugar a habitação Adriano Miranda
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Situação da SRU esteve em debate na primeira reunião após o fim do acordo entre Rui Moreira e o PS de Pizarro Adriano Miranda

A Sociedade de Reabilitação Urbana Porto Vivo admite construir, no Morro da Sé, a residência de estudantes prevista há uma década no seu plano para aquela zona da cidade, mas já não deve avançar com o outro projecto âncora, uma unidade hoteleira. Em lugar desta, a SRU, em concordância com a posição da Câmara do Porto, deverá avançar com um projecto de habitação para os edifícios em causa.

O presidente da Câmara do Porto Rui Moreira, admitiu esta terça-feira em reunião de Câmara que face às mudanças ocorridas na reabilitação urbana da cidade, e interesse crescente do mercado na reconstrução para a habitação no segmento alto e para o sector do turismo, a construção de mais um hotel no morro da Sé deixou de ser uma prioridade. “Se há dez anos era importante implantar ali um equipamento destes, para atrair outros investimentos, agora, claramente, não é”, reiterou o autarca, que prefere ver nascer no local um projecto de habitação.  

Rui Moreira defendeu que, face à conjuntura, no momento em que passar a ser exclusivamente municipal, a SRU deveria seguir o modelo do antigo Comissariado para a Reabilitação Urbana da Área da Ribeira/Barredo (CRUARB) e preocupar-se mais com o tecido social da zona histórica, garantindo o acesso a habitação a custos acessíveis numa zona em que o valor do metro quadrado reabilitado vem aumentando para valores inacessíveis à população da classe média e média baixa. Gente que, por outro lado, tem rendimentos que lhe vedam o acesso a habitação social. Uma tese que recolheu o apoio da oposição.  

Com o rompimento do acordo entre o grupo de Rui Moreira e o PS, e a entrega de pelouros por parte dos socialistas Manuel Pizarro (Habitação e Acção Social ) e Correia Fernandes (Urbanismo), o vereador Rui Losa passou a assumir esta última pasta, acumulando-a com o de representante do município na administração da Porto Vivo. Ainda assim, o processo de transferência da totalidade do capital desta sociedade para o município ainda não está concluído, e, vincou Rui Moreira, a autarquia não pode impor a sua vontade à SRU.

No entanto, quer o novo presidente desta entidade, José Carlos Nascimento – que esteve na câmara para fazer um ponto de situação da actividade da SRU – quer Rui Losa, assumiram que o dossier do Morro da Sé foi já reaberto e está a ser repensado. Ambos explicaram que o outro projecto âncora, uma residência de estudantes na Sé, continua a fazer sentido e assumiram que seria dificilmente alterável, por terem sido expropriadas casas com essa finalidade. Todo o executivo considerou também que será positivo, para aquela zona, a presença de uma comunidade estudantil num edifício que, após a descoberta de uma muralha castreja no local, terá de ser ajustado à possibilidade de visita pelo público.

Nesta reunião de Câmara o executivo aprovou, com o voto contra da CDU, a nomeação do director financeiro do município, Fernando Paulo, para a presidência da empresa municipal Domus Social, outro dos cargos até aqui ocupados por Manuel Pizarro. O PCP que, como todas as bancadas, elogiou o currículo do nomeado, insistiu em ver o cargo ocupado pelo vereador com o pelouro da Habitação, para garantir o controlo político da actividade da Domus pelo executivo, mas Rui Moreira, que desde esta reunião passou a acumular este pelouro, explicou não ter condições para lhe juntar a presidência da empresa municipal que trata de todo o parque habitacional camarário.  

 

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