Padre espanhol Juan Krohn nega no seu blogue ter ferido o Papa João Paulo II na primeira visita a Fátima

O cardeal Stanislaw Dziwisz diz que João Paulo II foi ferido em Fátima em 1982. Juan Krohn nega as acusações. O santuário diz não ter conhecimento

a O padre espanhol Juan Krohn, acusado pelo antigo secretário pessoal de João Paulo II de ter atacado o Papa em Fátima em 1982, diz estar inocente. No seu blogue pessoal, Krohn desmente as afirmações do agora cardeal da Cracóvia Stanislaw Dziwisz feitas num documentário de memórias.O padre espanhol, citado quarta-feira pela agência Reuters, denuncia ainda "a escandalosa hipocrisia" das ditas declarações. "Se eu feri (levemente) - o que não é certo - João Paulo II em Fátima, uma coisa é certa: a mim, ao contrário do turco Ali Agca, nunca me perdoaria, nem antes nem depois da minha libertação da prisão portuguesa".
Krohn diz-se admirado com o facto de ser "precisamente agora" que Dziwisz decide "revelar um segredo" com "mais de 25 anos", questionando-se: "Não será que o que se pretende é desviar por todos os meios a atenção da opinião pública no seu país em estado de choque desde há um ano, aquando das revelações de que altos membros da hierarquia eclesiástica polaca tinham servido na polícia secreta do regime comunista?"
O Santuário de Fátima afirmou ontem, em comunicado, não ter conhecimento do atentado ao Papa João Paulo II, alegando que só quarta-feira teve "conhecimento dos relatos apresentados, através da comunicação social". Também os bispos eméritos de Braga, Setúbal e Aveiro se mostraram surpreendidos com a notícia. "Na altura apercebemo-nos de que tinha havido um rebuliço, mas eu não me apercebi de que o Papa tinha ficado ferido, porque muito rapidamente a segurança do Santo Padre pôs fim à situação", disse D. Manuel Martins, bispo emérito de Setúbal, em declarações à agência noticiosa Lusa, acrescentando que "só depois os bispos foram informados de que o Santo Padre tinha sido vítima de um atentado".
A revelação de que João Paulo II foi ferido pelo padre espanhol foi feita pelo antigo secretário do Papa no documentário Testemunho, um filme baseado num livro de memórias, apresentado quarta-feira no Vaticano. A estreia foi ontem à noite, com a presença do Papa Bento XVI. "Eu posso revelar agora que o Santo Padre ficou ferido. Quando voltámos para o seu quarto, havia sangue", diz Stanislaw Dziwisz no filme, que recorre a imagens do atentado colhidas pela RTP.
O atentado aconteceu a 12 de Maio de 1982, na primeira visita de João Paulo II a Portugal. O Papa tinha ido visitar o santuário para agradecer à Virgem por tê-lo salvo do atentado sofrido a 13 de Maio de 1981 em Roma, por Ali Agca. O atentado ocorreu, segundo versões da altura, às 22h50, quando o Papa se dirigia para a missa da noite. De acordo com a revista Mais, de 21 de Maio de 1982, Krohn levava consigo um "rosário e uma lâmina de uma baioneta antiga de 37 centímetros bem afiados". Também na altura se disse que Krohn não chegou perto do Papa. O padre espanhol foi preso e condenado pela tentativa de homicídio. Foi expulso do país em 1985, após cumprir pena de prisão.

Sugerir correcção