Concelho da Sertã perdeu 37,5 por cento de população em 30 anos

Estudo aponta a falta de oportunidades de emprego e a rede de transportes deficitária como razões para o decréscimo

O concelho da Sertã, o quarto mais populoso do distrito de Castelo Branco, perdeu 37,5 por cento de população nos últimos 30 anos, tendência que deverá manter-se na próxima década, revela um estudo já apresentado pela autarquia.Segundo o diagnóstico social do concelho da Sertã, realizado no âmbito do projecto Rede Social, um Fórum de Cidadania, o município apresentava, em 1970, pouco mais de 23 mil habitantes, número que em 2001 se cifrava em 16.720, uma redução de 37,5 por cento. O concelho cresceu 30 por cento em número de habitantes na década de 60, evolução que não voltou a repetir-se, assistindo-se, desde 1970 a um decréscimo populacional.
Com 446,6 quilómetros quadrados de área e 16.720 habitantes, o concelho tem uma baixa densidade populacional (37,4 habitantes por quilómetro quadrado), "que tem vindo a diminuir ao longo dos tempos, num processo de desertificação contínuo, fenómeno comum aos concelhos vizinhos", frisa o estudo. O documento sustenta que, até 2016, a redução da população irá manter-se, apontando para a existência de 15.275 habitantes em 2011 e 14.754 daqui por dez anos.
Apesar da redução do número de habitantes no município, o quarto mais populoso dos 11 que integram o distrito de Castelo Branco, a sede de concelho é a única a registar uma variação positiva. Nos últimos 20 anos, a população da vila cresceu quase 32 por cento, situando-se, actualmente, em pouco mais de 5500 habitantes.
Segundo a Tipificação das Situações de Exclusão em Portugal Continental, a Sertã é um dos 56 concelhos do país enquadrado nos "territórios envelhecidos e desertificados", apresentando, segundo o documento, "índices de mortalidade elevados em contraponto com uma taxa de natalidade inferior à média nacional".
Em 2002 a taxa de nascimentos por mil habitantes situou-se nos 8,8 - apresentando uma subida de meio ponto desde 1996 - números inferiores à média nacional, que se situa nos 10,9 nascimentos por mil habitantes.
Nas diversas áreas analisadas pelo estudo, são apontadas falhas ao nível dos serviços de saúde, transportes, acção social, emprego, habitação e actividades económicas. Instalações do centro de saúde com "necessidade de intervenção urgente", média de dias de internamento e tempo de espera de consultas elevado e carências de pessoal são alguns aspectos destacados na área da saúde.
Na acção social, o estudo aponta a necessidade da existência de centros de noite e de acolhimento temporário, bem como o facto de os lares de idosos estarem concentrados na sede de concelho. Falta de oportunidades de emprego, ausência de iniciativa e empreendedorismo na criação de postos de trabalho, crise financeira em empresas de sectores tradicionais, rede de transportes públicos deficitária e edifícios sem condições para deficientes motores são outros problemas mencionados.
Neste último aspecto, o estudo frisa que 48 por cento dos 9135 edifícios existentes em 2001 "encontram-se completamente inacessíveis a pessoas com mobilidade condicionada". "Apenas seis por cento do total de edifícios tem rampas de acesso", sublinha.
Nos pontos fortes do concelho da Sertã destacam-se, entre outros, a qualidade dos recursos naturais, florestais, hídricos e paisagísticos, o baixo índice de criminalidade e número reduzido de casos de desordem pública, boas acessibilidades rodoviárias, parque industrial de razoável dimensão e espaços urbanos requalificados. Lusa


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