Cabeça nas nuvens, pés nas neves de luxo Título Médio para textos secundáriosBranco de luxo

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AGENCE NUTS-VAL D"ISÈRE TOURIST OFFICE

Com os pés em Tignes e a cabeça (e uns saltos) em Val d`Isére, Carla B. Ribeiro e Luís J. Santos partiram, tendo como porto seguro o Club Med, em fim-de-semana de descoberta das belezas dos Alpes franceses e das mais-valias do imenso domínio esquiável que une as duas estâncias, o Espace Killy, que, sem hesitações, se anuncia como "o mais belo espaço de esqui do mundo"

Ainda a montanha se adivinha longe e já o frio que fustiga o corpo, de cada vez que se sai do carro para breves paragens de descanso - entre o Aeroporto de Genebra, na Suíça, e a francesa Tignes, a cerca de 220 quilómetros -, deixa antever o que nos aguarda lá em cima, bem no alto. Pelo caminho, sempre a subir, observa-se a mudança drástica de paisagem. Os olhos passeiam pelos verdejantes campos helvéticos interrompidos por vilas e cidades, umas mais pitorescas que outras. Pelas charmosas cidadelas francesas ao longo do rio Arly. E, quilómetro a quilómetro, com a neve a ocupar cada vez mais o horizonte, chega-nos a nudez agreste das montanhas dos Alpes. Começam por avistar-se salpicadas de pinheiros pintados a branco mas depressa se transformam em escarpas geladas, e até ameaçadoras - mas com a protecção suplementar de "paravalanches" (palas que funcionam como uma espécie de túneis, garantes de segurança em pontos dados a avalanches) que pontuam a estrada, cada vez mais serpenteante, cada vez mais branquinha, cada vez mais elevada, com direito a vistas absolutamente vertiginosas das superfícies geladas.

Os carros que viajam em direcção oposta, carregados de uma camada respeitável (e pesada) de neve, servem de aviso de que o melhor está por vir: uma paisagem real e imaculadamente branca, com montanhas a perder de vista, aquecida pelos vilarejos que teimam em manter-se erguidos como refúgios, pelas gentes que neles se passeiam parecendo ignorar o vento cortante, e, finalmente, pela visão que Tignes oferece ainda ao longe. Mais em baixo, Tignes Le Lac, com o seu lago a congelar mais e mais a cada minuto que passa e prometendo um ringue de patinagem natural; no alto, Tignes Val Claret - ou apenas Tignes 2100 - a montar guarda à montanha.

Tignes Val Claret, um portal para a neve

A 2100m de altitude, em Val Claret, na Sabóia dos Alpes franceses, o Club Med surge aninhado quase nos limites da vila, a mais elevada do conjunto Tignes, oferecendo uma espécie de último refúgio antes de nos eclipsarmos no branco da montanha. Porque, com uns nove ou dez graus negativos no exterior e prestes a nevar - um verdadeiro "banho" de boas-vindas -, é essa a sensação assim que se atravessa as portas.

A recepção abre-se para um espaço desafogado que alia bar, lounge, momentos prazenteiros junto a gigantescas salamandras e que, mais tarde, se transformará ainda em sala de espectáculos e em pista de dança (mas já lá vamos...). Cá dentro, somos de imediato envolvidos por uma sensação de calor e acolhimento globais; não só por causa do aquecimento mas também pela calorosa simpatia de quem recebe cada cliente que cruza o portal: são os G.O (Gentis Organizadores), na sua maioria muito jovens, que acolhem os G.M. (Gentis Membros) e desafiam-nos a, logo ali, criar laços, a libertarem-se de formalidades e a, por alguns dias, fazerem desta a sua casa - e não se pense que as siglas referidas são apenas pró-forma; aqui, usam-se mesmo estas denominações nas conversas. Quem prefere passar despercebido, não tem com que se preocupar, já que estes profissionais percebem logo quem é que não está para grandes socializações.

O Club Med de Tignes tem um ar tão clássico quanto despretensioso - vê-se logo que foi feito para servir de portal para a neve - ao que ajuda muito ser um resort em que se dá um passo e está-se numa pista. O ambiente geral pretende mesmo criar um ar caseiro, dar a sensação de "esteja (quase) como em sua casa". Ao que ajuda muito o facto de por aqui estar tudo incluído no valor da estadia: refeições, cafés, chás ou sumos, snacks, bar, espectáculos e, claro, os forfaits e aulas de esqui para os variados níveis com monitores da École du Ski Française (já o aluguer de material é pago à parte). No hotel, inaugurado em 1975 e recentemente renovado, num processo de recuperação que demorou seis meses e custou mais de 11 milhões de euros, os 239 quartos distribuem-se por duas diferentes alas unidas por um corredor interno - Le Val Claret, considerado o hotel principal, e Le Petit Claret.

Calhou-nos um simpático apartamento duplo com vista sobre a entrada principal e sobre a vila mais em baixo. O espaço é ocupado por mobiliário escuro de traços rústicos que contrasta com cores quentinhas (como o vermelho escolhido para as macias mantinhas que cobrem os pés das camas ou com que pintaram o tecto) e é complementado com um chão coberto por uma confortável alcatifa, ideal para pés descalços cansados das botas de esqui, e que imita soalho de tábua corrida. Há duas camas de corpo e meio (cujo conforto até desafia os nefastos efeitos da altitude no sono), mesinhas de cabeceira redondas, secretária de trabalho e ainda um toucador, além do roupeiro. Entre as comodidades, TV de ecrã plano, Internet, secador de cabelo e cofre. Enfim, um conjunto de condições para criar um espaço confortável para retemperar forças. Mas o ponto alto continua a ser levar os olhos até à neve, acordar com o branco a invadir-nos a manhã, graças a uns janelões, protegidos por pesadas cortinas, que parecem oferecer-nos toda a neve deste mundo.

Pelo hotel, o dia vive-se nos espaços comuns, obviamente nas pistas ou simplesmente pelas ruas de Tignes que, não sendo exemplo de charme alpino - embora de ano para ano as autoridades locais se esforcem para minimizar os estragos feitos pela construção em altura -, não deixa de reservar surpresas em recantos nevados, onde miúdos brincam com as suas minipranchas de snowboard, junto ao calor de uma qualquer braseira debaixo de neve, ou atrás de montras iluminadas, como a vitrina de uma loja que nos atrai pelo calor que se pressente no seu interior. Lá dentro, uma panóplia de artigos à venda: peles, roupas para o frio, trabalhos em madeira esculpida, animais em pelúcia e uma escada que nos guia a um verdadeiro bar alpino: apelativamente baptizado de Grizzly"s, é um regalo, oferecendo-nos a simpatia alpina, uma muito ansiada lareira, muitas peles espalhadas pelos bancos e sofás e uma grande variedade de bebidas, entre as quais se destaca uma torre de licores caseiros, onde imperam as receitas serranas.

Esquis nos pés

De volta ao nosso portal, descobre-se uma das mais-valias de ficar neste Club Med: o facto de ser, literalmente, "esquis nos pés": saímos para as pistas quase directos da sala de esqui, um território que ocupa uma ampla área subtérrea onde também se encontram lojas de materiais e vestuário para a prática de desportos de neve ou o armazém de aluguer de material.

Pode optar-se por integrar uma das várias aulas programadas - há-as para todas as idades, perícias e modalidades, bastando marcar junto do balcão da ESF (escola francesa de esqui) no interior do Club Med - ou fazer-se directamente às pistas, dada a proximidade dos meios mecânicos. Porque não é à toa que Tignes figura entre as preferências dos amantes dos desportos de neve: a estância confere acesso a todo o Espace Killy com mais de 300 quilómetros de pistas balizadas, preparadas para todos os níveis e, graças às alturas, com qualidade de neve garantida ao longo de toda a temporada, além de um excelente off-piste para os mais afoitos (atenção: quem não conhecer a região ou não é experiente, faça o favor de contratar um guia). E nem só no Inverno se pode aproveitar o melhor da neve local: no glaciar La Grande Motte (3656m), é possível esquiar durante dez meses por ano, com os meios mecânicos a ultrapassarem os... 3450m! Razão mais que suficiente para que este seja um dos spots usados pelos atletas profissionais.

Uma coisa é certa: montanha acima, montanha abaixo, um dia na neve poderá ser o perfeito antídoto para as insónias provocadas pela altitude (e nunca se esqueça que vai estar a mais de 2000m, o que significa precauções redobradas - salte para o final da revista, secção Check out, para ter uma ideia do que pode correr mal...). A noite, porém, ainda reserva surpresas e, por isso, o ideal é guardar um pouco de energia para o animado après-ski. Nem que para isso se dê antes um salto ao spa (custo extra) ou se exercite os pulmões com umas braçadas na piscina interior.

Noites Med

Talvez seja pelo frio lá fora, ou pela sensação de isolamento proporcionada pela montanha. O que se verifica é uma aparente vontade de toda a gente contrariar ambas as sensações. Para isso, aqueles que nos recebem à chegada, que mais tarde atendem pedidos, que servem o jantar - refeições em regime bufett que oferecem uma vasta escolha: de saladas frias a grelhados acabados de fazer, a dezenas de queijos, pizzas e hambúrgueres, pastas, estufados... - ou que servem as bebidas no bar, transformam-se e desdobram-se em artistas de variedades, em dançarinos, coreógrafos, encenadores. Numa das noites, tivemos direito a um verdadeiro show com o palco a ser tomado por estes profissionais de todas estas áreas; admitindo poder ser dos efeitos da altitude ou do bar aberto, o certo é que, concluímos, não ficariam mal numa qualquer Broadway! O espectáculo caseiro acabará por conquistar os hóspedes, arrastando-os para uma pequena pista de dança onde se improvisam coreografias, salta-se, pula-se (tudo muito lentamente e com várias pausas que o cansaço redobra-se por estas alturas...) e esquece-se o frio. Até mesmo quando o tema é o gelo: pela sala foram estrategicamente espalhadas obras de arte esculpidas a motosserra por um escultor do gelo, num espectáculo em si com direito a muita assistência. A maior destas peças era mesmo um balcão de bar, totalmente feito de água em estado sólido e no qual até havia copos em gelo puro.

Enquanto o frio é celebrado cá dentro, lá fora, cortando uma imensa escuridão sublinhada a branco cinza, vêem-se ao longe as luzes das máquinas que, noite fora, ajeitam as pistas, redesenham trilhos, amansam o piso. E, bem lá em cima, os picos alpinos a imporem todo o seu porte e a lembrarem que nos esperam amanhã bem cedo, para mais subidas e descidas, montanha acima, montanha abaixo.

A Fugas viajou a convite do Club MedLonge parecem ir os tempos em que os alojamentos de neve eram pensados exclusivamente para quem esquiava de manhã à noite, preocupado apenas com o acesso às pistas e com o tamanho dos cacifos onde guardar o material (e de que é bom exemplo o mais simples Med de Val Claret). Actualmente, e cada vez mais, é sabido que há muita gente que, não pretendendo esquiar, tem muita vontade de passar umas férias na neve. E mesmo para os amantes dos desportos do frio, nada como aliar a adrenalina da montanha ao luxo dos chalés e resorts. E é exactamente isso que se descobre na estância assinada pelo Club Med em Val d"Isère, uma vila de alpino postal ilustrado na cota 1850: aqui, os esquiadores têm à mão todo o conforto de um hotel "esquis nos pés", enquanto os não esquiadores podem usufruir de uma oferta variada, nada monótona, e de momentos inesquecivelmente tranquilos: seja no bonito e calmo spa de quase 400m2, assinado pela marca Cinq Mondes, na piscina policromática, no lounge por onde se saltita entre uma mesa de jogo ou uma estante de livros, numa esplanada estrategicamente plantada à entrada do hotel e na qual se pode tirar todo o proveito em dias soalheiros, ou em passeios tranquilos pelo centro da vila que parece, mesmo nos dias mais frios, fervilhar sempre de vida - por aqui não faltam iniciativas de animação de rua, espaços onde gastar dinheiro nem figuras da alta-roda internacional (embora não chegue ao nível da badalada Courchevel).

E, desde início de Dezembro, há mais uma razão para colocar Val d"Isère no mapa de destinos de neve cinco estrelas graças exactamente ao Club Med: a estância passou a revelar-se no puro luxo de um hotel de cinco tridentes (classificação própria do grupo que se poderá equiparar ao sistema de estrelas) dentro de outro (de quatro tridentes). Nesta nova ala, designada de Luxury Space, de acesso exclusivo aos seus hóspedes, o conceito tudo incluído (como é apanágio da rede) é elevado a um novo patamar... de ultraluxo.

Cinco tridentes

Os alojamentos, compostos apenas por suites (seis comunicantes, de 63m2, com quarto de casal e outro com duas camas single, entre os quais quarto para hóspedes de mobilidade reduzida; e 19 individuais, de 42m2), são amplos e luminosos, mas acolhedores. Com áreas separadas de dormir e estar, a decoração de cores quentes é contemporânea, elegante, mas sem esquecer elementos próprios da montanha. E, além do conforto que as camas prometem, dormir nestes espaços pode valer, simplesmente, pela experiência de ter um dos cumes perfeitamente alinhado com o primeiro abrir de olhos ao acordar. Melhor: o acesso a uma varanda privativa de 7,5m2 coloca o hóspede literalmente em cima da montanha.

Nas casas de banho, os produtos são de topo (marca Keiji) e oferecem a possibilidade de se escolher entre um relaxante espaço com banheira ou um revigorante cubículo de chuveiro. E, a cereja no topo desta nova ala: a postos estará sempre um concierge para atender a todo e qualquer capricho. O serviço de quartos é à carta (e paga-se à parte, assim como o serviço de limpeza a seco ou de ama-seca), mas o pequeno-almoço na cama é garantido (basta combinar com o mordomo, que pode ainda tratar de outros mimos, como o acesso prioritário na altura de reservar uma mesa no restaurante de especialidade, um almoço em Tignes Val Claret ou uma sessão no spa). Todas as suites oferecem acesso à Internet (se o laptop ficou em casa, então no lounge há um computador de livre acesso), TV de ecrã plano, rádio e leitor de CD e de MP3, minibar, máquina de café expresso e cofre.

A estadia nos "cinco tridentes" inclui ainda champanhe e snacks, servidos diariamente a partir das 18h00 no lounge privativo, com possibilidade de os saborear num fumegante jacuzzi ao ar livre com vista para as pistas, por onde se vêem deslizar perfeitos esquiadores e snowboarders, aperaltados com fatos de cores garridas e óculos brilhantes.

Mas não é só nos espaços de alojamento que os hóspedes "cinco tridentes" usufruem de privilégios. No acesso às pistas, isso também acontece, com um elevador directo do andar dos quartos à sala de esqui. Aqui, também se verificam diferenças: a sala é maior, com saída directa para a neve, e os cacifos mais largos. Além disso, na hora de alugar o material, os Gentis Membros de luxo podem ter a certeza de uma coisa: não terão fila nenhuma para enfrentar.

Espace KillyÁrea esquiável Espace Killy (Tignes - Val d"Isère) entre 1550m e 3456m de altitude. 300km de pistas em dez mil hectares. 1930m desnível. 2 glaciares. 60 por cento das pistas ficam acima dos 2200m. 90 subidas mecânicas (teleféricos, telecadeiras, etc.). 60km de neve artificial (alimentada por mais de 800 canhões de neve). 154 pistas: 22 verdes (principiantes), 61 azuis, 46 vermelhas (intermédias), 25 pretas (avançados). 2 snowparks. A fazer: esqui (incluindo nocturno), snowboard, freestyle, freeride, snowmobile, mergulho (sob o gelo), patinagem (ringue natural = lago gelado), asa delta, trenós, etc.

www.espacekilly.com

Tignes

A 2100m de altitude. A época começou nos finais de Setembro (pelas alturas do glaciar Grande Motte, a mais de 3000m) e foi abrindo gradualmente - em finais de Novembro e Dezembro fora todo o Killy ficou à disposição dos esquiadores. A previsão de Tignes passa por prolongar as neves até 9 de Maio.

www.tignes.net

Val d" Isère

Época abriu oficialmente a 28 de Novembro e termina a 2 de Maio. A charmosa vila fica a 1850m de altitude.

www.valdisere.com

Club MedPreços - estadas de sete noites em regime tudo incluído

Val d"Isère: Quarto Club - adulto a partir de ?1130; Suite Espaço 5 Tridentes - adulto a partir de ?2373

Tignes Val Claret: Quarto Club - adulto a partir de ?1060

> crianças grátis até aos 4 anos

> o regime tudo incluído integra refeições, bebidas, bar & snacking, aulas de esqui/snowboard com monitores da Escola Francesa de Esqui (www.esf.net), forfait para os meios mecânicos,

PROMOÇÃO : Reserve entre 15 Janeiro e 26 Fevereiro e viage até 25 Abril com 15% de redução por pessoa (inclui época de Carnaval e Páscoa).

Reservas e info: www.clubmed.pt

Tel.: 213309696

Como ir

O domínio fica a cerca de 250km do Aeroporto de Lyon (França - voos pela TAP e easyJet) e a 220km do Aeroporto de Genebra (ligações pela TAP, easyJet e British Airways). Em qualquer dos dois aeroportos há autocarros com destino a Val d"Isère ou Tignes ou hipótese de optar por minivan ou táxi.

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