Fortaleza de Juromenha em reconversão para turismo

Investimento de 20 milhões de euros respeitará o ambiente de urbe fortificada, conciliando as arquitecturas tradicional e militar

a O município de Alandroal está a proceder à limpeza da zona adjacente à Fortaleza de Juromenha, o primeiro passo de um vasto projecto de requalificação do monumento que deverá estar concluído em 2013 com posterior aproveitamento para fins turísticos e no qual serão gastos 20 milhões de euros. Segundo o presidente da autarquia, João Nabais, a reabilitação da zona fortificada parte de um conceito de "reurbanização", reocupando o espaço público, "um sítio que já foi seu e devolvendo a urbanidade a este espaço de acordo com a nova realidade do Alqueva". A recuperação da fortificação, que foi o primeiro monumento do Estado a ser adquirido por uma câmara municipal, é um dos 11 projectos turísticos apresentados em Janeiro pelo primeiro-ministro para o Alentejo e implicará a criação de uma parceria público-privado em que a câmara terá 51 por cento do capital, correndo os outros 49 pelos privados.
O restauro da fortaleza inclui a construção de uma pousada, um restaurante com capacidade para acolher congressos e casamentos, um posto de turismo, lojas e habitações de turismo em espaço rural. A fortaleza ficará com nove quarteirões, com uma área de construção de 6395m2 para 71 habitações de tipologias variadas e que corresponderá a 99 quartos duplos. Para além das habitações, está prevista a edificação, dentro das muralhas abaluartadas, de um restaurante com capacidade para 240 pessoas, a ser implantado na Igreja Matriz da Nossa Senhora do Loreto, ficando a nave principal como zona de exposições/conferências, dois bares, quatro lojas para a divulgação do artesanato local ou gastronomia, uma piscina de pequenas dimensões para apoio à zona do hotel, um posto de turismo/recepção do empreendimento. A Ermida de S. Francisco Xavier irá ser recuperada e aberta ao culto e a cisterna existente será convertida num espaço museológico.
De acordo com o autarca, a reurbanização em questão consiste na recuperação/reabilitação da fortaleza que está num "estado de ruína clamoroso". Para isso, disse ter havido o cuidado de fazer pesquisa aturada, nos Arquivos Histórico-Militares, de Engenharia Militar e da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, para recolher a maior informação possível, para que a reconstrução "seja a mais real possível e recrie o ambiente de uma urbe fortificada, conciliando a arquitectura tradicional com a arquitectura militar da segunda metade do século XVIII".
Inverter o facto de Juromenha estar em vias de se transformar "numa aldeia-fantasma" - em 1960 tinha 1500 habitantes e actualmente tem apenas 150, 70 por cento dos quais são reformados, com a agravante de não existir emprego na terra - é o grande objectivo autárquico.
À boleia do TGV
João Nabais defende que isso só será possível se houver uma clara aposta no turismo histórico e cultural. "Não podendo deixar de lado a situação geográfica da fortificação, localizada a menos de 20 minutos da A6, saída Borba-Vila Viçosa, a futura estação do TGV, a cidade de Badajoz e o seu proposto aeroporto internacional, tal como a barragem de Alqueva, optou-se por investir num empreendimento turístico, com uma densidade de ocupação muito baixa e integrada na paisagem local, cumprindo-se apenas um programa mínimo necessário a poder ser classificado como um todo turístico", asseverou, justificando que esse pólo terá impacte na área económica e social, "contrariando a desertificação acelerada".
Poderão ser também atraídos sectores de actividades susceptíveis de ajudar o seu desenvolvimento sustentável, desde que, reitera o autarca, "seja sempre atendida e valorizada a participação das populações locais, a sua arquitectura, o artesanato, gastronomia, os seus hábitos de vida".
A edilidade está a construir um percurso pedonal desde a vila até ao rio Guadiana. "O circuito pedestre que a câmara municipal está a construir é baseado num trilho que existe há cerca de 500 anos e que aparece na cartografia militar, pelo menos, há 300 anos", explicou o autarca João Nabais. Esta via, com 500 metros, tem início a leste da vila e um dos acessos faz-se pelo recém-requalificado Largo do Posto. Desenvolve-se encosta abaixo e termina na margem do rio. "Sensivelmente a meio vai ser construído um parque de merendas, com 70 metros quadrados e com vista sobre Espanha e o Guadiana", anunciou o autarca.

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