Nascido na Póvoa de Varzim a 25 de Novembro de 1845, Eça de Queiroz é autor de obras como O Primo Bazilio, O Crime do Padre Amaro, A Relíquia e Os Maias, sendo este último romance a sua obra-prima. Considerado um dos grandes romancistas da língua portuguesa, Eça de Queiroz foi “o primeiro e principal escritor realista português, renovador profundo e perspicaz da nossa prosa literária”, como se lê nas badanas das suas obras editadas na Livros do Brasil.
Eça formou-se em Direito em Coimbra, onde conheceu outros representantes da Geração de 70 como Teófilo Braga ou Antero de Quental. Em 1869 são publicados no jornal os primeiros poemas de Carlos Fradique Mendes (criação conjunta de Eça, Antero e Batalha Reis), segue-se a publicação em folhetim de O Mistério da Estrada de Sintra, em colaboração com Ramalho Ortigão e, em 1871, ano das Conferências do Casino, ambos iniciam também a publicação das crónicas satíricas de As Farpas.
Em 187, Eça de Queiroz iniciou a sua carreira diplomática, ao longo da qual ocupou o cargo de cônsul em Havana, Newcastle, Bristol e Paris. Para o professor Carlos Reis, especialista na sua obra, sendo Eça de Queiroz um escritor que passou a maior parte da sua vida fora de Portugal “viveu essa ausência como estímulo e até como condição privilegiada para lançar sobre ambas – a pátria e a língua – um olhar crítica e potencialmente regenerador, como nenhum outro houve na nossa história cultural”. Por outro lado, lembrou o académico ao PÚBLICO em 2015, “a ausência expôs Eça a diversas incompreensões e mesmo a atitudes de rejeição crítica com que foi brindado pelos compatriotas, no país fechado e mentalmente limitado que Portugal era, no século XIX.”
A forma como Eça tratou a língua – “com horror pelo purismo e pela vernaculidade conservadora” –, constituiu, muitas vezes, um motivo de crispação na época. Os seus pares, como Pinheiro Chagas, Fialho de Almeida ou Mariano Pina não aceitavam um idioma liberto daquelas imposições. Por isso a Carlos Reis apetece-lhe perguntar: “Quem hoje lê esses que tanto criticaram Eça?”
Morreu a 16 de Agosto de 1900, na sua casa de Neuilly-sur-Seine, perto de Paris, onde ocupou o seu último posto consular. Teve um funeral de Estado e foi sepultado no Cemitério do Alto de S. João, em Lisboa. Mas em 1989, os seus restos mortais foram trasladados para um jazigo de família no cemitério de Santa Cruz do Douro, em Baião, perto da Casa de Tormes, onde se situa a sua fundação.