Animal acusa PSD de "ridicularizar" burro com corrida contra Ferrari

"É simplesmente vergonhoso", critica a associação, que apela aos seus apoiantes para que escrevam ao partido a pedir o cancelamento da iniciativa. O PAN também já se mostrou contra.

Foto
A associação Animal quer que o PSD "reconsidere e cancele tão ridículo acontecimento" João Henriques/Arquivo

A associação Animal quer que o PSD cancele a “bizarra corrida” entre um burro e um Ferrari que está agendada para esta sexta-feira, por considerar que sujeitar um animal a tal actividade é “anti-natural” e “pode chegar ao nível da ilegalidade”.

A intenção do PSD Lisboa é promover uma “segunda edição” da corrida que o actual primeiro-ministro promoveu em 1993, quando era candidato à presidência da Câmara de Loures. Na altura, a corrida foi ganha pelo quadrúpede e as eleições pelo candidato comunista, Demétrio Alves.

Esta sexta-feira de manhã, o PSD Lisboa recria essa iniciativa, no percurso entre a Cidade Universitária e o Saldanha. “Hoje, quando, mais do que nunca, os lisboetas vêem ser diariamente posta à prova a sua mobilidade, senão mesmo a sua capacidade para saltarem obstáculos, o PSD Lisboa entende que é chegado o momento de regressar às origens e homenagear o 'costismo' e os seus seguidores”, diz o partido no comunicado em que anuncia a realização da corrida.  

“O traçado escolhido para a prova privilegia o eixo central da cidade, embora as obras estejam por toda a capital, em simultâneo, com reflexos directos no trânsito que nunca esteve tão mal”, acrescenta o partido, explicando que aquilo que se pretende é uma competição “justa” entre “os dois contendores”.

Quem não gostou da ideia foi a associação Animal, que garante já ter apelado aos seus apoiantes para que escrevam ao PSD, através de e-mails e de mensagens nas suas redes sociais, “pedindo o cancelamento da bizarra corrida”.

Em comunicado, a presidente da “organização não-governamental de defesa dos direitos fundamentais dos animais não-humanos” diz que “sujeitar um animal a este tipo de ‘actividade’ não só é anti-natural, mas também revela pouco caso quanto àquilo que a legislação vigente prevê”.

Rita Silva lembra que a Lei n.º 92/95, relativa à Protecção aos Animais, estabelece a proibição de se “exigir a um animal, em casos que não sejam de emergência, esforços ou actuações que, em virtude da sua condição, ele seja obviamente incapaz de realizar ou que estejam obviamente para além das suas possibilidades”. Ora, para a presidente da Animal, “exigir a um burro que faça uma corrida com um automóvel, não só não é algo razoável e que só serve para ridicularizar o animal em questão, mas também pode chegar ao nível da ilegalidade”.  

“É impressionante como, num tempo em que cada vez mais se considera a protecção dos animais como um valor importante para a sociedade, um partido político – que supostamente deveria dar o exemplo -, tenha uma ideia peregrina destas. É simplesmente vergonhoso!”, continua Rita Silva, manifestando ter a expectativa de que o PSD “reconsidere e cancele tão ridículo acontecimento”.

Também o PAN (Pessoas-Animais-Natureza) já se manifestou, na sua página do Facebook, contra aquilo que considerou ser um "circo de rua". Para o partido, a iniciativa "vem uma vez mais demonstrar que existe um claro desencontro entre a evolução ética e civilizacional e as práticas partidárias em Portugal, facto que obviamente se reflecte na falta de visão política quanto à protecção dos Direitos dos Animais".

"Se o problema é a mobilidade, temos uma solução a propor à organização do dito evento: vão antes de bicicleta", acrescenta o PAN, que rejeita "veementemente a utilização de animais nestas acções de campanha". O partido deixa também uma critica à utilização de um Ferrari na corrida: "Lisboa agradecerá a densa nuvem de carbono emitida pelo automóvel". 

 

Sugerir correcção
Ler 14 comentários