Quem quer trabalhar, com horários flexíveis e sorriso estampado no rosto? O grupo hoteleiro Nau Hotels antecipou o recrutamento de pessoal para a época alta, oferecendo lugar para 400 novos trabalhadores. Nos anúncios garante uma carreira “aliciante”, mas por enquanto precária. Do lado do pessoal da hotelaria não faltaram interessados na região onde se regista a mais elevada taxa de desemprego sazonal.

As mais de 300 cadeiras montadas numa das salas do hotel Salgados Palace (Albufeira) não chegaram esta segunda-feira para receber os candidatos a um posto de trabalho em áreas que vão desde o pessoal da cozinha ao economato, passando por recepcionistas, motoristas, terapeutas de SPA ou empregados de mesa.

Dois requisitos comuns à contratação: “flexibilidade e disponibilidade total de horários”. Para já, a empresa levou a cabo a primeira fase de um conjunto de entrevistas, mas admite vir a prolongar as acções de recrutamento. Um candidato a motorista, mulher ou homem, informa o boletim de inscrição, tem de possuir “boa robustez física” e conhecimentos de línguas estrangeiras. “Possui transporte próprio?” - esta foi uma das perguntas das entrevistas para o recrutamento.

Admitido ou excluído, a resposta será dada num prazo de 15 dias, muito embora alguns dos candidatos, por já terem trabalho na empresa ou possuírem experiência comprovada, tivessem recebido o “sim” imediato. Quanto a salários, por exemplo, um empregado de mesa receberá entre 800 e 900 euros mensais.

À semelhança do que aconteceu no ano passado com a Mercedes, desta vez são os quadros da Volkswagen e um grande número de convidados que participarão num evento mundial da empresa no Algarve. Nos hotéis da Herdade dos Salgados são esperados 20 mil participantes em grupos sucessivos, a partir do dia 20 de Fevereiro, ao longo de três meses. Os hotéis Nau, anteriormente pertencentes ao grupo Carlos Saraiva, possuem dez unidades no país, sete das quais no Algarve, com dois campos de golfe.

O director de recursos humanos da empresa, Manuel Carvalho - depois da apresentação do grupo - colocou o ênfase na “motivação e satisfação” que gostava de encontrar nos futuros empregados. De seguida, mostrou um vídeo com alguns trabalhadores, todos dizendo-se felizes e contentes por trabalharem no grupo. No final, subiu ao palco Sónia Silva para confirmar a tese: progrediu de recepcionista a assistente de direcção. Já Ricardo Ramos, um seu colega, disse que entrara como piscineiro e hoje é chefe de sala.

O presidente do Sindicato de Hotelaria e Turismo, Tiago Jacinto, critica a forma como o Governo “subsidia a precariedade, criando nas pessoas a ilusão de um emprego estável”. Uma das medidas de apoio à contratação, promovidas pelo IEFP com o apoio da Segurança Social, prevê um subsídio de mil e seis euros à entidade empregadora, desde que assine um contrato com a duração mínima de seis meses. Por seu lado, o gestor de recursos humanos defende que a legislação “devia ser mais adaptada” ao mercado da oferta e da procura do turismo.