E, ao quinto ano, a edição mais concorrida de sempre: segundo a estimativa da organização, 80 mil pessoas estiveram no Parque da Cidade, no Porto, ao longo dos três dias de Nos Primavera Sound. A maratona terminou este sábado com a viagem cósmica dos franceses Air, que revisitaram a sua carreira de 20 anos, num vaivém morno para uns, mágico para outros, e com o poderio techno de Moderat, trio berlinense, composto Apparat e Modeselektor, que transformou o prado verdejante numa efusiva pista de dança, para gáudio dos muitos que ansiavam por um festim electrónico. E não só: houve a rendição a Battles, a comunhão com Linda Martini (que mereciam outro protagonismo, como escreve no PÚBLICO o crítico Vítor Belanciano), o delírio corrosivo de Ty Segall, a descoberta da promessa Car Seat Headrest. Para trás, ficam na memória a irrepreensível PJ Harvey, tão perturbadora quanto inspiradora ("É impossível sair incólume de um concerto assim", escreveu Mário Lopes), e o comovente Brian Wilson, entre a lágrima e o sorriso, mas também as catárticas Savages, os insaciáveis Mudhoney, os enérgicos Parquet Courts, os tropicalistas digitais Animal Collective. Entre outros: já se sabe que nisto de Primavera, festival que se faz tanto do roteiro pessoal de cada melómano, há sempre espaço para surpresas e tropeções. Já se sabe que para o ano há mais, nos dias 8, 9 e 10 de Junho, com a promessa da organização de "bater mais um recorde", como disse, em declarações à agência Lusa, o director, José Barreiro. Ainda há "margem de crescimento". Resta saber como fará esse caminho.