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Magnum e Vogue unidas contra o racismo sistémico

Lee e Quintavious. Ware County, Georgia. 2014. "Conheci o Lee e o Quintavious no Campo para Cegos de Georgia Lions. 'Somos da mesma idade', disse Lee, 'e ajudamo-nos mutuamente. Eu só venho para este campo por causa dele.'" ©Alec Soth/MAGNUM PHOTOS
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Lee e Quintavious. Ware County, Georgia. 2014. "Conheci o Lee e o Quintavious no Campo para Cegos de Georgia Lions. 'Somos da mesma idade', disse Lee, 'e ajudamo-nos mutuamente. Eu só venho para este campo por causa dele.'" ©Alec Soth/MAGNUM PHOTOS

Solidariedade. Para a agência Magnum, esta é mais do que uma simples palavra; é uma ordem. "Num ano de convulsão social de escala global que levou centenas de milhões a manifestarem-se contra ao racismo através do movimento Black Lives Matter", a Magnum e a Vogue convidaram, em parceria, os seus fotógrafos a "reflectir sobre o poder da união em tempos de tumulto" e a partilhar as imagens do seu portefólio que melhor exprimem esse conceito. Cem fotógrafos escolheram cem fotografias que contêm cem histórias de solidariedade — das quais 15 são, agora, partilhadas pelo P3. Em comunicado, a agência de fotografia refere que "a selecção de imagens tem foco na necessidade humana de criar comunidades e na interdependência entre povos na luta contra a adversidade e opressão". 

As fotografias, impressas em qualidade de museu e assinadas ou carimbadas pelas organizações, estão disponíveis para venda, através do site da Magnum Square Print, "pelo valor simbólico de 100 dólares [cerca de 85 euros]". Metade do lucro resultante da venda online destas imagens  que termina a 2 de Agosto – reverte a favor da histórica organização norte-americana NAACP — National Association for the Advancement of Colored People, fundada em 1909 "em resposta à violência reiterada contra pessoas de cor nos Estados Unidos" e que tem, actualmente, mais de 2200 sucursais em todo o país, funcionando com o apoio de mais de dois milhões de activistas.  

Monumento de homenagem aos movimentos de resistência à Segunda Guerra Mundial, Durres, Albânia, 1955. “Quando visitei Durres, fiquei num quarto privado na companhia de um general reformado que não conseguia parar de falar sobre a glória do comunismo albanês e como esse resistiu à pressão vinda do exterior. Ao olhar pela minha janela, vi um monumento de homenagem aos movimentos de resistência à Segunda Guerra Mundial. Algumas crianças brincavam sobre ele. Não resisti, tive de ir lá.”
Monumento de homenagem aos movimentos de resistência à Segunda Guerra Mundial, Durres, Albânia, 1955. “Quando visitei Durres, fiquei num quarto privado na companhia de um general reformado que não conseguia parar de falar sobre a glória do comunismo albanês e como esse resistiu à pressão vinda do exterior. Ao olhar pela minha janela, vi um monumento de homenagem aos movimentos de resistência à Segunda Guerra Mundial. Algumas crianças brincavam sobre ele. Não resisti, tive de ir lá.” ©Carl de Keyzer/MAGNUM PHOTOS
“I AM ABOUT TO CALL IT A DAY” “Todos os dias tento encontrar alguém novo que esteja disposto a hospedar-me durante uma noite. Constrói-se, assim, confiança mútua para a construção dessa experiência de intimidade. Fiquei sempre surpreendida pela forma como as pessoas me receberam e por me permitirem olhar para as suas vidas com tal abertura antes de ir embora, no dia seguinte. Senti, por vezes, a sua solidão e tristeza. Outras senti que era tudo duro e cru. Mas também vi momentos de carinho, amor, dedicação.”
“I AM ABOUT TO CALL IT A DAY” “Todos os dias tento encontrar alguém novo que esteja disposto a hospedar-me durante uma noite. Constrói-se, assim, confiança mútua para a construção dessa experiência de intimidade. Fiquei sempre surpreendida pela forma como as pessoas me receberam e por me permitirem olhar para as suas vidas com tal abertura antes de ir embora, no dia seguinte. Senti, por vezes, a sua solidão e tristeza. Outras senti que era tudo duro e cru. Mas também vi momentos de carinho, amor, dedicação.” ©Bieke Depoorter/MAGNUM PHOTOS
Sem título. Coney Island Spookarama, Brooklyn. 2014. “Laços de solidaridade indestrutíveis entre beleza e decadência, sexo e morte, desejo e repressão. Muitos amigos de longa data.”
Sem título. Coney Island Spookarama, Brooklyn. 2014. “Laços de solidaridade indestrutíveis entre beleza e decadência, sexo e morte, desejo e repressão. Muitos amigos de longa data.” Daniel Arnold/VOGUE
Barricada construida a partir de posters de filmes, na rua Saint Michel/rua de Lyon, perto da Bastilha, França. 24 de Maio, 1968. “Esta fotografia foi tirada durante um protesto estudantil, em Paris, em Maio de 1968. O protesto abrangia também a guerra no Vietname. Os estudantes contruiam as barricadas com tudo o que encontrassem. O título deste filme, por coincidência, reflectia bem o que se passava em Paris.
Barricada construida a partir de posters de filmes, na rua Saint Michel/rua de Lyon, perto da Bastilha, França. 24 de Maio, 1968. “Esta fotografia foi tirada durante um protesto estudantil, em Paris, em Maio de 1968. O protesto abrangia também a guerra no Vietname. Os estudantes contruiam as barricadas com tudo o que encontrassem. O título deste filme, por coincidência, reflectia bem o que se passava em Paris. ©Bruno Barbey/MAGNUM PHOTOS
Imigrantes dormem numa escada de incêndio para evitar o calor de verão, em Nova Iorque, EUA, 1998. “Vejo [solidaridade] em pequenas coisas. Nas noites mais quentes do verão nova iorquino, estes homens encontram numa escada de incêndio um sentido de solidariedade. O objectivo não era grandioso, queriam apenas alguma brisa.”
Imigrantes dormem numa escada de incêndio para evitar o calor de verão, em Nova Iorque, EUA, 1998. “Vejo [solidaridade] em pequenas coisas. Nas noites mais quentes do verão nova iorquino, estes homens encontram numa escada de incêndio um sentido de solidariedade. O objectivo não era grandioso, queriam apenas alguma brisa.” ©Chien-Chi Chang/MAGNUM PHOTOS
Uma pequena embarcação de refugiados e migrantes chega em segurança à costa grega. Foi difícil trazê-la até terra devido à inquietude das ondas. Lesboa, Grécia, Outubro de 2015. “É sempre o momento certo para revelarmos a nossa força. Não importa o que acontece, nunca devemos esquecer a solidariedade. É essa que nos ajuda a carregar a nossa tristeza e alegria, como um salva-vidas, e que nos transporta, em segurança, até ao próximo porto.”
Uma pequena embarcação de refugiados e migrantes chega em segurança à costa grega. Foi difícil trazê-la até terra devido à inquietude das ondas. Lesboa, Grécia, Outubro de 2015. “É sempre o momento certo para revelarmos a nossa força. Não importa o que acontece, nunca devemos esquecer a solidariedade. É essa que nos ajuda a carregar a nossa tristeza e alegria, como um salva-vidas, e que nos transporta, em segurança, até ao próximo porto.” ©Enri Canaj/MAGNUM PHOTOS
Lambton County, Ontário, Canadá. 1990. “Comecei a fotografar os trabalhadores migrantes de Mennonite, assim que chegaram do México para plantar e colher fruta e vegetais, em Ontário. Era o primeiro Verão na região para Nancy Klassen, que usa um lenço tradicional na cabeça e que está, na imagem, na companhia da sua prima junto a um campo de milho. Outras mulheres, que viviam lá há anos e compreendiam aquilo por que estavam a passar, passaram o Verão a ajudar as recém-chegadas, a desenvolverem confiança num mundo novo e moderno.”
Lambton County, Ontário, Canadá. 1990. “Comecei a fotografar os trabalhadores migrantes de Mennonite, assim que chegaram do México para plantar e colher fruta e vegetais, em Ontário. Era o primeiro Verão na região para Nancy Klassen, que usa um lenço tradicional na cabeça e que está, na imagem, na companhia da sua prima junto a um campo de milho. Outras mulheres, que viviam lá há anos e compreendiam aquilo por que estavam a passar, passaram o Verão a ajudar as recém-chegadas, a desenvolverem confiança num mundo novo e moderno.” ©Larry Towell/MAGNUM PHOTOS
Los Afortunados. Melilla, Espanha, 2019. “Esta fotografia faz-me pensar em pontes e no facto de, na origem dos nossos problemas, estar a ilusão de que vivemos todos separados.”
Los Afortunados. Melilla, Espanha, 2019. “Esta fotografia faz-me pensar em pontes e no facto de, na origem dos nossos problemas, estar a ilusão de que vivemos todos separados.” ©Lua Ribeira/MAGNUM PHOTOS
Estaleiro. Gdansk, Polónia. Novembro de 2004. “Em 1980, enquanto era estudante, vendi emblemas e outros objectos efémeros nas ruas de Brighton para apoiar a organização Solidarnosc (que significa Solidariedade), um sindicato polaco com sede no Estaleiro de Gdansk, no mesmo ano. O governo polaco tentou destruir o grupo legalmente e falhou e, em meados dos anos 80, com mais de 10 milhões de membros (cerca de ? da população), foi finalmente reconhecida como organização legítima pelo Estado. Essa organização teve um papel central no combate ao comunismo na Polónia.”
Estaleiro. Gdansk, Polónia. Novembro de 2004. “Em 1980, enquanto era estudante, vendi emblemas e outros objectos efémeros nas ruas de Brighton para apoiar a organização Solidarnosc (que significa Solidariedade), um sindicato polaco com sede no Estaleiro de Gdansk, no mesmo ano. O governo polaco tentou destruir o grupo legalmente e falhou e, em meados dos anos 80, com mais de 10 milhões de membros (cerca de ? da população), foi finalmente reconhecida como organização legítima pelo Estado. Essa organização teve um papel central no combate ao comunismo na Polónia.” ©Mark Power/MAGNUM PHOTOS
Tell Your Friends to Pull Up. Nova Iorque, EUA, 2020. “O orgulho permite-nos celebrar a nossa capacidade de determinação. Este ano fomos chamados responder contra a violência e o ódio que tantos corpos negros e castanhos recebem. Estar presente na marcha Black Trans Lives Matter, em Março, em Brooklyn, foi emocionante. Foi um momento histórico.
Tell Your Friends to Pull Up. Nova Iorque, EUA, 2020. “O orgulho permite-nos celebrar a nossa capacidade de determinação. Este ano fomos chamados responder contra a violência e o ódio que tantos corpos negros e castanhos recebem. Estar presente na marcha Black Trans Lives Matter, em Março, em Brooklyn, foi emocionante. Foi um momento histórico. ©Richie Shazam/VOGUE
Sessão de treino para activistas para saberem como não reagir a provocação. O CORE (Congress of Racial Equality). Petersburg, Virginia, EUA. 1960 © Eve Arnold / Magnum Photos “In Eve Arnold’s book, Flashback! The 50’s, she recalled the following:  O CORE era um grupo de cooperação entre brancos e negros. Eles criaram um campo de treino no Sul (dos Estados Unidos) para ensinar técnicas de resistência a provocação, com o objectivo de abrir as portas que o racismo tinha fechado. O treino era duro. Na imagem, uma activista está a ser treinada para enfrentar as consequências de se sentar num restaurante para brancos. Apesar dos insultos constantes e do fumo que foi soprado em direcção à sua cara, a activista permaneceu duas horas concentrada no livro que lia. 60 anos depois desta imagem ter sido realizada, o assassinato de George Floyd, Ahmaud Arbery e tantos outros lembra-nos que existe, ainda, muito trabalho por fazer.
Sessão de treino para activistas para saberem como não reagir a provocação. O CORE (Congress of Racial Equality). Petersburg, Virginia, EUA. 1960 © Eve Arnold / Magnum Photos “In Eve Arnold’s book, Flashback! The 50’s, she recalled the following: O CORE era um grupo de cooperação entre brancos e negros. Eles criaram um campo de treino no Sul (dos Estados Unidos) para ensinar técnicas de resistência a provocação, com o objectivo de abrir as portas que o racismo tinha fechado. O treino era duro. Na imagem, uma activista está a ser treinada para enfrentar as consequências de se sentar num restaurante para brancos. Apesar dos insultos constantes e do fumo que foi soprado em direcção à sua cara, a activista permaneceu duas horas concentrada no livro que lia. 60 anos depois desta imagem ter sido realizada, o assassinato de George Floyd, Ahmaud Arbery e tantos outros lembra-nos que existe, ainda, muito trabalho por fazer. ©EVE ARNOLD/MAGNUM PHOTOS
Mulheres regressavam de um mercado, em Barau, na Indochina, em 1952. “Nesta vila não há lojas, nada para comprar, mas todos os dias as mulheres Cham – uma etnia em extinção, originária da Malaia – visitam a aldeia mais próxima. Trazem sal, peixe, lagartixas vivas, tartarugas, cebolas, coisas do mar que são difíceis de encontrar na vila. As mulheres viajam a pé com a mercadoria à cabeça em cestos de vime. Usam os carris dos comboios para trilhar o caminho e ajudam-se a equilibrar-se enquanto dançam.
Mulheres regressavam de um mercado, em Barau, na Indochina, em 1952. “Nesta vila não há lojas, nada para comprar, mas todos os dias as mulheres Cham – uma etnia em extinção, originária da Malaia – visitam a aldeia mais próxima. Trazem sal, peixe, lagartixas vivas, tartarugas, cebolas, coisas do mar que são difíceis de encontrar na vila. As mulheres viajam a pé com a mercadoria à cabeça em cestos de vime. Usam os carris dos comboios para trilhar o caminho e ajudam-se a equilibrar-se enquanto dançam. ©Werner Bischof/MAGNUM PHOTOS
Valencia, Espanha, 1952. “O trabalho que me apraz é terrivelmente simples. Eu observo, tento entreter, mas sobretudo, tento tirar fotografias que transmitam emoção. Muito pouco, além disto, me interessa na fotografia. Hoje, tanta coisa é feita por gente sem empatia – ou que, pelo menos, assim aparenta ser…”
Valencia, Espanha, 1952. “O trabalho que me apraz é terrivelmente simples. Eu observo, tento entreter, mas sobretudo, tento tirar fotografias que transmitam emoção. Muito pouco, além disto, me interessa na fotografia. Hoje, tanta coisa é feita por gente sem empatia – ou que, pelo menos, assim aparenta ser…” ©Elliott Erwitt/MAGNUM PHOTOS
Aldeia perto do Lago Victoria, no Quénia. Março de 2018. “Um ano antes de tirar esta fotografia, uma organização sem fins lucrativos começou a distribuir um rendimento mínimo aos habitantes de aldeias em redor desta região. Uma das famílias que recebeu comprou gado e grades para as janelas da sua casa em construção. Durante décadas, talvez séculos, organizações de caridade têm procurado formas de ajudar quem mais precisa.”
Aldeia perto do Lago Victoria, no Quénia. Março de 2018. “Um ano antes de tirar esta fotografia, uma organização sem fins lucrativos começou a distribuir um rendimento mínimo aos habitantes de aldeias em redor desta região. Uma das famílias que recebeu comprou gado e grades para as janelas da sua casa em construção. Durante décadas, talvez séculos, organizações de caridade têm procurado formas de ajudar quem mais precisa.” ©Thomas Dworzak/MAGNUM PHOTOS
The Space Between, da série Firegly, Guerrero, México, 2020. “Sinto interesse nas mudanças que são necessárias para viver no presente e nas ferramentas que são necessárias para que os nossos filhos possam avançar com um horizonte aberto. Interesso-me por perceber como criar uma comunidade e ligação.”
The Space Between, da série Firegly, Guerrero, México, 2020. “Sinto interesse nas mudanças que são necessárias para viver no presente e nas ferramentas que são necessárias para que os nossos filhos possam avançar com um horizonte aberto. Interesso-me por perceber como criar uma comunidade e ligação.” ©Yael Martinez/MAGNUM PHOTOS