Pena de 18 anos para homem que matou a mulher à facada

Foto
Na decisão do colectivo de juízes pesou violência envolvida no caso Daniel Rocha

Operário corticeiro esfaqueou a esposa na Feira na madrugada seguinte ao casamento do único filho do casal

O Tribunal de Santa Maria da Feira condenou ontem a 18 anos de prisão, em cúmulo jurídico, um homem de 52 anos que estava acusado de homicídio qualificado e de um crime de violência doméstica.

O operário corticeiro matou a esposa, de 46 anos, com pelo menos seis golpes desferidos com uma faca de cozinha, na madrugada do dia seguinte ao casamento do único filho. A defesa, que durante o julgamento tentou demonstrar sem sucesso a inimputabilidade do arguido, vai recorrer da sentença.

Tudo aconteceu na madrugada de 28 de Agosto do ano passado, poucas horas depois da festa de casamento do único filho do casal, junto aos ecopontos do prédio onde aquele vivia. Depois de uma discussão dentro de casa, e aproveitando a ida do marido à cozinha, a vítima fugiu para a rua. O marido perseguiu-a e desferiu-lhe pelo menos seis facadas, acabando por abandonar o local do crime com a faca para se entregar, pouco depois, às autoridades.

Foi já detido que soube que a mulher não tinha resistido aos ferimentos. A morte foi declarada dentro da ambulância às 4h30 de 28 de Agosto de 2011. O homem ficou a aguardar julgamento em prisão preventiva.

Há cerca de um mês que o casal não partilhava a mesma casa. No dia do crime, depois da festa de casamento do filho, ele seguiu a mulher até casa do irmão dela, para onde esta se tinha mudado. Obrigou-a a entrar no carro e levou-a para casa.

Os episódios de violência doméstica eram conhecidos na Rua da Cantina, em Santa Maria de Lamas, Feira, onde moravam. Durante o julgamento, o filho do casal confirmou que o pai batia na mãe. Dois meses antes do homicídio, mais uma discussão. Ela tentou fugir para a rua, mas antes de lá chegar, ele apanhou-a e agrediu-a com murros em várias partes do corpo. Ela caiu pelas escadas, precisou de tratamento médico, esteve oito dias de baixa médica, apresentou queixa na GNR. Ele seguiu-a quando ela foi bater à porta das autoridades, insultou-a dentro da esquadra. E ela acabou por sair de casa para ir morar com o irmão. Depois disso, ele mandou-lhe várias mensagens por telemóvel, pedindo-lhe que regressasse a casa. Não queria ouvir falar de divórcio.

"Quem ama tem ciúmes", disse o arguido durante o julgamento. Confessou que suspeitava que estava a ser traído num casamento de 27 anos, contou que tinha bebido vinho, uísque e champanhe na festa de casamento do filho, que estava a ser medicado para problemas do foro psiquiátrico e que não se lembrava de tudo o que se tinha passado naquela madrugada.

Estas circunstâncias não impressionaram o colectivo de juízes, que considerou o cenário de violência enquadrado nos crimes de que o homem era acusado, condenando-o a 17 anos por homicídio qualificado e mais a dois por violência doméstica, numa pena única de 18 anos de prisão.

Sugerir correcção