Câmara de Matosinhos lança concurso para arrendamento de espaços do Real Vinícola

Objectivo da concessão é recuperar parte do investimento da reabilitação do complexo que albergará Casa da Arquitectura e Orquestra de Jazz.

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Nuno Alexandre Mendes

A Câmara de Matosinhos deu nesta terça-feira luz verde à concessão de parte dos lotes do Edifício da Real Vinícola. A votação foi aprovada com o voto contra do PSD. As quinze fracções disponíveis, de três dos oito blocos que compõem o complexo, estão reservadas para um espaço de restauração e para outros projectos ainda a especificar. A autarquia pretende, através da concessão, tornar a recuperação do imóvel, que vai ser a nova morada da Casa de Arquitectura e da Orquestra de Jazz de Matosinhos, economicamente sustentável. 

A área total a ser concessionada corresponde a cerca de dois mil metros quadrados do complexo que ocupa cerca de 70% de todo o quarteirão, compreendido entre a Avenida Menéres e as ruas Sousa Aroso, D. João I e Mouzinho de Albuquerque. Esta é a áreaque sobrou após integração da Casa da Arquitectura, em três dos lotes, e da Orquestra de Jazz de Matosinhos, que ocupa apenas um.  De acordo com o presidente da Câmara de Matosinhos, Guilherme Pinto, “entendeu-se dar uma aplicação funcional a esse terreno para o qual não tinha sido atribuído qualquer usufruto”. Nesse sentido, a autarquia “conciliou a necessidade de recuperar algum investimento financeiro com a oportunidade de criação de negócio no município”.

Ainda que não possa adiantar qual a natureza dos projectos que ocuparão parte das fracções concessionadas, além do espaço de restauração, o autarca independente diz que a escolha “será no sentido de seguir a mesma lógica dos projectos já instalados”, para que possa “existir uma coerência de programação do espaço”.  No entanto, sublinha que os projectos não têm que estar todos alinhados pelo mesmo sector, “desde que consigam coabitar em consonância com o cariz do projecto”.  

De acordo com o documento da proposta, estão disponíveis para concurso 15 fracções com áreas entre os 84 e os 214 metros quadrados. Os espaços serão entregues aos futuros arrendatários “no estado de paredes nuas, com piso térreo e devidamente infra-estruturadas para efeitos de instalação de electricidade, água e comunicações”. À excepção de um, todos os outros permitem a construção de mezzanine, “possibilitando um aumento da área disponível em até cerca de 70%”.

A abertura  dos espaços a concurso está prevista para o primeiro trimestre de 2017. Mas antes de acabar o ano, parte do complexo já estará em funcionamento. Guilherme Pinto, também presidente da Casa da Arquitectura, adiantou ao PÚBLICO que em Dezembro a Casa abrirá portas com uma exposição dedicada a “quatro Pritzkers com obra em território nacional”: Álvaro Siza Vieira, Souto Moura, Paulo Mendes da Rocha e Rem Koolhaas. 

O projecto que a autarquia tem para o complexo da Real Vinícola está orçamentado em cerca de oito milhões de euros. Para Guilherme Pinto, a aposta na recuperação do imóvel, abandonado há cerca de 40 anos, segue no sentido da “criação de um pólo cultural multidisciplinar no coração da cidade”, que vai albergar duas das instituições com mais relevância no panorama cultural do concelho. 

O complexo da Real Vinícola foi construído entre 1897 e 1901 pela sociedade Meneres & Cª. Foi um grande complexo industrial que faliu em 1930, levando ao encerramento das instalações e à sua progressiva degradação. A Câmara Municipal de Matosinhos adquiriu o imóvel há cerca de 15 anos, elevando-o a edifício de Valor Cultural e Patrimonial no âmbito do Plano de Urbanização de Matosinhos Sul, da autoria do arquitecto Álvaro Siza Vieira.

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