Cabo Verde investiga infiltração de traficantes

A Procuradoria-Geral da República de Cabo Verde anunciou que vai investigar a eventual infiltração de traficantes de droga e de organizações criminosas na vida política do país, tal como foi alegado pelo primeiro-ministro José Maria Neves, durante as legislativas de 22 de Fevereiro. No dia em que conseguiu para o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) 41 dos 72 deputados, Neves acusou a oposição, liderada pelo Movimento para a Democracia (MpD), com 29 lugares na Assembleia Nacional, de estar a ser financiada pelo narcotráfico e pela criminalidade organizada.
Posteriormente, o líder do MpD, Agostinho Lopes, afirmou que o partido maioritário teria desferido um "ataque moral" na democracia, ao montar uma "gigantesca fraude", mas o chefe de um terceiro grupo, a União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID), António Monteiro, demarcou-se de semelhante atitude.
O procurador-geral, Franklim Furtado, diz que vai investigar se há ou não narcotraficantes a procurarem infiltrar-se na política de Cabo Verde, um país cuja população de 420.000 habitantes é ultrapassada pelo número de emigrantes.
Esta forte emigração justifica-se pelo facto de se tratar de um arquipélago pobre em recursos naturais, sujeito à seca e com apenas 10 por cento de terra arável, o qual vive em grande parte das remessas enviadas pelos seus naturais que se radicaram nas Américas ou Europa.
O outro recurso importante da República de Cabo Verde é o turismo, mas têm surgido receios de que, em paralelo com o crescente número de visitantes, também esteja a proliferar o tráfico de droga.
As tentativas de emigração clandestina de cidadãos da África Ocidental para a Europa, via Cabo Verde, e a utilização do arquipélago para o tráfico de droga são alguns dos problemas actualmente mais debatidos durante a campanha para as eleições presidenciais do próximo dia 12.
Enquanto isto, José Maria Neves disse, esta semana, que a sua prioridade nos próximos meses vai ser desenvolver uma parceria especial com a União Europeia, pelo que deverá ter em breve uma reunião, no Luxemburgo, com representantes deste país, de Espanha e de Portugal, incluindo delegados dos governos regionais da Madeira, dos Açores e das Canárias. Jorge Heitor

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