A viagem da raposa vermelha, que roubou a máquina fotográfica

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A história começou em 2014, quando o biólogo português Eduardo Realinho, da equipa de monitorização da Rewilding Europe, colocou uma câmara numa carcaça de uma vaca que tinha morrido naturalmente na reserva natural da Faia Brava. A ideia era perceber de que forma encaravam essa carcaça outros animais. Tudo corria bem até o material ali colocado desaparecer. O mistério instalou-se e só recentemente foi desvendado. A câmara foi encontrada intacta, ainda que com a bateria descarregada e com marcas de dentes pequenos, e as imagens guardadas no cartão de memória revelaram o enredo. As imagens mostravam javalis a alimentarem-se da carcaça e, logo depois, um retrato de uma raposa vermelha. Mais do que na carcaça, o animal focou-se na própria câmara e levou-a com ela. A partir daí, a raposa conta a viagem da raposa. Aviões, nuvens, o pôr do sol e a alvorada, o vento e até algumas selfies. Pelas fotografias, percebe-se o especial interesse do animal em pássaros, havendo no cartão de memória imagens de vários abutres. A Associação Transumância e Natureza (ATN), uma organização sem fins lucrativos criada em 2000 em Figueira de Castelo Rodrigo, Guarda, gere, entre outras, a reserva da Faia Brava, onde desenvolve vários projectos ambientais, e é parceira da iniciativa Rewilding Europe. O projecto Cameras: Eyes in the wild, fundamental para o trabalho dos biólogos, aceita donativos de quem quiser apoiar o trabalho de conservação da vida selvagem.