Banco Popular quer comprar grande centro comercial de Vila Franca de Xira fechado há quatro anos

Empresa do grupo oferece 2,5 milhões em leilão

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O Banco Popular está interessado na compra de boa parte dos espaços do Vilafranca Centro e uma empresa do grupo ligada à gestão de activos imobiliários apresentou uma proposta, no valor de 2, 53 milhões de euros, para comprar 72 lojas e os espaços de cinema e de Imax do antigo centro comercial vila-franquense, fechado desde 31 de Outubro de 2013. Esta proposta da PrimeStar foi a única apresentada no leilão da massa insolvente da Circuitos, Lda, empresa do Grupo Obriverca que, na década de 90, construiu o Vilafranca Centro. O grande centro comercial vila-franquense, construído no espaço do antigo cine-teatro da cidade, foi definhando no início do século e acabou por encerrar há quase quatro anos, quando já só cerca de 40 das 180 lojas estavam a funcionar.

A Circuitos, que detinha a propriedade da maioria das lojas, entrou em processo de insolvência já em 2016, insolvência que foi requerida exactamente pelo Banco Popular, que era o maior credor da empresa e possui mesmo um balcão a funcionar na parte exterior do Vilafranca Centro. Entre os principais credores contam-se, também, o Novo Banco, a empresa de segurança PSG e os Serviços Municipalizados de Águas e Saneamento e Vila Franca de Xira.

Por decisão da assembleia de credores (Fevereiro), os bens da Circuitos foram colocados à venda em leilão. Incluem 112 lojas e arrecadações e os espaços dos cinemas e da sala IMAX do Vilafranca Centro. Para o leilão foi definido um preço-base global de 2, 926 milhões de euros, mas o anúncio admitia, também, a venda individual de cada um dos 112 lotes (lojas, arrecadações e cinemas).

No leilão realizado no dia 23 apenas a empresa do grupo Banco Popular registou formalmente uma oferta de 2, 563 milhões de euros pelas lojas e cinemas do Vilafranca Centro, mas não manifestou interesse na maior parte das arrecadações. O PÚBLICO apurou que o valor da proposta está próximo dos montantes previstos para a venda individual das lojas e cinemas e cabe, agora, ao administrador de insolvência e aos credores decidirem se aceitem a proposta. Para além das 112 lojas e arrecadações agora colocadas em leilão, o edifício do Vilafranca Centro integra outras cerca de 60 lojas que ainda pertencem a proprietários individuais.

Várias opções

O PÚBLICO tentou, nos últimos dias, obter esclarecimentos junto do departamento de comunicação do Banco Popular sobre as intenções da instituição relativamente ao Vilafranca Centro, mas não teve resposta. O presidente da Câmara de Vila Franca de Xira reuniu, semanas antes, com representantes do Banco Popular e sabe que a instituição pretende “rentabilizar” o imóvel. “Tivemos oportunidade de conversar sobre várias opções e o Banco Popular manifestou esse interesse”, referiu o edil, Alberto Mesquita, em declarações ao PÚBLICO, frisando que, “provavelmente, o Banco Popular pretende atrair investidores com opções de rentabilização do espaço”.

Nos últimos anos ventilaram-se várias possibilidades de aproveitamento parcial ou global do edifício do Vilafranca Centro, desde a concentração ali de serviços camarários ao aproveitamento de uma parte do imóvel para a secção do Tribunal do Comércio prevista para Vila Franca, passando pela transferência para o piso térreo da vizinha loja do Pingo Doce, mas nenhuma destas perspectivas avançou. Alberto Mesquita sabe que uma das possibilidades avaliadas é mesmo a do Pingo Doce, muito limitado de espaços e de estacionamento nas actuais instalações. “Uma das âncoras que aquilo exige é uma superfície comercial com peso, a questão do Pingo Doce também foi abordada. O que sei, pela reunião que tive, é que o Banco Popular está muito interessado em adquirir parte das fracções e que existem possibilidades de parceria para aproveitamento do edifício que estão a mexer”, rematou o presidente da Câmara.

“Mamarracho” no centro da cidade

Inaugurado em Novembro de 1994, o Vilafranca Centro foi um projecto arrojado do grupo Obriverca para o centro da cidade de Vila Franca de Xira. O extenso imóvel, com uma volumetria de cinco pisos e estacionamento subterrâneo continua a destacar-se no núcleo central da cidade. Incluía duas salas de cinema comum e a primeira sala de cinema Imax instalada em Portugal. Mas, por diversas vicissitudes – desde a abertura de novos centros comerciais na periferia de Lisboa ao rápido fecho do supermercado, passando pela dimensão reduzida da maioria das 180 lojas – o grande centro comercial foi definhando, até ao encerramento definitivo em Outubro de 2013.

Desde então continua a ser assunto controverso na cidade, com críticas frequentes ao “mamarracho” abandonado e em degradação no centro de Vila Franca e alguns autarcas do PSD até já defenderam a sua demolição se não surgirem soluções de reaproveitamento. Pelo meio ocorreram vários roubos no interior do complexo e a Câmara, por razões de segurança pública, teve que assumir o emparedamento das antigas entradas laterais e a colocação de vedações metálicas em torno do imóvel.

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