Baixa de Coimbra precisa de pessoas antes de atrair turistas

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sa sergio azenha - colaborador

Entidades oficiais, guias turísticos, comerciantes e habitantes em Coimbra debateram neste sábado a cidade enquanto atracção turística, saindo da conferência a ideia de que a Baixa coimbrã precisa de "ar fresco" e de pessoas antes de captar turistas. "Não pensem nos turistas, pensem nos cidadãos de Coimbra", sugeriu a directora executiva da Agência Regional de Promoção Turística Centro de Portugal, Marli Monteiro, dirigindo-se à plateia do Teatro da Cerca de São Bernardo, onde decorreu a conferência promovida pela Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra.

De acordo com a responsável, é necessário "gente que durma na cidade", para que esta se torne cada vez mais atractiva para os turistas que a visitam. Para isso, realçou, é também necessário investimento "qualificado" e com capacidade de modernizar o comércio na zona da Baixa da cidade.

A "monotonia" das lojas que vendem objectos de cortiça ou sardinhas "não traz nada", sendo necessário diferenciar a oferta, visto que o turista quer "livrarias, cafés, sítios de degustação, costureiros, sapatos ou lojas de design", notou. Marli Monteiro apelou ainda aos comerciantes para que "deixem entrar o ar fresco" na Baixa de Coimbra.

O exemplo da dificuldade de fixar os jovens na cidade surgiu da plateia, no relato de um licenciado em turismo, que olha para Coimbra como um concelho "escuro" e sem identidade, onde "não há dinâmica, vontade ou energia" nem "motivos para que os estudantes fiquem".

A guia turística Maria José Fernandes também salientou a necessidade de os próprios conimbricenses "habitarem a baixa", que neste momento tem lojas "com decoração de há 20 ou 30 anos", edifícios degradados, muitas "zonas mortas". Para além dessas observações, a guia referiu que há muitos problemas de acessos, falta de limpeza, calçada em más condições e lojas direccionadas para os turistas que não apresentam inovação.

Para Maria da Graça Pinheiro, a viver em Lisboa mas com residência na sua cidade natal, Coimbra é uma cidade que tem "tanta potencialidade", mas que continua sem "perspectivas para fixar residentes". "A cidade nunca teve uma Câmara ou um presidente que estivesse à altura daquilo que Coimbra pode dar", encontrando no concelho muitos bloqueios na atracção de investimento, não aproveitando "a gente nova e criativa que tem e que nem é levada a sério".

Comerciantes, habitantes e profissionais ligados ao turismo elencaram também o problema dos acessos, bem como da limpeza e da falta de investimento privado.

O vice-reitor da Universidade de Coimbra, Luís Menezes, sugeriu que se oiçam os turistas e que as diferentes entidades e actores consigam trabalhar em conjunto, em prol de uma cidade que tem dificuldade em garantir uma estadia longa daqueles que a visitam.

A vereadora da Câmara de Coimbra, Carina Gomes, afirmou que a autarquia tem feito inquéritos aos turistas desde o Verão para ser possível "conhecer o que os turistas" acham da cidade.

A representante do município recordou ainda que a autarquia, impossibilitada de contratar novos trabalhadores até este ano, abriu concursos para cerca de 70 trabalhadores, sendo que parte deles para a área da higiene e jardins. Carina Gomes apontou ainda para o programa Reabilitar para Arrendar, em que o município está a promover a reabilitação de imóveis na Baixa da cidade para "arrendamento com rendas condicionadas". "No dia em que a cidade for perfeita para quem cá vive, será perfeita para o turista mais exigente que vem, venha de onde vier", asseverou.

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