A escravatura infantil dá World Press Photo 2015 a português

Fotogaleria

O trabalho "Talibés, Modern-day Slaves" valeu a Mário Cruz, fotógrafo da agência Lusa, o primeiro prémio na categoria de Temas Contemporâneos do World Press Photo 2015 (WPP). Trata-se de um ensaio sobre uma forma de escravatura contemporânea. O jovem português de 28 anos fotografou os "talibés" no Senegal e na Guiné-Bissau, rapazes entre os cinco e os 15 anos que vivem em escolas islâmicas e que, a pretexto de receberem uma educação corânica, são obrigados a mendigar pelas ruas, entregando os seus ganhos diários — dinheiro, arroz, açúcar — aos professores, que muitas vezes lhes batem e os violam. Alguns são confiados a estes falsos mestres pelos pais, sem meios para lhes garantirem outro tipo de educação, muitos são raptados. Este trabalho acaba de ser publicado pela revista norte-americana "Newsweek", onde o fotógrafo português relata que, segundo dados recentes da ONG Human Rights Watch, mais de 30 mil rapazes são forçados a mendigar só na região de Dacar. Em 2014, Mário Cruz venceu o maior prémio de fotojornalismo português o Estação Imagem com a reportagem "Cegueira Recente". No mesmo ano, publicou no "New York Times" o trabalho "Roof", cujo objectivo passava por "documentar a vida de pessoas que, por falta de apoios ou por terem ficado desempregadas, não tiveram outra solução a não ser encontrar um tecto que não era o seu” em Lisboa, como contou na altura em entrevista ao P3. Foi também com esse projecto que foi premiado no concurso internacional "30 Under 30" da agência Magnum Photo. Mário Cruz junta-se assim aos outros quatro portugueses que também já foram distinguidos pelo World Press Photo: Eduardo Gageiro (retrato do general Spínola, 1974), Carlos Guarita (indústria de armamento, 1994), Miguel Barreira ("bodyborder" nas ondas da Nazaré, 2007) e Daniel Rodrigues (rapazes a jogarem à bola na Guiné-Bissau, 2013). O prémio principal do WPP foi para o fotógrafo australiano Warren Richardsoncom uma fotografia a preto e branco de dois refugiados na fronteira entre a Sérvia e a Hungria que fazem passar um bebé pelo buraco na vedação de arame farpado.

 

Lê o texto completo no PÚBLICO.