Bar Clube Ferroviário fecha portas mas promete voltar

Fechou um dos bares mais mediáticos de Lisboa. O clube que tem a concessão do edifício promete que o espaço reabrirá renovado e com nova gerência dentro de três meses.

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Nuno Oliveira

Domingo foi o último dia de funcionamento, sob a responsabilidade da actual gerência, do Clube Ferroviário, bar de Santa Apolónia que nos seus cinco anos se tornou um dos mais emblemáticos locais da noite alfacinha. Partilhava o nome, bem como o edifício em que funcionava, com o Clube Ferroviário de Portugal (CFP), colectividade criada por trabalhadores do sector ferroviário há mais de meio século. O CFP - que detém a concessão do imóvel da Infraestruturas de Portugal, empresa que substituiu a Refer e a Estradas de Portugal - não renovou o contrato de exploração do espaço, entregando-o a uma outra empresa. O bar ficará encerrado durante os próximos três meses para obras.

“É um ciclo que se está a fechar”, confirma Mikas, um dos sócios e fundador do bar-restaurante que ocupava desde Junho de 2010 o topo do edifício da colectividade, contíguo à estação de comboios de Santa Apolónia. “Foram cinco anos, quase seis, e agora encerra, como já tinha acontecido com outros espaços que abri”, disse ao PÚBLICO o mentor deste e de outros projectos que marcaram a noite de Lisboa nos últimos noites anos, como os bares Bicaense ou Velha Senhora, o restaurante Atira-te ao Rio, em Cacilhas, e, mais recentemente, a Tas’Ka, O Larguinho ou A Tabacaria.

O contrato, que tinha uma duração de cinco anos, terminou em 2015 e o clube decidiu não o renovar, entregando a exploração a uma outra entidade que, para já, não revela. “Dentro de três meses teremos novamente o terraço [aberto ao público], com nova gerência, a funcionar em pleno”, indica Guilherme Gonçalves, presidente do CFP. Até lá, o local mantém-se encerrado “para obras”. “Volvidos cinco anos, torna-se necessário conservá-lo e impermeabilizá-lo, dando-lhe novamente vida”, acrescenta. De acordo com Guilherme Gonçalves, os sócios do clube recreativo “continuarão a usufruir, nos consumos, de descontos significativos”.

Segundo Mikas, a decisão do CFP surge de forma repentina. “Não estávamos à espera [porque] já andávamos a renegociar o contrato há algum tempo e agora fomos empurrados a sair, por assim dizer.” Domingo passado (dia 24) terá sido o último dia de funcionamento com a actual gerência. Desde então, o portão de ferro do número 59 da Rua de Santa Apolónia mantém-se encerrado, sem qualquer aviso afixado. No Facebook do bar, o anúncio oficial do encerramento ainda não foi feito.

Em 2010, a inauguração do terraço significou a abertura da sede do Ferroviário ao público em geral, com um bar-restaurante, uma esplanada de 250 metros quadrados e uma programação ecléctica e dinâmica, que ia de aulas de tango a concertos de música ou bailes de forró. Rapidamente, o espaço impôs-se não só como uma das melhores vistas da cidade (para o rio, com os comboios de Santa Apolónia a circular logo em baixo), mas também como uma marca na noite alfacinha.

Até então, era utilizado como “arrumação de tudo o que fosse imprestável e decadente” por “manifesta falta de capacidade financeira do clube”, diz Guilherme Gonçalves. Foi precisamente a necessidade de garantir a sua sustentabilidade financeira que levou o CFP a sub-concessionar a exploração de bares e restaurantes nas suas instalações.

O Clube Ferroviário de Portugal resulta da fusão dos antigos Grupo Desportivo da CP e Ateneu Ferroviário e funciona naquele local desde a sua criação em 1961. Além do terraço, o edifício integra um salão e vários ginásios nos pisos inferiores, com várias actividades acessíveis aos sócios do clube.

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