O reggaeton aterrou no Primavera: “Y dónde está mi gente?”

Teresa Pacheco Miranda
Fotogaleria
Teresa Pacheco Miranda

É uma sensação estranha, semelhante a um arrepio repentino, assistir a uma lapdance debaixo das luzes que anunciam o palco principal do Nos Primavera Sound — ou não? A frase de alguém que dança ao nosso lado funciona como um beliscão de volta à realidade: “É abanar sem pensar muito, minha gente, vamos lá” (mesmo quando, no final, é a própria dançarina a ter de levar a cadeira embora). Afinal, J Balvin pode bem ser uma das estrelas mais globais a já ter pisado aquele palco — alguém sentiu outro arrepio? Mi gente soma umas universais duas mil milhões de visualizações apenas no canal de YouTube oficial do artista colombiano, o que mostra que a sua gente, a gente “de uma música que não discrimina”, “onde todos se movem”, que não fala em inglês, como ele diz e como ali se viu, principalmente no início do espectáculo, está presente em todo o lado. E sim, porque não, até no tantas vezes introspectivo (elitista até?), Nos Primavera Sound, no Porto. Esqueceram as flores no cabelo e usaram-no entrançado e pintado, esqueceram as flores nas calças florescentes ou nos óculos futuristas. São quase uma tribo, os brincos e as pulseiras brilhantes e os colares compridos, os chapéus e os tops com padrão tigresa, as sapatilhas de sola alta e os bomber jackets com as marcas escritas a letras garrafais e atravessados por uma fanny pack. Reggaeton in da house, ouviu-se, logo no início, para desespero de uns poucos e desenfreio eléctrico de muitos outros. Quanto tempo vai demorar a estadia? 

Vê a reportagem completa da segunda noite do NOS Primavera Sound aqui. Este sábado, 8 de Junho, a noite é das muito aguardadas Rosalía e Erykah Badhu, mas também Guided By Voices, Snail Mail ou Big Thief.

Teresa Pacheco Miranda
Teresa Pacheco Miranda
Teresa Pacheco Miranda
Teresa Pacheco Miranda
Teresa Pacheco Miranda